Capitulo 5

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- Olha só quem resolveu aparecer! Pelo jeito a noite foi boa. - Depois dos gritos de Ramiro Kelvin não conseguiu ter uma noite tão boa como ele queria. Ele nem ao menos conseguir se despedir dele, simplesmente acordou cedo, pegou suas coisas e saiu de fininho.
- Pode não gritar fazendo um favor? - Ele coloca as duas mãos na cabeça. Estava latejando.
- Onde você estava?
- Eu passei mal ontem a noite, não tive condições de voltar para a boate. Eu só preciso deitar mais um pouco, tô morrendo de dor de cabeça.
- Nossa Luana, as coisas aqui estão muito fáceis mesmo. Cada um faz o que quer. - Kelvin queria fazê-la engolir a xícara junto com o café, mas sua cabeça estava doendo demais.
- Deita um pouco. - Luana cochicha. Apesar de todas as brigas eles se gostavam e tinham muito respeito um pelo outro.

Kelvin dormiu por horas. Apesar de estar perto do Ramiro, nada era tão reconfortante como sua cama e seus lençóis de cetim depois de uma bebedeira.
- Entra.
- Sou eu, vim trazer um chá.
- O Luana, nem precisava, tava levantando já. - Ela senta na beirada da cama e o encara com um olhar desconfiado.
- O que?
- Com quem você estava?
- Ramiro. - Ela revira os olhos.
- Eu já te falei para ter cuidado não falei?
- Eu sei lidar com o Ramiro, Luana.
- Não é esse o ponto. O ponto é você estar se interessando demais por ele.
- Pode ficar tranquila quanto a isso.
- Eu tenho medo de você se machucar de novo, Kelvin. O Ramiro é perigoso e você já teve experiências demais com o perigo. - Ele se lembra.
- Eu sei, mas ele jamais me machucaria.
- Não estou só pensando no físico. Não quero que você crie ilusões.
- Eu sei minha amiga, mas eu sei lidar com o Ramiro eu vou ficar bem. E não aconteceu nada ele só me ajudou e como estava tarde eu acabei dormindo lá e ele até dormiu no chão.
- Sei.
- Agora eu preciso levantar e preparar o show de hoje.
- Estou vendo que o sono foi bom mesmo.
- É foi sim. - Ele sonhou com o Ramiro, mas era melhor não falar naquele momento.

Ao chegar no centro da boate todas as meninas estavam eufóricas, se abraçando e dançando. A gritaria era tanta que Kelvin não conseguia entender.
- Ei, ei, ei! O que aconteceu?
- Você nao vai imaginar o que aconteceu!
- Deve ser muito bom pra você estar assim.
- O Ramiro chamou a Graci para sair hoje. - Kelvin não pode acreditar no que acabou de ouvir. É como se toda a sua alegria tivesse implodido naquele mesmo instante.
- O Ramiro? - Sua voz quase não sai.
- Sim! Ele me chamou para sair hoje a noite. Eu nem estou acreditando nisso. - Kelvin sai de cena sem deixar que as meninas percebam. Ele está confuso e muito enjoado.
- Ei, o que foi? Saiu animado e agora está assim parecendo que viu um fantasma.
- Eu... Eu...
- Diga pelo amor de Deus!
- O Ramiro, ele... Ele chamou a Graci para sair hoje! Aquele grosso! Aquele bruto! - Kelvin pega os travesseiros da cama e começa uma cena de massacre.
- O Ramiro? Mais ele nunca se interessou pelas meninas daqui. Você entendeu certo?
- Aquele cretino vai ver só, ele vai ver! Se ele pensa que vai me provocar fazendo isso ele está muito enganado! Muito! - Ele grita.
- Eu vou te deixar sozinho para você se acalmar.
Kelvin não conseguia entender. A noite passada apesar de não ter acontecido nada foi muito esclarecedora, afinal ele finalmente sentiu que Ramiro sente alguma coisa por ele. Agora o que ele de fato não conseguia entender é porque ele convidaria uma das meninas para sair? Isso nao tem nenhum sentido. Apesar de ser muito bonzinho Kelvin sabia muito bem responder a uma provocação dessas e na hora certa teria o troco merecido. O que ele precisava agora era se concentrar e não deixar nenhum sentimento a mostra.

O movimento da boate estava fraco o que fazia a ansiedade de Kelvin ressaltar ainda mais. Ele estava em um movimento frenético de balançar as pernas, todos os olhos e atenções estavam na Graci. O que ele viu nela? Porque ela? Ele procurava não pensar tanto dessa forma, não queria parecer imbecil em desprezar outra mulher. Só achava muito imbecil o fato de Ramiro tentar fazer isso para provoca-lo.
- Opa, boa noite Naitandei. - Kelvin o fuzila com o olhar enquanto ainda pode, mas sem que Ramiro perceba.
- Nossa Ramiro, por essa eu não esperava viu.
- Mai não esperava o que Luana?
- Você nunca demonstrou interesse por nenhuma das meninas...
- A única coisa que eu quero é conhece mió essa gatinha aqui...
- Filho da puta! - Todos os olhares se voltam para ele automaticamente. - Desculpem, é que essas facas não estão tão afiadas como deveriam. - Ele diz rangendo os dentes enquanto verifica o corte da faca com a ponta do dedo. Pronto para espetar os olhos dos dois.
- Vamos indo Ramirinho?
- Eu preciso de alguém pra ficar no lugar da Graci e do Kelvin hein...
- Kelvin? -
- Sim querida, porque eu também tenho um encontro pra hoje. - A cartada final. Ramiro fica visivelmente encomodado.
- Ual! Posso saber com quem?
- Claro que pode. Eu vou sair com o Cacá.
- Oce vai sair com aquele caberereiro dos inferno? - Era possível sentir todo o encomodo em sua voz.
- É sim, Ramirinho. - Ele diz em tom de deboche. - Obrigada viu Luana, amanhã eu faço expediente dobrado. Agora eu preciso ir porque eu tenho que me arrumar. Com licença. Plano perfeito executado com sucesso.

