04 | ao badalar dos sinos

211 14 4
                                    

ROSALIE ROUGE

Zurique, Suíça.

23 de dezembro de 2024.

Natal.

Geralmente eu passo o feriado mais esperado do ano com minha família e a do meu namorado, mas esse ano vai ser diferente. A ideia inicial era passar o Natal com Lizzie e Arthur aqui na Suíça, porém tivemos um convite inesperado para comemorar a data na casa da Florencia em Milão.

Eu e Théo tínhamos duas opções: passar o Natal na França ou na Itália. Sozinhos não era uma escolha para os nossos pais. Eu sei o que vão dizer, eu sei. "Rosalie, vocês dois tem 21 anos, já são grandinhos demais para tomar as próprias decisões.", eu sei, mas quando se trata de tradição familiar, a idade não importa.

Só importa se for a Lizzie porque ela é teimosa. Eu não diria que ela é a irmã rebelde, mas é o que está parecendo.

Então, nós decidimos ir à festa da Florencia. Só não pense que foi fácil nos convencer disso, principalmente eu. Ainda sinto que estou atrapalhando o Natal da Lizzie com seus amigos, eu e Théo parecemos dois desconhecidos no meio deles.

Isso porque eu tenho contato com Oliver e sua namorada, e Théo têm com Robert.

Conexões familiares não importa. É um pouco difícil ser cunhada do Arthur e ter que aguentar as bobeiras que ele fala, mas acho que ele se sente nervoso ao lado da Lizzie mesmo estando há 3 anos juntos.

— Ainda bem que conseguimos uma diária aqui, o flat é meio longe do aeroporto — Théo comentou, saindo do banheiro apenas com uma toalha enrolada na cintura.

Os cabelos loiros pingavam ainda, a visão era interessante para mim. Minhas sobrancelhas se movem de leve, me distraindo da leitura do meu Kindle.

Nos hospedamos em um hotelzinho próximo ao aeroporto para não poupar de um possível atraso. A diária de uma noite estava em conta, então o plano estava indo perfeitamente bem.

— Sim — Dou uma resposta curta.

Meu olhar desce e sobe lentamente sobre o corpo de Théo e um sorrisinho de canto se forma na minha boca.

— Está me olhando como se eu fosse a sua presa — Pourchaire cruza os braços à frente do peito, ressaltando os bíceps. — Rose?

— Desculpe, estava distraída. Você desse jeito me deixa distraída — pisquei algumas vezes e olhei em seu rosto. — Anda malhando?

— Rosalie! — Ele gargalha caminhando até a cama em que eu estava sentada. — Eu tive uma ideia.

Théo segurou meu rosto com uma mão e deslizou suavemente o polegar no meu lábio inferior

— Qual?

— Meia hora de nós, antes de ir para o aeroporto, o que acha? — sugeriu, sorrindo animado.

Minha cara fecha na hora. Meu humor muda drasticamente e acho que Théo já sabe o que vai acontecer nos próximos 10 minutos. O meu maior problema nesse planejamento todo era me atrasar e perder o voo, e Théo não parecia ligar muito para isso.

— Não sei, Théo, não quero me atrasar porque estava transando. E se perdermos o voo por causa disso? — perguntei, preocupada. — E se não houver voos de Zurique para Milão amanhã?

Pourchaire bufou.

— Te conheço desde que eu nasci e você não mudou nadinha, Rosalie. Só cresceu, virou minha namorada e — Suas sobrancelhas se levantaram e os lábios se curvaram em um sorriso malicioso —, bem, o resto você sabe. Relaxa, mon ange, não vamos perder o voo. São 30 minutos!

A NONSENSE CHRISTMAS | ContosOnde histórias criam vida. Descubra agora