Capítulo 04: Ameaça.

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"No fim tu hás de ver que as coisas mais leves são as únicas

que o vento não conseguiu levar:um estribilho antigoum carinho no momento precisoo folhear de um livro de poemaso cheiro que tinha um dia o próprio vento..."

- Mario Quintana.

Já tinham se passado duas horas desde que Soraya tinha saído para buscar suas coisas. Simone já se encontrava um tanto preocupada, andava de um lado para o outro com seu celular em mãos. Ela batalhava internamente com a vontade de ligar para Otávio pra contar que a garota talvez tivesse fugido dela, mas não queria preocupa-lo ou fazer com que ele ficasse irritado com ela. Então decidiu preparar seu chá e aguardar por mais alguns minutos, a preocupação anormal estava fazendo seus cabelos ficarem brancos.

Sentada no pequeno sofá que se encontrava ali na varanda, bebericava o chá fumegante de camomila, perdida em seus pensamentos, nem se deu conta de que alguém havia se aproximado. Mas com toda certeza sabia de quem pertencia aquele cheiro, seu olfato jamais a enganaria, aquele cheiro havia sido impregnado no íntimo da sua alma. Não se deu nem o trabalho de virar para saber que se tratava dela. Fechou os olhos e respirou fundo para dissipara sensação de que aquele cheiro combinava tanto com si própria.

— Oi... —Soraya quebrou o silêncio ao entrar na varanda. Simone abriu os olhos e a encarou. —Tive alguns imprevistos, uma amiga acabou aparecendo e eu perdi a noção do tempo e...

Simone sorriu de lado por ver a garota tão empenhada em se explicar, quebrou o contato visual e deu duas batidinhas com a mão no sofá. Soraya prontamente se sentou ao lado dela e ficaram em silêncio. Soraya estava tão inquieta que não parava nem por um minuto, ora cruzava as pernas, ora passava as mãos no cabelo, seguidas de algumas lufadas de ar. Simone a observava de soslaio, vendo que algo atormentava a garota, ela resolveu quebrar aquele silêncio.

— Você está bem ? — disse ao depositar a xícara na mesinha que ficava ali perto do sofá.

Soraya deu um longo suspiro

— Sim, eu estou bem... É só que... Você não ligou pro meu pai né ?

— E por que eu ligaria ? — Simone se ajeitou de lado para visualizar melhor o rosto dela.

— Não sei, talvez você tivesse levado a sério o que ele disse sobre cuidar de mim, e eu sumi por algumas horas... Achei que você tivesse ligado pra ele e dito o quanto eu sou irresponsável por ter sumido. Mas não precisa disso Simone, eu sei me cuidar sozinha, você pode até ir para o seu apartamento, não precisa dá uma de babá, eu não quero fazer você perder o seu tempo ou te incomodar, você deve ser uma mulher bastante ocupada, era pra eu ter dito pra ele q... —ela dizia gesticulando e em um só fôlego, quando Simone segurou uma das mãos dela, sentiu um choque instantaneamente percorrer o seu copo e a interrompeu.

— Ei, tenha calma querida. Assim você vai acabar tropeçando nas palavras... — ela deu um sorriso a garota, enquanto fazia um singelo carinho em sua mão. — Você não está fazendo eu perder o meu tempo, muito menos está me incomodando. De fato eu sou uma mulher ocupada. — ela dá um pequeno suspiro ao lembrar do estresse que estava tendo no trabalho.

— Tá vendo ? Eu com certeza estou te atrapalhando, mas você é educada demais pra dizer isso. — Soraya dizia enquanto buscava qualquer coisa para olhar que não fosse aqueles olhos que pareciam lhe despir.

Simone soltou uma risada nasal e balançou a cabeça negativamente.

— Você e as sua conclusões. Mas como eu estava dizendo, sou um tanto ocupada... mas estou com alguns dias de folga, então não se preocupe com isso garota.

Domando o destino - Simone e Soraya.Onde histórias criam vida. Descubra agora