Tudo mudou. (piloto)

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Depois daquele dia, daquela luta, tudo mudou. Quando digo que foi tudo, quero dizer literalmente tudo! nós lutamos para eu não te machucar, para você não me ver naquela situação e surtar, Tommy... Me desculpe por ter feito você ver aquilo, por me ver enfiando a faca em mim mesmo... Me desculpe Tommy.

Você me abraçou, olhou no fundo dos meus olhos e eu olhei no fundo dos seus, eles não mostravam raiva e nem ódio, apenas medo, medo e tristeza, e eu entendia o porquê. Você me deitou no chão e arrancou uma parte do tecido da sua camisa pra poder colocar na onde a facada estava e começou a estancar o sangue, você fez isso olhando em choque pra mim enquanto pedia desculpas inúmeras vezes, mas a única coisa que eu sabia fazer naquele momento era levar minha mão até o seu rosto e tocar sua boca com o polegar, eu falei "Eu te amo. Eu te amei mais que qualquer coisa, mas você percebeu tarde demais Tommy..." eu fechei os olhos e decidi que ia parar por ali, decidi que aquele era meu fim. Escutar você chorando desesperado pedindo pra que eu acordasse fez com que eu chorasse, mesmo com os olhos fechados, eu sentia o seu rosto perto do meu, seu nariz encostado no meu e suas lágrimas caindo nas minhas bochechas e correndo até os meus lábios, eu podia sentir o gosto ácido da lágrima se misturando com meu sangue, você me beijou em silêncio, pedindo desculpas, você me beijou de forma delicada enquanto seu corpo tremia. Sua boca estava seca. Eu queria poder ter retribuído, mas eu não sentia meu corpo, minhas mãos e muito menos força. Mas acredite, eu sempre desejei poder encostar meus lábios nos seus, poder sentir sua boca seca e te beijar de uma forma calma, mas intensa... Agora eu vou querer isso mais do que nunca Tommy.

Podia estar acontecendo bilhões de coisas ao mesmo tempo, mas estar lá com você me acalmava, de alguma forma. Eu escutava a Teresa falar, eu escutava o Minho, o Caçarola e a Brenda chorando, mas também te via partir e sair correndo, ver aquilo fez com que eu sentisse sua falta. O Minho e o Caçarola pegaram uma blusa e rasgaram uma parte do tecido dela para poderem colocar na minha boca, me seguraram e me colocaram em um dos bancos do avião com o cinto bem apertado, para que eu não fugisse na hora da transformação, eu agradeci ao universo por isso. Eu agradeci ao Minho e ao Caçarola também.

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