Capítulo 6

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Depois de minha história com Heitor, eu precisava de novas experiências. Foi assim que eu conheci Alex. Nos tornamos amigos quando eu comecei a trabalhar na casa da mãe dele. Ele era muito gentil, me levava para a escola e me levava para casa quando eu ficava cuidando do Benji até tarde. Um dia ele me encontrou trabalhando até tarde na lanchonete que eu trabalho a noite nos dia de semana. Ele ficou até dar a minha hora de sair e me levou para casa. Conversamos pelo caminho inteiro. Eu me senti muito bem. Quando chegamos no portão, ele acariciou meu cabelo e ajeitou uma mecha caída. Ele se inclinou para frente e me beijou. Tudo pareceu tão certo. Eu me sentia na hora certa e no lugar certo. Mas eu não senti que era a pessoa certa.
Depois desse dia, começamos a sair e nos encontrar por "acaso" com mais frequência.
Benji ele muito pequeno e dormia a maior parte do tempo. Sol me contratou porque Alex era instável. Pena que eu não dei ouvidos.
Um dia eu fui trabalhar na casa deles e ele não estava lá.
Passei a tarde com Benji. A dona Sol me pediu para ficar com ele até mais tarde porque ela precisava sair e resolver uns problemas, ela não sabia à que horas chegaria em casa. Eu disse que não tinha problema nenhum. Benji dormiu cedo e eu fiquei assistindo tv até alguém chegar.
Alex chegou em casa fedendo a álcool, quase meia noite. Ele foi direto para o quarto e não falou comigo.
Então eu ouvi ele chamar meu nome e abrir a porta cambaleando.
"Como você está linda hoje princesa".
Ele veio até a sala e me beijou. Ele estava com gosto de álcool.
Tentei me soltar para perguntar o que aconteceu e porquê ele chegou em casa bêbado. Mas ele não parou, só me agarrou com mais força.
Ele se levantou e disse:
"Por que não continuamos no meu quarto?"
Eu sabia o que ele queria dizer com isso.
"Quem sabe um dia em que você esteja sóbrio". Respondi.
Eu não queria, não estava pronta. Não queria que fosse assim.
_Já está tarde, eu tenho que ir, seu irmão está dormindo, não faça barulho e ele vai dormir até a dona Sol chegar.
Me levantei e fui em direção a porta.
Eu tentei sair da casa dele, mas ele veio atrás de mim. É lógico que Alex era mais forte que eu. Ele me puxou pelo cabelo e me arrastou para o quarto dele.
Eu me agarrei em uma parede, e acabei machucando o dedo. A dor me distraiu então eu vacilei minha força por um segundo. Foi tempo o suficiente para ele me arrastar até seu quarto.
Alex me jogou na cama e tirou a camisa.
"Eu sei que você quer Larah, se fazer de difícil não vai te tornar mais interessante".
Ele se deitou em cima de mim e me beijou. Eu senti cada parte de seu corpo se pressionando com força sobre mim. Ele beijou minha boca, e então começou a traçar uma linha até minha clavícula. Eu senti suas mão no meu corpo, me apertando.
Eu fiz mais uma tentativa de tentar me levantar, mas ele era maior e mais pesado que eu. Quanto mais eu tentava sair disso, mais cansado meu corpo ficava e mais sem opção eu me via.
Ele abriu minhas pernas com força e se posicionou no meio delas, então voltou a beijar minha clavícula. Foi descendo lentamente até chegar perto da minha blusa.
Ele se afastou para tirá-la. Eu vi minha última tentativa de fugir de lá. Reajustei meu corpo e pressionei minha perna no meio das dele.
Ele começou a se contorcer de dor. Eu senti algo quente no quadril, seguida de uma dor muito grande. Eu me levantei rapidamente para sair de lá. Ignorando a dor e o pânico.Larguei minha mochila e a maior parte dos meus itens lá. Fui correndo para a rua o mais rápido possível.