Como escolha do local do encontro Kelvin opta por um restaurante fora da cidade. Apesar de estar ali com o Caca que alguém que ele ama muito, seu coração está partido e ele não pode negar isso, para os outros talvez, mas para ele mesmo não.
- Já vi que está preocupado né. - Ele diz enquanto saboreia o vinho.
- Da pra perceber né? Eu estou sendo uma péssima companhia.
- De forma nenhum, eu gosto muito de ficar assim com você. Quero dizer, de sairmos juntos para jogar conversa fora.
- Mais esta errado, Cacá. Eu não deveria estar fazendo isso com você.
- Ei, eu sei muito bem onde me meti e sei bem que o nosso encontro foi exclusivamente para fazer ciúmes para o Ramiro. Sabe Kelvin, eu realmente não entendo, você acha que o Ramiro... é gay?
- O Ramiro ele está muito confuso sabe, ele passou por muita coisa, colocaram muita coisa na cabeça dele e ainda para ajudar ele trabalha para os La Selva.
- Você esta realmente apaixonado né?
- É tão visível assim?
- Pior que é. - Ele sorri. - Bom já que estamos aqui eu só queria dizer que eu gosto muito de você, Kelvin. - Aquilo o deixa um pouco surpreso.
- Cacá, eu...
- Não precisa falar nada, eu só quero que você saiba o que eu sinto e que nada mudou na nossa amizade. Sempre vou estar aqui para o que você precisar até até para fazer ciúmes para o Ramiro. - Eles riem.
- Eu realmente estou explodindo por dentro parece sabe...
- Você esta pensando no que o Ramiro e a Graci estão fazendo né? - Ele respira fundo.
- É. Eu tento esquecer, mas não consigo.
- Bom então escuta essa, talvez te distraia um pouco. Eu fuquei sabendo por bocas que está para chegar na cidade um sobrinho do doutor Antônio.
- Sobrinho?
- Parece que sim, nao sei mais informações, mas parece que é um sobrinho que estudou agronomia, ele é de São Paulo. - Por um momento algo ruim passa pela cabeça de Kelvin.
- Que estranho, eu nao ouvi falar nada ainda lá na boate.
- Parece que chega nos próximos dias. Eu fiquei pensando será que é algum filho perdido?
- Do jeito que esse homem é cheio de mistérios vai saber, mas eu vou descobrir. - Talvez tenha relação com a conversa que o Ramiro teve com a Luana naquele dia. Kelvin ainda não tinha engolido a história.

O jantar com o Cacá foi maravilhoso. Eles se divertiram, falaram dos sonhos, de planos futuros, de coisas sem sentido. Isso era o que Kelvin estava precisando para se distrair e voltar a se divertir como antes. O que pesava na balança é que ao mesmo tempo que Ramiro o conseguia fazer se sentir bem também conseguia fazer se sentir mal. Era um sentimento estranho, uma paixão misturada com raiva, com desejo e algo que ele nao sabia explicar. Mais nunca nada na vida alguem tinha o feito despertar tantas sensações ao mesmo tempo.
- Dia. - Hoje ele estava especialmente com um ar mais bruto e sexy, mas Kelvin ainda estava dentro dos seus planos, tentando não demonstrar o que estava sentindo.
- O Senhor deseja algo? - Ele se mantem limpando o balcão do bar.
- O que que é isso?
- Deseja algo? - Kelvin o encara de forma fria.
- Tá doente é?
- Se o senhor não deseja nada, com licença, mas eu preciso trabalhar.
- Ei, ei, ei Kevin. O que tá tá acontecendo?
- Parece que aconteceu alguma coisa?
- Oce tá estranho.
- Eu? - Ele ri. - Eu estou ótimo, mas me conta como foi o encontro de ontem.
- Oce sabe que foi até bao demais?
- Ah é? - Kelvin fecha os punhos com toda a força que consegue atrás do balcão, onde ele não pode ver.
- Eu levei ela pra conhece o meu cafofo sabe? - Ele diz de forma provocativa.
- Ah eu sei bem, eu conheço bem o seu cafofo. - Ele dá ênfase na palavra.
- Um bom dia para vocês. - Ele diz em alto e bom tom enquanto se espreguiça de uma forma deliciosa.
- Bom dia, Cacá.
- Mato Grosso do céu, o que que esse caberereiro dos inferno tá fazendo aqui Kevin? - Ele apoia o braço no balcão e se aproxima. Kelvin faz o mesmo movimento enquanto estampa um sorrisinho bem sarcástico no rosto.
- Ramiro, Ramiro... - Ele diz baixinho. - Você se acha muito esperto não é mesmo? Adivinha? Você não é o único que apresentou o cafofo para alguém essa noite. - Touché! Os olhos de Ramiro ficam vermelhos e sua respiração claramente fica mais pesada. É visível. Kelvin apesar de assustado não saiu do seu personagem naquele instante em nenhum momento. Se ele queria guerra, com certeza teria.

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