2: desenterrando.

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Kelvin sentiu um incômodo ao despertar, abrindo os olhos e logo em seguida espirrando, uma, duas, três vezes, tudo de uma vez só.

Olhou pra mesa ao lado da cama, e o relógio marcava nove e trinta e sete, bufou, pensando que era cedo demais pra ele. espirrou mais um vez e sentiu uma brisa em seu ombro, olhou pra trás e viu a bendita janela aberta. aquilo era coisa do Ramiro.

Ramiro em algum momento pegou uma pasta com milhares de informações sobre ele, não era possível que ele tivesse deixado passar a informação "tem rinite"

Kelvin não odiava Ramiro. Essa era uma palavra um tanto forte. Mas ele com toda a certeza existente no mundo, não gostava dele, nenhum pouco. Em primeiro lugar porque todo santo dia ele tentava competir com Kelvin de alguma forma na qual ele não via necessidade, Ramiro tinha essa ideia - essa que Kelvin não sabia da onde ele tirou - que ele queria roubar seu posto de melhor entre os "recrutados" do La Selva e até mesmo da região, mas Kelvin nem se importava. Ramiro e Kelvin se conhecem há anos, Ramiro e Kelvin já tinham história juntos há anos, se ele realmente quisesse seu posto, já teria tomado. E o segundo motivo, é assunto pra depois.

Kelvin levantou, indo em direção a janela e a fechando com certa força, com tempo suficiente pra ver o Volvo xc60 estacionando no campo de vaga no gramado, em frente a casa.

Ele tinha que ser rápido, pulou na cama passando pro outro lado abrindo o armário e pegando a primeira bermuda que viu pela frente, vestindo enquanto andava ate a escada, e descendo como uma criança apressada pra tomar uma taça de sorvete depois do almoço em um domingo quente de verão. 

Kelvin abriu a porta no exato momento em que Ramiro desligou o motor do carro.

— seu maluco eu vou acabar com você — Kelvin batia no vidro da janela de Ramiro, que tinha uma cara de confusão gigante

— eu maluco? ocê que tá esmurrando minha janela todo embestado  — Ramiro respondeu rindo, abrindo a porta e saindo do carro

— oh Ramiro — Kelvin disse daquele jeito. Daquele jeito que deixava Ramiro meio desnorteado, com o R puxado e e a boca cheia de ar — não começa ta? o dia mal começou e você ja ta me infernizando

— eu? — ele apontou pra si mesmo — eu não fiz nada! nem em casa eu tava

— EXATAMENTE — Kelvin gritou levantando as mãos — você saiu, e deixou a janela A-BER-TA

Kelvin gesticulava muito, e falava mais alto ainda, e Ramiro queria se enfiar no primeiro buraco que visse na sua frente, mas também queria pegar Kelvin e amassar até ele calar a boca.

— oh pequetito, era cinco da manhã ocê achou memo' que eu ia repará num negócio desse — Ramiro fechou a porta e passou por Kelvin indo em direção a porta pra entrar na casa

— CÊ ME CHAMOU DO QUE?????? — Kelvin puxou ramiro pelo braço, fazendo com que o maior se virasse novamente em sua direção, de soslaio ele viu duas pessoas andando perto de onde eles estavam.

Meu Deus. Ramiro ia matar ele. Ali mesmo no jardim. Já sabia até onde enterrar sem levantar suspeitas.

— para de gritar pelo amor di' Deus!

— NAO ME MANDA CALAR A BOCA — Ramiro levantou uma sobrancelha, incrédulo, ele nem tinha falado aquilo

— Kév-

— não não não, eu to falando! — ele apontou o dedo sobre o peitoral de Ramiro — você sabe que me faz mal a porcaria da janela aberta Ramiro, o que custava ter fechado ein? sei que você me odeia mas custava fechar? não é pedir tanto assim

AFANADOR.Where stories live. Discover now