Eu não conseguia acreditar no que tinha acabado de acontecer.
Aquilo não estava certo.
Me senti suja.
Com vergonha de mim mesma.
Caminhei até a casa de Artemis. Ela abriu a porta sem entender o que estava acontecendo.
Não consegui deixar ela me tocar. Meu corpo estava sensível. Eu não conseguia ser tocada sem lembrar das mãos dele em mim. Artemis não entendeu o que aconteceu, e eu também não contei para ela. Senti muita vergonha e nojo de mim mesma.
Eu queria ter pedido ajuda.
Eu podia ter pedido ajuda.
Não devia ter deixado Benji sozinho com Alex daquele jeito.
A culpa foi minha.
Eu podia ter evitado, Sol tinha me avisado.
Eu dormi na casa de Artemis por 4 dias. Eu não comia, não tomava banho, não me levantava da cama e não falava com ninguém.
Até que meu pai foi me buscar. Ele tentou me pegar no colo e eu tive um ataque. Naquele momento eu não via meu pai. Eu não via ninguém além de Alex.
Eu fiquei dias sem tomar banho. Não queria me ver. Eu sentia nojo de mim.
Eu sentir dor todas as vezes que imaginava o que poderia ter acontecido.
Naquele dia, Alex usava vários anéis como de costume, mas um tinha uma espécie de triângulo externo. Quando eu lhe chutei, ele apertou a ponta do anel contra o lado direito do meu quadril. Tive que tratar o ferimento em casa sozinha. Cuidei para não infeccionar, limpei e comprei pomadas.
Tenho essa cicatriz até hoje.
Aquele sentimento de fraqueza, nojo e vergonha me seguiu por dias.
Então eu soube que ele tinha se mudado para um colégio militar interno e iria se alistar assim que terminasse a escola. Eu me vi livre dele por um tempo e me senti um pouco mais segura para voltar a trabalhar.
Eu voltei a ser babá na casa da mãe dele quando ele começou no colégio.
Tudo estava indo bem. Eu estava me recuperando.
Então em um fim de semana, eu fui trabalhar e ele estava lá. Todos os sentimentos vieram a tona de uma vez só. Ele não se aproximou, apenas pediu para que eu o escutasse.
"Eu sei que um pedido de desculpas não é nem de longe o que você merece, mas é o que eu posso fazer agora. Eu juro que nada assim vai acontecer de novo e eu não quero me aproveitar da sua bondade. Eu estou fazendo terapia e tomando remédios. Também parei de beber e vou focar na minha carreira militar. Eu tenho pouco tempo aqui na casa minha mãe e eu sei que estou sendo egoísta mas, gostaria que você pudesse me perdoar".
Eu não paro para pensar.
"Você não tem ideia do que me causou né? De como eu estou me sentindo. De ter medo de sair de casa. De não conseguir me olhar no espelho. Eu vou te dar o meu perdão. Mas eu quero que você o mereça".
"Você sempre foi boa de mais para mim. Eu tenho medo disso, de nunca ser capaz de merecer seu perdão".
Ele se vira e sai de casa.
Passamos a nos ver poucas vezes ao longo dos anos. Então a mãe dele ficou doente e ele teve que voltar para a escola da cidade para cuidar dela. Eu também ajudei. Mantínhamos distância um do outro. Revezamos quem ia cuidar da mãe dele e quem iria cuidar do Benji para ficar mais fácil para os dois.
As coisas permaneceram assim. Até a Sol ficar internada. Ela quase morreu.
Ele entrou em desespero. Todos estavam quebrados naquela casa. Decidimos que a dona Sol e o Benji viriam em 1° lugar.
Colamos a taça de vinho com fita para tornarmos as coisas mais fáceis para todos.
E tudo corre bem.
Contanto que não ponhamos vinho nessa taça.

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⏰ Última atualização: Dec 21, 2023 ⏰

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