De acordo com Raoni Marqs, histórias são alguém tentando sair do ponto "A" e chegar no ponto "B". Só que esse alguém encontrará muitos desafios e obstáculos para enfrentar no caminho.
Digamos que você leia uma história sobre uma garota que quer virar uma atriz famosa. A menina faz aulas públicas gratuitas e o professor vê um "talento natural" nela. Então ele a manda para fazer uma turnê nacional. A turnê vai para o jornal e a TV logo percebe o brilho e esforço da garota. Ela vira uma estrela nacional. Enriquece e depois vira estrela nacional. Fim.
Ela não teve nenhuma dificuldade. Nenhum desafio. A menina queria chegar a algum lugar e chegou. Sem mais nem menos. Eu te pergunto: onde está a graça disso?
Agora, vamos mudar um pouco as coisas:
Digamos que você leia uma história sobre uma garota que quer virar uma atriz famosa. Porém ela é uma imigrante que mal entende a língua portuguesa. Os pais são pobres e a garota sabe que só conseguirá um futuro no ramo se pagar aulas particulares.
E aí, por algum milagre de Deus, digamos que com a ajuda de uma professora ela consegue passar por isso. Aprende português aos poucos, vende rifas pra pagar as aulas. Mas então, logo no primeiro dia, o professor a odeia e os outros alunos invejam o seu sotaque.
Entende a diferença? Essa é a importância dos conflitos na sua história. Com eles, você:
1. Gerencia o interesse do leitor na trama, fazendo-os se perguntar: Como a garota irá superar essas lutas?
2. Desenvolve a personalidade da garota. Poderíamos presumir que, por exemplo, no final do livro ela já terá confiança em falar português, isso sem contar que terá aprendido a ser uma atriz em si.
Além disso, o conflito é uma oportunidade para fazer críticas e trazer debates importantes para os seus leitores. Lembre-se: seu livro precisa ter alguma coisa que seja mais duradoura e a atemporal que a história que ele conta. Ainda nesse meu exemplo, posso trabalhar a dificuldade que imigrantes sofrem ao saírem de seus países e virem ao Brasil.
Porém, principalmente: Conflitos são o próprio show don't tell. Se você não conhece, o show don't tell é a técnica "Mostre, Não Conte". Deixe para o seu leitor interpretar o que está ali, em vez de simplesmente jogar na cara dele.
Não diga: "Maria estava triste".
Diga: "Maria sentiu o coração afundar dentro do peito. As lágrimas acumularam em seus olhos e um nó horrível se formou em sua garganta".
A ideia é a mesma, mas em momento nenhum eu joguei-a para os meus leitores. Eu deixei que chegassem à conclusão: "nossa, Maria está triste".
Com os conflitos, é exatamente isso que se pode fazer!
Não me diga que seu herói era corajoso. Coloque ele numa luta apavorante e deixe que ele prove isso. Não me diga que seu vilão é cruel. Mostre ele enfrentando um exercício, massacrando-o, e deixe que ele prove isso. Use e abuse do show don't tell.
Existem vááários tipos de conflitos. Porém, a intenção aqui é oferecer dicas rápidas e úteis, que é o que todo mundo procura hoje em dia, afinal. Por isso vamos tratá-los bem por cima.
Antes de tudo, claro, devemos falar sobre as duas categorias onde todos os tipos se encaixam. E são essas: conflitos externos e conflitos internos.
1. CONFLITOS EXTERNOS.
Os conflitos externos são os conflitos físicos que seu personagem irá enfrentar. São desafios referentes a algo que esteja no ambiente. É a categoria mais usada e os tipos de conflitos que se encaixam nela são:
VOCÊ ESTÁ LENDO
Estante Semanal
RandomA Estante Semanal é a revista do Estante do Escritor! O Estante do Escritor é um grupo que tem como objetivo a visibilidade para escritores sem alcance, que publicam suas obras em sites gratuitos. Em foco, claro, temos o Wattpad e os escritores dele...