Vivo

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Irene havia se mudado para a casa de Graça, que agora era sua, assinado o divórcio e agora estava vivendo como se tudo estivesse ótimo em sua vida, mas na verdade, seus dias eram conturbados, não era fácil estar lidando com aquela separação repentina, foram 30 anos de casamento. 30 anos de sua vida jogados fora, o que mais a assombrava era o ódio que sentia por Agatha, perder Antônio para ela

Ninguém gosta do sentimento de perder, não é mesmo?

Irene tinha 20 anos quando casou com Antônio, ele já 20 anos mais velho do que ela, a traiu em praticamente todos os anos que estiveram casados e na única vez em que ela deu o troco, foi apedrejada

Além de tudo, ela não conseguia deixar de pensar em Vinícius, em tudo o que os dois não viveram e podiam estar vivendo naquele exato momento, ouvia a voz dele em pensamentos e sonhava com aquele homem, mesmo tentando lutar contra isso

A única parte boa do seu dia era ficar perto de Danielzinho, ou quando Petra e Luigi iam visita-lá. Nesses momentos Irene conseguia se distrair e dar sorrisos sinceros, mas em seguida, quando estava sozinha, voltava a ser refém de sua própria mente.

Pensando no ódio por Agatha
por Antônio
o desejo de vingança
sentimento de derrota
na culpa pela morte de Vinícius
na falta que ele lhe vazia
o arrependimento
culpa pela morte de seu filho

Irene On

Vinícius

O que teria acontecido se eu tivesse me separado do Antônio assim como você me sugeriu? me separado desse homem que já estava tentando se livrar de mim, que me desgastou durante todos esses anos, sempre jogou na minha cara que amava outra.

Se eu tivesse deixado ele pra ficar com você?

Tudo podia ser tão diferente, com nós dois, longe dessa bagunça toda

Sei que é estranho, mas sinto saudade de tudo que não vivi com você. Ultimamente ando meio assim, deve ser coisas da idade ou a solidão batendo na porta. Sinto falta do seu abraço e do seu olhar que dizia tudo sem pronunciar uma palavra sequer e hoje me vejo aqui lembrando sozinha trancada no mundo. Você nunca soube, mas eu te amei. Sempre fui assim, as pessoas que realmente mereciam nunca ouviram isso de mim, agora não tenho nem como me arrepender, porque nunca terei oportunidade de te dizer porque você partiu e partiu muito cedo, cedo demais, meu bem. Eu não sei quando e nem como vou conseguir superar a sua ausência e a culpa do que aconteceu.

...

Me despertei de meus devaneios, assim que Petra entrou pela porta do quarto e foi direto abrindo as cortinas, levei um susto e comecei a limpar rapidamente as lágrimas que escorriam por meus olhos, não era certo procurar ela com meus problemas.

Petra - Mas que escuridão, mãe, você... ~ Ela parou de falar, assim que se virou para mim - Você estava chorando mãe?

Irene - Não meu amor, é que você chegou derrepente foi abrindo as cortinas, e a luz deu um certo incômodo! ~ Menti, me levantando rapidamente.

Petra - Tem certeza? ~ Perguntou se aproximando e me abraçando

Irene - Claro que sim, que bom que veio me ver! ~ Sorri, acariciando seus cabelos

Petra - É, pensei em darmos um passeio juntas, só nós duas!

Irene - Hmm, só as meninas então! ~ Dei risada enquanto nos afastavamos - Estou morrendo de vontade de sair da dieta, comer um churros! O que acha?

Petra - Amo, lembra quando eu era pequena e todo domingo te fazia me levar pra comer churros? ~ Perguntou mechendo em uma mecha do meu cabelo

Irene - Claro que lembro! E sempre ficava toda suja de docê de leite... ~ Falei, me recordando com carinho daqueles momentos de vinte e poucos anos atrás. - Vou me arrumar bem rápido, depois também podemos dar uma volta no centro da cidade!

Remember me - Virene Onde histórias criam vida. Descubra agora