— Minha asa. — Ouço a voz levemente grossa, porém baixa dizer.
E ele cai de joelhos no chão e um bico adorável toma conta de seus lábios finos. Ele é todo adorável, sendo honesto. Há algo mágico em sua aparência e nem digo isso por ele ser uma criatura mesmo mágica, mas sim porque o que está diante de mim é incomparável.
Colocando meu arco de volta em minhas costas, eu corro em sua direção e me aproximo assim que possível. Tento averiguar suas grandes asas e encontro o machucado em uma delas.
— A flecha passou de raspão. — Eu o aviso, um sussurro quase imperceptível me escapa. — Me perdoe por isso.
Ele aceita minhas mãos sobre as suas para se levantar do chão. Uma lágrima ainda escapa de seus olhos e escorre por sua bochecha, mas eu sou rápido em capturá-la. Sua pele, tanto nas mãos quanto no rosto, é quente e repleta de brilho. Eu nunca vi algo tão belo, é estonteante. E é impossível não o encarar diante tudo isso.
— Você é a fada rosa? — Pergunto, visto que só ouvi sua voz ao que ele sussurrou sobre sua asa.
Ele balança as duas como se quisesse garantir que está tudo bem, mas sua feição dolorosa me mostra que não, não está. Mesmo que tenha sido de raspão, ainda o machucou. Minhas flechas possuem pontas afiadas, é uma benção que tenha atravessado por uma de suas extremidades, mas elas fazem parte dele e devem possuir alguma terminação nervosa que o causa dor agora.
No entanto, apesar de que eu o feri, ele se vira para mim e me dá um largo sorriso, mesmo sendo nítido que ele está sofrendo nesse momento.
— Sou, sim, mas você pode me chamar de Jungkookie, é como o Yoonnie e o TeTe me chamam.
Ele é absurdamente fofo e essa certeza eu tive desde que o vi em um primeiro instante, mas seu sorriso e o tom faceiro me deixam em êxtase.
— Eu o machuquei, por que está sendo bondoso comigo?
— Porque você é gentil e não queria me machucar. Eu gosto de pessoas gentis.
É verdade, eu não queria o ferir, eu queria capturar um veado e levar de alimento ao reino. Agora que sei que ele é a tal fada rosa que o rei tanto deseja, sei que precisarei repensar sobre isso para descobrir se quero o levar para o castelo ou não. Se o que o rei precisa é cruel, o que ainda não sei, não consigo me imaginar permitindo.
— E como você se chama? É um cavaleiro do rei? — Ele é quem indaga agora, se sentando em um tronco antigo de uma árvore após pedir licença.
Sim, ele pediu licença a uma árvore centenária para se sentar nela. Eu acho isso adorável ou uma grande loucura? Não sei dizer, mas foi fofo.
— Park Jimin. — Declaro, fazendo uma reverência a ele. — Sou arqueiro, e estava em busca de alimento para o castelo quando acertei você.
— Oh, entendi. — Ele sorri para mim, de novo e de novo. — O Yoonnie consegue ajudar você de um jeito que os bichinhos não sintam dor. Ele é conhecido como Fada Branca, é o nosso líder. Nós, habitantes desse lado da floresta, somos contra qualquer dano aos animais e as plantas, mas entendemos que humanos ainda precisam de carne para sobreviver, ao menos em sua maioria, então ele encontrou uma maneira de não permitir que eles sofram.
Cada palavra nova que ele me diz, mais encantado em fico com a sua figura.
— Pode me levar até ele? — É o que peço, vendo seu sorriso faceiro outra vez.
Ele me lembra as crianças do reino, exceto que é uma versão maior e mais adulta. Ao contrário do que eu imaginava como uma fada, Jungkookie é pouco mais alto que eu, e mesmo tendo aparência predominantemente humana, ele tem detalhes que o diferem de todos os outros: brilhos na pele, coloração translúcida em determinados pontos, asas coloridas e brilhantes, orelhas pontudas repletas de acessórios dourados, olhos rosados e cabelos de mesma cor incrivelmente longos.
