Capítulo 7 - Pesadelos

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O senhor M precisava acordar cedo no outro dia, pois viajaria. Suas malas estavam prontas e antes de acordarmos tive um pesadelo absurdamente terrível. Por isso se designa pesadelo. Lembrei parte de minha vida na qual eu não só gostava, como não queria relembrar. Acordei aos gritos, assustando quem estava ao meu lado. Não abri os olhos logo de cara, eu encontrava-se com cefaleia, vertigem e a minha visão estava turva.

Que droga é essa — Pensei.

Estava sem condições de se levantar, naquele estado. Não consigo identificar onde eu estava, com quem estava e se aquilo era o meu passado ou o meu presente e/ou futuro. Parecia precisar de socorro, ou pelo menos era o que eu deduzia. Exatamente às 05:00h da manhã acordei dessa forma e aos prantos. Deparei-me assustada quando o seu despertador tocou. Na verdade, eu não recordava, mas eu tinha dormido com o senhor M na noite anterior. A noite em si foi tranquila, mas porque ter esses pensamentos logo após a noite passada? Gritei ainda mais ao ver uma sombra aproximando-se de mim, chorei, xinguei-o e pensei em agredi-lo. Disse:

— Não ouse encostar um dedo sequer em mim, seu monstro.

Eu encontrava-se transtornada. Quebrei algumas coisas em seu quarto, depois de 30 minutos, fiquei sem voz, a minha garganta estava seca e logo ele me trouxe água. Me recusei a aceitar qualquer coisa, deduzindo ser algo envenenado. Ele tentou encontrar uma maneira de se aproximar, mas eu não deixei. Peguei algo pontiagudo em seu quarto e tentei machucá-lo de alguma forma. Ele era ágil e eu naõ estava raciocinando que ele era o senhor M. Mas eu queria machucar a sombra na minha frente. Como não consegui, apontei em direção a minha traqueia me sentindo encurralada e frustrada.

Ele disse:

— Amor, não faça isso, por favor.

Não escuto e digo:

— Não encosta em mim, sua desgraçada. Ou eu lhe mato e em seguida me mato. Ou eu só me suicido. Você nunca mais conseguirá chegar perto de mim, compreendeu? Se eu não puder escapar dessa vida incrédula e miserável, você sofrerá as mesmas consequências que me fez passar. Sua cretina de merda. Não consigo viver feliz e tranquila sabendo que você ainda está viva e pode está fazendo as mesmas sacanagens com as crianças e adolescentes. Você é um monstro. Eu te odeio, com todas as minhas forças. Vou destruir você, antes que faça isso comigo.

Me olhei no espelho, vi o meu corpo e vi a imagem horrenda em minha mente. Estava completamente machucada. Sangue, arranhões, queimaduras, cortes por toda parte. Gritei e joguei o objeto no espelho quebrando-o no canto inferior. Pensava que sofrer da forma que sofri era o preço de se pagar por ser prodígio. Mas eu era tola e me enganei com isso. Desde pequena era comum sentir dores, já que não merecia ser amada, minha mãe e empregada me agrediram como se eu fosse um monstro que precisava ser machuado. Sempre me senti apenas um objeto, em ser usado, para aquela sequestradora. Ela era ninguém mais do que uma amiga do meu pai. Na verdade era uma colega da faculdade de medicina do meu pai. Uma amiga não faria isso com alguém próximo de seu amigo. Ela era uma mulher elegante, obstinada, inteligente e maléfica. Certeza que fez algum pacto, porque ela parecia demômica.

— Eu odeio-me. Odeio-me. Esse corpo está completamente sujo e estragado. Eu sou um lixo igual a você. O meu corpo foi destruído.

Bati em mim mesma, arranhei-me, puxei os meus cabelos curtos apesar de tudo, para tentar ou mesmo arrancar alguns fios. Tentei me machucar de todos os jeitos, porém ele não deixou. Abraçou-me e ao escutar os seus batimentos cardíacos, me senti melhor, mas calma. Senti o seu cheiro, acalmava-me. Ele me fez carícias na minha cabeça, não disse nada e ali ficamos por um tempo. Me deixou na cama, sentada, me deu medicamentos, me fez chá e me fez mais carinhos até eu conseguir adormecer nos seus braços. Já era rotineiro. Eu me sentia em casa estando com ele, ficando ao seu lado e em seus braços então, que aconchegante. Era tudo o que eu precisava naquele momento ou para o meu futuro. Depois de algumas horas, quando melhorei percebi estar deitada na cama com ele ao meu lado, com o rosto molhado, provavelmente havia chorado, devo ter feito chorar. Cansado por parecer que estava cuidando de um animal a solta. No caso era um bem destruidor. Observei-o dormir por alguns minutos, sorri de felicidade por estar ao seu lado, não pude deixar de ficar presa com aquela beleza de pele da cor da neve na minha frente. Ele era literalmente a minha branca de neve dos contos de fadas e eu o seu cavaleiro de armadura. Brincadeira, ele é o meu príncipe encantado de todas as histórias. Me salvando e querendome deixar mais apaixonada do que estou.

IDOLWhere stories live. Discover now