02 | anjo na neve

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LIZZIE ROUGE

Maranello, Itália.

14 de dezembro de 2024.

Quebrar uma tradição de família não é fácil, eu te garanto.

Convencer os meus pais e os Pourchaire a abandonarem a tradição nesse ano foi dureza, nenhum deles parecia estar de acordo em eu, Arthur, Théo e Rosalie passarmos o Natal na Suíça, onde Théo morava atualmente. Ele ainda estava vinculado à Alfa Romeo e no momento está correndo na WEC pela Porsche, Arthur estava fazendo seu segundo ano na F2, mas dessa vez estava na ART, enquanto Ollie se manteve na PREMA.

E o Oliver ganhou a Fórmula 2, o que é incrível.

Rosalie continuava em Cambridge e aos poucos eu me tornava PR do Oliver por tanto tempo que eu passo com ele. A tarefa de ser fotógrafa da FDA e dividir meu tempo entre ART e PREMA era cansativo, mas eu precisava cumprir meu papel. Tudo era tão mais fácil quando todos os pilotos da FDA eram da PREMA.

Arthur entrou no lugar de Théo e agora é companheiro de equipe de Victor, que não ironicamente foi seu maior adversário na F3 em 2022.

— Liz, você viu minha calça branca por aí? — perguntou Arthur, entrando no meu quarto.

— Já olhou no cesto de roupa suja? — rebato com outra pergunta enquanto dobro um moletom e guardo dentro da minha mala. — Ou debaixo da cama? Ou, quem sabe, na sua mala?

— Acho que devo ter guardado na mala outro dia — ponderou, caminhando até sua mala — Vamos ficar quantos dias mesmo?

— Vamos embora no dia 26, não precisa se desesperar por ficar mais de duas semanas com a Florencia — respondo de forma irônica e olho para o meu namorado, que ergue as sobrancelhas rapidamente. — Arthur, não me diga que está indo só para me agradar, por favor. Eu sei que você e a Florencia não se dão bem, mas ela foi legal em te chamar.

— Me chamou porque sou o seu namorado — O loiro diz, secamente. — Não vou dizer que eu e Florencia não nos damos 100% bem como se fossemos cão e gato, inimigos mortais, de vez em quando sabemos conversar. Só implicamos muito com o outro e chega a ser inconveniente, não quero que isso estrague o Natal a ponto da Florencia fazer algum tipo de escândalo.

— Você fala como se ela fosse uma pirada e sem noção.

— Não é essa a intenção, você sabe muito bem do que eu estou falando — ele deu uma piscadinha. — E acho que você também concorda que não deveríamos discutir neste Natal, mon ange.

Arthur deixou a mala de lado e veio até mim, me envolveu em seus braços com um abraço carinhoso e nos balançou pelo quarto.

— Sem brigas nesses dias com a Florencia, tá? E sem esquentar a cabeça, gatinha — Ele me encarou com seus olhos verdes brilhantes. — Eu te amo e não quero te ver irritada com coisas bobas.

— Geralmente essas "coisas bobas" saem da sua boca — Solto um riso fraco — Mas acho que você pode maneirar nas bobeiras que fala, pelo menos para não perturbar a Florencia.

— Relaxa, quando ela estiver para lá de bêbada no Natal, eu vou falar qualquer asneira com meu queridíssimo amigo Robert e ela nem vai perceber — Meu namorado brincou. — Você sabe quando Ollie chega em Milão?

— Achei que fossem melhores amigos agora — Me desfaço do abraço e volto a arrumar minha mala — Você vive levando-o para outros lugares. Ano passado o levou para almoçar em um restaurante de Mônaco no meio da pausa entre Monza e Abu Dhabi.

— Nós estamos nos acertando aos poucos, acho que nos desentendemos muito em 2022 porque ele era novo demais com seus 16 anos.

— Me sinto tão velha, ele está chegando aos 20, Arthur — Um leve desespero bate quando percebo como o tempo passou rápido nos últimos 3 anos — Ano que vem ele fará 20! Tem noção disso? A Terri que me perdoe, mas me sinto como a mãe do Oliver.

A NONSENSE CHRISTMAS | ContosOnde histórias criam vida. Descubra agora