Meus cabelos também são longos e chamam atenção, mesmo que tenham coloração preta. Mas os dele... são diferentes, para dizer o mínimo.
Conforme andamos pela floresta, sou guiado para pontos que até então não conhecia. O verde é mais vivo, as flores mais coloridas. Tudo exala vida, tudo exala energia. E como vejo Jungkook cumprimentar as plantinhas, me obrigo a questionar:
— Por que você fala com as flores?
Ele não para de andar, mas caminha lentamente e sussurra pedidos de licença, cumprimentos baixinhos e palavras bonitas, elogios soltos ao vento como se ele quisesse motivar todos os seres vivos a prosperarem ainda mais.
— Porque tudo que tem vida precisa de respeito e cuidado. — Me explica. Ele até mesmo acaricia pétalas de flores e troncos de árvores. — Cada fada possui seus próprios poderes. Eu tenho o poder da cura, o que significa que tudo em que eu toco, se renova e fortalece, exceto se o ferido sou eu mesmo. Para humanos ou ferimentos maiores, preciso de lágrimas para curar. Mas as plantas só precisam do meu toque e elas se recuperam das secas, dos ventos fortes, do que insetos ou maiores animais causam, tudo isso.
— Você dá vida a elas?
— Na verdade, eu renovo a vida delas. — Ele sorri para mim, me encarando de lado. — Faço o mesmo com os bichinhos. Ontem mesmo, uma criança acertou a asa de um passarinho. Eu precisei o carregar nos braços o dia inteiro, mas em algum ponto do dia ele conseguiu voar de novo. Ele cantou para mim e eu entendi isso como um agradecimento.
— Você canta para eles, também? — Insisto em fazer perguntas, porque estou encantado com os detalhes deste lugar e das criaturas que o compõe.
— Algumas vezes, mas meu canto não é tão bonito. — Ele ri baixinho. — TeTe gosta de ouvir minha voz, especialmente em suas crises alérgicas ao pólen nas manhãs de primavera. Talvez minha voz não seja pior que espirrar mais de vinte vezes porque o vento trouxe o cheiro das flores até ele.
— Ou sua voz é tão boa que o faz esquecer. — Dou de ombros.
E quando ele para no caminho e me encara, não entendo a magnitude de tudo isso. Mas me sinto nervoso de um modo inexplicável e confuso com sua feição encantada. Eu não disse nada demais, afinal. Eu sequer sei se minhas palavras fizeram algum sentido. Eu nunca o ouvi cantar, então como saberia?
— Acho que você voltará mais vezes à floresta para poder ouvir. — Ele murmura, e finaliza sua frase com as bochechas completamente coradas: — E para me ver.
Quando penso em dizer qualquer coisa que seja, ele dá dois toques em um largo e comprido tronco de árvore e diz palavras em uma língua que não conheço. Duas criaturas saem de dentro dela, uma com asas azuis – assim como os olhos e cabelos; a outra não possui asas, mas também carrega olhos muito azuis e cabelos brancos como a neve.
E é assim que eu percebo que são encantadores, também, são sim, mas em nada se comparam a beleza de Jungkookie, a fada rosa.
E a voz do rei ecoa repetidas vezes em minha mente, mas ver o sorriso faceiro dele me faz esquecer de minhas obrigações.
Acho que tenho um novo propósito, e proteger essa floresta talvez seja uma pequena parte dele.
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Bom, essa short-fic também será capítulos pequenos, hihi.
Espero que tenham gostado. Até o próximo ♥
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Fairy | jjk + pjm
أدب الهواةPark Jimin não tinha reclamações quanto ao seu cargo de arqueiro do reino. Ele gostava de caçar, gostava de andar pela floresta, gostava de proteger o trono com as próprias mãos - e flechas. Durante uma de suas caçadas, em busca de um ser dito com...