Domando o destino - Simone e Soraya.

Capítulo 01: Em transe.

"Perdida...

Hoje estou tão distante...

Clicando nas poesias, sem as ler.

Vagando, vendo sem ver..."

Hoje me sinto fora de órbita, sabe quando estão falando com você, e tudo o que você consegue fazer é fixar seu olhar em um ponto qualquer e divagar por horas ? Estou assim nesse momento, Otávio fala comigo mas eu não consigo absorver nenhuma de suas palavras. Já fazia um tempo que eu não me sentia desse jeito. Por que estou assim ? O que há de errado comigo ?

— Simone, você está ai ? — Otávio diz balançando uma das mãos na frente do meu rosto.

Pisco algumas vezes em busca de afastar esses pensamento e respondo:

— Desculpe, o que você estava falando mesmo ?

— Você tá mais estranha hoje do que o normal, enfim. Como eu estava dizendo, quero que conheça a minha filha.

— O que ? Sua filha ? Não acha que isso é cedo demais, Otávio ? —digo passando as mãos em meus cabelos.

— Como você pode dizer que é cedo demais ? Estamos juntos a cinco meses, Simone.

— Cinco meses ? Nossa... — digo mais pra mim do que pra Otávio.

De fato, aquela relação já havia durado mais do que o esperado. Otávio é uma boa pessoa, é gentil e honesto, consegue me arrancar boas risadas. Mas nada disso me fez desenvolver por ele algo além de um carinho, um gostar. As vezes penso que sou egoísta por não dá um fim de vez nessa relação, sinto que estou o usando, mas não consigo o deixar. O que me faz ficar com alguém que não amo? Em que estou ajudando Otávio e a mim com isso?

O que eu realmente quero dizer é que não consigo mais ficar sozinha, por mais que eu tente esconder, a solidão me assusta, a solidão me trás memórias do passado, memórias que me machucam a alma, memórias que eu jamais irei conseguir esquecer.

— Então, posso marcar um jantar para hoje ?

— Jantar ?

— Que droga Simone, o que você tem nessa cabeça ?— ele diz franzindo as sobrancelhas. — Sim, um jantar, pra hoje, pra te apresentar a minha filha. Está decidido, não aceito um não.

— Ainda acho uma péssima ideia, Otávio... E se a sua filha não gostar de mim ? — digo esfregando as mãos uma na outra.

— Tá brincando ? É capaz da garota cair aos seus pés, ela com certeza vai te adorar.

Fecho os olhos e suspiro.

— Tudo bem...

— Ótimo querida. — ele diz me dando um leve beijo nos lábios.— Te pego ás 20 h, esteja linda como sempre, eu amo você. — dito isso, ele sai do meu apartamento.

" Eu amo você"

Essa pequena frase cheia de sentimentos sempre me pegou de surpresa, não porque eu duvidava do que Otávio sentia por mim, mas sim porque eu nunca o poderia retribuir do mesmo jeito.

°°°

As 20h em ponto Otávio me mandava uma mensagem me pedindo para descer. Me sentia mais nervosa do que o normal, nunca gostei de conhecer pessoas novas, sempre acho que elas estão me julgando em pensamento.