Domando o destino - Simone e Soraya.

Capítulo 05: Desejo reprimido.

"Quero teu toque a desnudar-me.

Quero em teus olhos a chama ardente do desejo enlouquecedor."

A volta para o apartamento foi de um silêncio incômodo, as duas não conseguiam se olhar ou muito menos trocar alguma palavra. O constrangimento era notável no rosto de Simone, tudo o que ela queria era que esse fatídico encontro nunca tivesse acontecido. Já Soraya tentava processar a enxurrada de informações que recebeu em tão pouco tempo e de uma maneira um tanto peculiar. Pensava muitas coisas a respeito disso, um de seus pensamentos era se Simone realmente estivesse traindo seu pai, isso ela jamais permitiria. Queria tirar essa história a limpo, mas havia outra coisa que também vagava em sua mente, o fato de Simone gostar de mulher, isso a deixou... surpresa ?... esperançosa ?...

Tratou de expulsar qualquer pensamento em que demonstrasse que se sentiu bem com essa informação, adentrou o apartamento e buscou seu antigo quarto com passos largos e acelerados, ela só queria fugir da possível conversa constrangedora que estava por vim. Quase chegando ao corredor que dava aos quartos, sentiu uma mão segurar em seu braço, se virou e deu de cara com os olhos escuros da morena. Ela tinha uma expressão indecifrável, parecia buscar as palavras corretas para serem usadas naquele momento, mas tudo o que saiu de seus lábios foi o nome de sua enteada, em um tom rouco e arrastado.

— Soraya...

Soraya se sentiu afetada pela maneira que seu nome foi proferido por ela, abaixou os olhos e deu um longo suspiro

— Simone, você não precisa.— buscou os olhos da morena novamente.— Sério mesmo, ta tudo bem.

— Mas eu quero, por favor... sente-se —Simone largou o braço dela e se encaminhou para o sofá. Soraya permaneceu no mesmo lugar, ainda de costas. — Vamos lá Soraya, venha...

Novamente respirou fundo e se virou. Ela realmente não queria ter aquela conversa, achava que não tinha necessidade alguma de Simone lhe dá alguma explicação, ela era a namorada de seu pai, então ela concluiu que era para ele que ela devia alguma coisa, e não para ela. Não sabia o porque de está nervosa, suas mãos suavam, seu coração batia descompassado em seu peito, mas mesmo assim, sentou-se no sofá contra sua vontade, mantendo uma distância em que ela achou "segura" para aquele momento. Ela estava confusa, e não queria que seus pensamentos interferissem em seu julgamento.

— Vou ser clara e objetiva. —a morena iniciou em um tom calmo e seguro. — Não estou traindo seu pai, Marisa foi um caso antigo. Rompemos a alguns anos atrás, mas ela não aceitou muito bem a maneira de como tudo aconteceu, você deve ter percebido. —Simone suspirou e olhou para Soraya, que concordou com um gesto de cabeça. — Acredito que isso seja tudo, e mais uma vez te peço desculpas pelo ocorrido.

— Simone, o que ela quis dizer com " você não perde seus velhos costumes " — Soraya fez aspas com os dedos e buscou o olhar da outra, que já lhe olhava um tanto surpresa. Ela achava que Soraya estivesse incomodada com toda essa situação, achou que a garota ia lhe escutar e sair o mais rápido possível para o seu quarto.

— Bom... —novamente ela se viu buscando as palavras certas, o que diria era algo pessoal, algo que tornaria tudo aquilo mais constrangedor. — Marisa foi minha aluna de equitação e como você pode ver, eu já não sou uma menina, eu já sou uma jovem senhora...

— Para Simone, você ainda é muito jovem.

Simone não conseguiu esconder o sorriso diante do que a mais nova tinha falado, a cada nova conversa a garota lhe intrigava ainda mais.

— Nem todo mundo pensa como você. Enfim, Marisa é bem mais jovem do que eu, e isso causou uma denegação nos meus amigos de trabalho, e pra piorar mais um pouco, os pais dela descobriram que a gente tinha uma relação. Eles fizeram da minha vida um inferno, dizia que eu havia a induzido a se deitar comigo, que eu tinha a desvirtuado, mas eu juro pra você Soraya, tudo o que eu fiz foi com o consentimento dela. Quase perdi meu emprego e a chance de competir, foi um completo caos, nem queira imaginar. Obviamente tive que dá um fim nisso tudo, ela foi relutante, disse que me amava e que íamos superar, mas você já sabe o fim disso...