Confissões

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- Eu vou!

Amapá logo subiu no palco e foi até o Sampa escolher a música que cantaria. Todos que estavam próximos ao palco do karaokê ficaram surpresos, não por duvidarem que ele cantasse bem, afinal a intenção ali era somente se divertirem sem julgamentos, mas por ser uma atitude bem incomum vinda do amapaense. O primeiro a externalizar sua surpresa foi o próprio paulista.

- Oi! Quem é você e o que fez com o Amapá? - perguntou Sampa quando o amapaense se aproximou dele

- Égua, num posso cantar também não é? - Amapá respondeu sorridente

A caixa de som ficava um pouco distante da plateia, então só os dois podiam ouvir a própria conversa.

- Claro que pode, só não sabia que tu gostava de chamar atenção - disse o paulista desconfiado

- Se for a atenção de uma pessoa só, eu gosto!

Nessa hora o amapaense virou um pouco a cabeça e deu um sorriso na direção do maranhense, que não conseguia ouvir a conversa de onde estava, então só sorriu de volta. Sampa na mesma hora entendeu tudo e ficou mais surpreso ainda com Amapá.

- Você e o Maranhão?! Mentira! - exclamou

- Pois é! A gente começou a se falar quinta passada e ficamos quarta dessa semana

- E tu não me conta nada né porra! - disse fingindo estar chateado

- Se tu saísse um minuto de cima do Rio pra ler minhas mensagens talvez já saberia - brincou

- Vai te fuder Ama!

- Vai tu caralho!

Apesar dos xingamentos, a conversa era completamente amistosa, os dois já estavam acostumados a se comunicarem assim.

- Depois quero detalhes desse teu rolo com o ele - exclamou o paulista - mas agora tu tem que escolher uma música, qual vai ser?

Amapá pensou em escolher qualquer uma dos rocks nacionais que costumava ouvir, mas começou a refletir sobre tudo que passou com Maranhão até aquele momento, na honestidade de suas palavras e como demonstrava o que sentia sem medo do que o amapaense pensaria, "ele sempre age primeiro, agora é minha vez de tomar uma atitude" pensou, e com isso escolheu o que gostaria de cantar.

- Coloca "Serenata Existencialista", da banda "O Grilo"

- Fechou - confirmou o paulista, botando o instrumental da música para tocar

O solo inicial de guitarra começou, então o amapaense saiu de perto da caixa de som e foi para o meio do palco. Dali percebeu que mais pessoas haviam se juntado para vê-lo, afinal, não era todo dia que Amapá tinha esse tipo de atitude, "que bom que o álcool ainda tá fazendo efeito" pensou, se estivesse sóbrio, nunca teria coragem de se apresentar para tantas pessoas.

- Eu tenho que registrar isso! - exclamou a rondoniana

- Arrasa Ama! - incentivou o tocantinense

- Boa sorte, Panterinha! - incentivou também o maranhense, que recebeu um sorriso de Amapá em resposta

Então o solo inicial acabou e o amapaense começou a cantar.

♪ É, às vezes a vida dá dessas

Mas qual é a pressa, meu amor? ♪

Os queixos de quase todos caíram ao ver o quão afinado ele cantava, e nem parecia fazer muito esforço para isso.

- Até que enfim alguém que sabe cantar - comentou Sampa

- Canta muito meu fi! - gritou Minas

♪ Nosso futuro não é nenhum mistério

Estaremos enterrados em algum cemitério

Minha CalmariaOnde histórias criam vida. Descubra agora