Capítulo 3

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Alguns dias se passaram e Kelvin continuava vendo Ramiro com frequência. Apesar de não ficar por muito tempo cada vez que vinha, Kelvin percebeu que cada vez mais conseguia conquistar sua confiança. Aquilo não era mais só um plano de conquista qualquer, ele não apenas queria conquistar aquele homem, mas queria ficar com ele. É como se o seu coração fosse sair pela boca, ele não tinha medo, ele não tinha nenhuma dúvida. Sim, Kelvin estava completamente apaixonado por Ramiro. Talvez até mais do que realmente devesse, ele sabia que não seria uma tarefa fácil e que Ramiro era um homem com muitos preconceitos e com uma visão de amor muito distorcida, mas ele correria o risco.

O dia começa como muitos outros na Naitandei, todos em volta da mesa tomando café. Algumas meninas já seguem ensaiando no palco e Zezinho segue bancando o chefe na cozinha, ele pensa que realmente está arrasando.
- Bom dia!
- Ramiro. - Kelvin se levanta imediatamente e vai na sua direção em êxtase.
- Eu não vim te ver não, eu quero levar um papo com a Luana.
- Luana? - Todos se viram na direção dela.
- Claro, o doutor Antônio me falou que você vinha. Vamos lá para dentro.
Ramiro conversando com a Luana a mando do doutor Antônio? Ali tinha alguma coisa. Kelvin não iria conseguir ficar tranquilo enquanto não soubesse o que estava acontecendo.
- As vezes o doutor Antônio quer apagar alguém daqui.
- Cruzes menina! Não fala uma besteira dessa.
- Ou ele quer alguma coisa a mais com alguem daqui.
- Que seja comigo. - Diz Berenice eufórica. Todos riem diante de tantas besteiras ditas.
- Doutor Antônio! - Todos se levantam. O dia até que estava ficando interessante.
- O Ramiro, onde ele tá?
- Ele veio falar com a Luana...
- Patrão, eu já terminei a conversa aqui com a Luana...
- Você é um asno ou o que? - Ele grita. Kelvin fica perplexo. - Quando eu te mando fazer uma coisa eu quero que essa coisa seja feita. Você nao serve para nada!
- Ei! Ei! Desculpa mais o senhor não pode falar assim com o Ramiro não.
- Kelvin... - Luana o puxa pela blusa.
- Nao Luana, me solta!
- Mais quem essa criatura pensa que é?
- Meu nome é Kelvin, não é criatura não. O Ramiro é gente, ele nao merece ser tratado desse jeito não.
- Ô Ramiro, não sabia que esse aí era seu defensor.
- Eeeee, ele não é meu defensor coisa nenhuma patrão. É melhor oce calar a boca. - Kelvin não entende o motivo da rispidez.
- Desculpe doutor Antônio, o Ramiro já conversou comigo e está tudo certo.
- Eu tenho umas coisas para acertar com você. Vamos.
- Eles saem do local rapidamente.
- Kelvin você ficou louco ou o que? Falar com o homem desse jeito!
- Eu não podia deixar ele falar com o Ramiro assim não.
- E desde quando você e o Ramiro são tão próximos?
- Eu só não gosto de ver uma pessoa fazendo a outra de capacho assim.
- Se o Ramiro permite isso você não tem que se meter - O que na verdade Kelvin queria saber é o que tanto Antônio La Selva podia querer com a Luana. Ele não frequentava a boate, apesar de ter a fama que tem era o único fazendeiro da região que não tinha esse hábito.
- Eu queria mesmo era saber o que Dona Irene ia pensar em ver o marido dela frequentando aqui.
- Olha aqui Kelvin, se você por um acaso abrir essa boca...
- Eu não vou falar nada não Luana, mas que eu vou descobrir o que tanto você conversou com o Ramiro isso eu vou.
As meninas até que podiam ter razão, por ser tão conhecido talvez ele só quisesse se manter no anonimato para conseguir sair com alguma das meninas. Mas porque isso nunca aconteceu antes? Em todo esse tempo em que Kelvin estava na boate ele sabia passo a passo de cada uma das meninas, se uma delas estivesse se quer se envolvendo com algum fazendeiro ele com toda a certeza ele sabia, principalmente com Antônio La Selva.

Hoje o movimento está fraco, apenas os mesmos frequentadores de sempre. Kelvin se mantem atento a fim de perceber qualquer movimento suspeito.
- Você não acha que já bebeu demais?
- Quando eu fico nervoso eu bebo.
- Parece até que vai sair fumaça da cabeça.
- Zezinho, você não tem curiosidade de saber o que o Antônio La Selva quer com a Luana?
- Para falar a verdade sim, mas eu prefiro não me meter na conversa dos outros. Aliás, você já sabe quem tá lá fora e pediu pra te chamar.
- Ah é? - Kelvin vira o último gole e sai. Ele está com sangue nos olhos.

- Ora, ora, ora! Olha só quem resolveu aparecer por aqui. - Ele bate palma.
- Parece até que tá bravo.
- Porque eu Ramiro sou muito burro! Muito burro! - Ele grita quase arrancando os cabelos.
- Eu hein Kevin. Eu não tô entendendo nada do que oce tá falando não.
- Sabe porque eu sou burro? Por querer te defender.
- Mai eu só vim aqui memo porque eu... - Ele tenta procurar as palavras. - Porque eu queria agradece oce por ter falado aquelas coisas lá na frente do patrão. Nunca ninguém tinha me defendido desse jeito não. - Kelvin fica desconcertado. Ele não esperava esse tipo de reação a essa altura.
- Jura? Jura que você ficou assim... agradecido? - Ele chega mais perto a ponto de sentir a respiração de Ramiro ficar mais ofegante. Ah ele sabia, sabia que talvez se insistisse um pouco mais... - Ele pigarreia.
- Sim, eu... Eu fiquei agradecido memo. Eu queria te pedir só pra não ficar fazendo isso perto do patrão não. Ele não sabe que nois, que nois... - Ele faz um gesto com as mãos. - Kelvin abre um sorriso de orelha a orelha.
- Que nois? - Esperando a melhor resposta.
- Que nois somo amigo. É isso. O patrão não sabe.
- Ahh!!! - Ele bufa tentando expressar toda a sua raiva com a situação. - Você não tem jeito não, Ramiro! Quer saber? Fica aí dentro do seu armário!
- Armário? Que armário Kevin? Eu não tô entendo nada do que oce tá falando!
- Ramiro me deixa! Me deixa!
- Opa, opa. - Ramiro o segura.- O que oce tem?
- Nada, não é nada.
- Eu tô é sentindo esse cheiro de bebida. Ce andou enchendo a cara?
- Eu só bebi um pouco, só isso. Bem pouquinho... O meu telefone, é o meu tá tocando... - Ele ri. Ramiro vê o número desconhecido e percebe que Kelvin não tem condições de atender.
- Alô.
- Princesa? - É uma voz rouca. - Estou quase te alcançando.
- Alô? Quem é que tá falando? - Desliga. Ramiro sabia que tinha algo errado. Principalmente pelo que aconteceu algum tempo atrás, onde o telefone tocou, Kelvin atendeu e ficou daquela forma muito assustado.
- Quem é esse fulano que te chama de princesa? - Kelvin olha para ele confuso e demaia.

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