Aliça
Abro os olhos com lentidão, sentindo-me tão fraca e sonolenta que mal consigo focar minha visão. Observo um escuro, este de certa forma, iluminado por luzes brilhantes, então sou finalmente capaz de raciocinar que este é o espaço.
Após recordar-me de todo o sufoco que havia passado não sei há quanto tempo, tento me mover desesperadamente, percebendo que meu corpo está preso a algum tipo de máquina.
Sei que não devo gritar, afinal só traria mais atenção a minha pessoa. Mas como eu sairia daquele lugar?
" Seu frágil corpo humano " - Recordo-me das palavras daquele ser.
Então consigo sentir ainda mais desespero quando me pergunto sobre o meu planeta, a minha Terra e sobre as pessoas pelas quais convivo. A máquina que me segurava não me impedia de mexer meus membros ou deitar e sentar, apenas de afastar-me dela, desta forma sentei-me sobre o chão gélido, sentindo ainda mais frio pela falta de roupas adequadas.
Eu não tenho para onde ir. Não há mais para onde correr. Sou a única que restou. Ele me poupou porque eu quis morrer, e do que adianta permanecer viva, se não há pelo o que buscar, pelo que amar, por algo a que eu possa me apegar?
Eu sou apenas uma pequena poeira sobre as " tralhas do porão ". Ela não incomoda porque não importa.
Um tempo se passou após minha percepção do que restava, eu me encolhi e chorei lágrimas que precisavam sair e também as que não precisavam. Escuto sons esquisitos, era como se estivessem caminhando do outro lado da sala, quando me deparo com duas criaturas, estás que adentraram a sala e me observaram com nojo.
— Olá, humana. - Percebo sua dificuldade para falar minha língua. — Você deve ter muitas perguntas, porém não há motivo para respondê-las, pelo menos motivos que importem. - Acaricia meu rosto.
— O que farão comigo? - Indago afastando-me daquela enorme figura. — Diga-me a utilidade que terei? - Ele direciona sua atenção a máquina.
Não tenho respostas. Sinto uma de suas mãos agarrar minha nuca, e a outra o meu antebraço esquerdo, controlando-me com facilidade pelos corredores daquele ambiente.
Assustei-me com algumas criaturas ali presentes, mas também pude me encantar por sua tecnologia avançada. Nenhum deles parecia desconfortável por estar vagando pelo espaço.
Adentro um ambiente já conhecido, reconhecendo um rosto. O rosto do homem que matou a minha raça, o rosto do homem que se negou a me matar para que eu pudesse sofrer eternamente.
Ele parece manter sua atenção em outra coisa, quando finalmente volta seus olhos para mim, observando-me dos pés a cabeça. A partir deste momento sinto toda a atenção dele em mim, principalmente da maneira como ele caminha até mim, observando-me com olhos vazios, sem quaisquer desvios.
— Acredito que já tenha se localizado. - Ele sorri, de forma atraente. — Quais foram as suas primeiras impressões? - Ele para rente a mim.
O ser observa-me por mais alguns segundos, então permite que eu veja a paisagem que antes cobria. A cabine principal possuía algum tipo de janela transparente, o que tornava possível a exibição de uma linda escuridão.
— Não é magnífico? - Questiona em tom gentil, extremamente perto de mim. — Como um vazio deste tamanho há tanto para mostrar? - Sinto seus olhos sobre meu rosto, estes descem pelo resto de meu corpo.
De repente questiono-me onde estaria o toque do suposto " guarda " que me segurava, voltando minha atenção para onde ele deveria estar, contudo, ele não permanecia mais ali. Desta forma, volto meu rosto a aquele que denominei como " genocida ".
— Qual o propósito de minha permanência neste ambiente? - Ele me encara fixamente, sem desviar o olhar.
Não obtenho resposta. Ele se afasta, analisando a paisagem que já deve ter se cansado de aproveitar. Suas asas agora são o que resgatam minha atenção.
Um dos maiores sonhos humanos sempre foi ter a capacidade de voar, neste caso, obviamente, asas resolveriam isso, mas nós, humanos, não nascemos com elas, muito menos as adquirimos naturalmente. Por isso sinto-me obcecada por essas.
Lorde Voldemort
" Qual o propósito de minha permanência neste ambiente? " - Eu não tenho resposta para isso. Não sei o motivo de mantê-la viva, além de claro, não realizar o desejo dela.
Sinto-me diferente quando falo com ela, apesar de nossas poucas conversas. Mas é como se eu me sentisse muito mais poderoso, sinto-me mais forte.
É fácil estabelecer está relação, na verdade. Ela é humana, não tem as mesmas capacidades que eu tenho. Sou rei de uma civilização inteira, esta, que controla inúmeras outras raças do universo. Eu sou muito grande, mas quando estou com ela, ultrapasso os limites do narcisismo.
Enquanto ela esteve desacordada, um período que durou sessenta e quatro dias terrestres, senti-me ansioso para falar com ela outra vez. Sempre que analisava outros humanos, lembrava-me dela.
Cuidei para que esta moça tivesse os cuidados corretos com sua ética. Com a nossa tecnologia curei seus ferimentos e a tornei mais bonita, livrando-a das impurezas de sua sociedade poluente.
Tentei obter informações sobre a sua pessoa, mas fracassei, não encontrando registro algum em qualquer banco de dados humano. Quem era ela?
Aliça
— Qual o seu nome? - Ele se volta para mim, observando-me sem reação.
— Oh céus! - Suspiro. — O que isso importa para você? - Questiono impaciente. — Apenas me diga o que acontecerá comigo. - Sinto-me muito apreensiva e preocupada.
— Você não quer me dizer seu nome? - Ele questiona em tom irônico. — Então se chamará Catarzilexia. - Ele sorri enquanto admiro a pronúncia.
— Meu nome é Aliça. - Suspiro. — Não me chame como se eu fosse um remédio tarja preta. - Ele sorri com os olhos, aproximando-se.
— Meu nome é Voldemort, e você é a primeira humana a descobrir o nome do rei de Octur. Honre-se por isso. - Não expresso reação.
É inegável dizer que seu rosto não se igualava ao de um deus, mas " quem vê cara, não vê coração ". Nessa linha de pensamento, sua beleza não compensava seus recentes esforços com o meu povo.
— Certo... - Analiso todo o seu corpo. — Senhor Rei de Octur, diga-me o objetivo de meu coração ainda bater... - Tento ser respeitosa, embora meu tom pareça irônico.
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Por dois mundos - Lellaconts
FanficEle é um Dominador de Mundos, um ser de outra galáxia que se considera Rei de tudo o que domina, além é claro, de manter a própria soberania de sua naturalidade. Ela, é apenas mais uma cidadã terrestre que por um infeliz sinal enviado pelos humanos...