05 | um milagre de natal

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GIULIANNA MARTINELLI

Milão, Itália.

24 de dezembro de 2024.

Véspera de Natal.

Para a maioria das pessoas, a véspera de Natal é um dos dias mais esperados de dezembro, por justamente ficarmos acordados para a virada do feriado principal. Eu normalmente passaria o Natal com meus pais e minha nonna em Veneza, mas esse ano decidi dar uma chance para a festa da Florencia.

Eu gosto da ideia de uma festa entre amigos, só não estava gostando tanto pelo fato de só ter casais no seu apartamento. É um saco ser a única solteira nessa festa e ter que presenciar as pessoas trocarem carinhos na minha frente.

Tudo me lembrava dele.

Mick Schumacher é, digamos, a pedra no meu sapato há alguns meses.

Uma pedra no sapato, sim.

O que deveria ser legal e divertido terminou em mentiras e descasos. Se relacionar com Mick Schumacher não era para ser tão conturbado, não deveria ser complicado, mas foi e os dois são culpados pelo fim disso.

Tudo começou quando o conheci em uma das suas visitas a Florencia. Mick Schumacher é tudo o que uma garota quer, ele é tudo o que uma garota deseja ter da cabeça aos pés, do corpo a alma. Ele era perfeito em tudo. Um verdadeiro príncipe encantado dos livros, tanto de aparência quanto de personalidade.

Mick Schumacher era para ser o príncipe encantado que me resgataria no quarto mais alto da torre mais alta de um castelo protegido por um dragão que cospe fogo. Isso aconteceu nos primeiros meses em que estive com ele e tudo começou a desandar esse ano, quando passei a ver comentários sobre meu relacionamento com ele na internet, especialmente seguidores de sites de fofoca.

Que a internet é um lugar tóxico, todo mundo já está cansado de saber disso, mas eu jamais imaginei que o meu nome chegaria na boca dessas pessoas. Que os meus atos passariam a ser criticados por desconhecidos. Desde quando estudar arquitetura deveria ser motivo de hate?

Pois é, tudo o que eu fazia, até mesmo o modo de respirar, alguém apontava o dedo dizendo que estava errado e que eu não deveria estar com o Mick.

Mick Schumacher era areia demais para mim.

Mick Schumacher era perfeito demais para Giulianna Martinelli, uma estudante de arquitetura que só queria ter sua vida normal de volta.

Como eu desejo voltar naquele dia em que conheci Mick e nunca ter trocado nem sequer um olhar com ele. Jamais queria ter conhecido Mick Schumacher.

— Tá caladona de novo, Giu — Robert cutucou o meu braço. Minha atenção é totalmente dele, analiso o loiro ligeiramente e está tão arrumado que parece que está indo a um evento de gala. — Quer algo pra beber? Lizzie está se acabando no uísque, deve ser o segundo copo dela.

— Quem foi que te arrumou? Sua avó? — pergunto, observando os pequenos detalhes que me escaparam segundos antes.

— Florencia. Ela insistiu que eu ficasse arrumadinho o bastante para a festa, o resultado — Ele abriu os braços e deu um sorriso fino. — Parece que foi minha mãe que me arrumou.

Rob vestia um terno inteiramente preto, desde a camisa social até o paletó, acho que até suas meias deveriam ser pretas. Diferente de Florencia, que usava um vestido vermelho com um enorme e exagerado laço nas costas, não existe nada mais a cara dela do que um look chamativo.

Optei por algo mais simples, porém elegante: um vestido com camadas acetinadas da cor verde esmeralda, mangas longas bufantes e um decote coração, de comprimento curto, mas nem tanto. Uma coisa que todas as garotas usavam na festa era um laço no cabelo, foi uma sugestão da Florencia. Cada uma tinha uma cor, ela não queria que todas fossem iguais.

A NONSENSE CHRISTMAS | ContosOnde histórias criam vida. Descubra agora