Eight.

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Brunna POV

O neurocirurgião que está à frente do tratamento da Ludmilla foi chamado para avaliar essa novidade.

Ele tinha me informado que poderia acontecer uma perda de memória devido à forte pancada que a Ludmilla levou na cabeça no momento do acidente.

O cérebro humano ainda é um grande enigma para a ciência, então não se sabe se ela vai recuperar totalmente suas lembranças algum dia, mas fui aconselhada pelo médico à contar a ela, aos poucos, tudo o que aconteceu nesses 9 anos apagados na sua mente e levá-la para minha casa para que ela tivesse inserida na rotina da qual ela se lembra. Espera-se com isso que, ao morar na casa que compramos juntas, "conhecer" nosso filho, seguir a rotina que tínhamos antes de nos separarmos, ela recupere suas memórias. Mas, fui advertida a ser paciente nesse momento, ele me aconselhou a dar um tempo no processo de divórcio, esperar que a Ludmilla entenda o que nos levou a esse momento.

Sinceramente, não posso dizer que isso me deixou feliz. Não quero continuar nesse casamento, apesar de ainda amá-la intensamente. Nosso casamento não deu certo por um motivo, não acredito que isso vai mudar alguma coisa. Também não quero expor nosso filho, mas infelizmente não tenho outra escolha, preciso dar a Ludmilla à chance de recuperar sua memória.

Depois de dois dias após a Ludmilla ter acordado ela recebeu alta. Nesses dois dias me mantive bastante ocupada, arrumando a casa para receber a minha ex esposa. Devido sua perna quebrada, preparei um espaço no meu escritório que fica na parte térrea do meu apartamento, para que a Ludmilla possa se alojar.

Os pais dela se revesaram nesses últimos dois dias, enquanto eu estive ocupada preparando a estadia dela na minha casa. Ela chegará a qualquer momento... O Ben estava muito animado para ver sua mãe, mas eu tive que explicar a ele qual a situação da sua mãe e que ele teria que ir com calma, pois ela teria que se acostumar de novo.

Eu tive conversando com a Ludmilla, expliquei-lhe que estamos casadas há 9 anos, que temos um filho e que no último ano estivemos separadas.

Ela ficou chocada com essas informações, especialmente com o fato de estarmos separadas. Ela me encheu de perguntas sobre nosso filho e nossa separação. Entre as muitas perguntas sobre a separação, ela me encurralou quando quis saber se não havia mais amor entre nós.

Não consegui lhe responder essa e mudei de assunto, mas sei que ela não vai esquecer, ela vai me cobrar a resposta em algum momento.

Tive que explicar que vamos viver na mesma casa, para ajudar sua recuperação de memória, mas que não vamos viver como se ainda estivéssemos casadas.

Apesar de se sentir triste com isso, ela entendeu minha situação.

Vou fazer tudo que eu puder para ajudar a Ludmilla, mas não posso fingir que estávamos bem esses anos todos, não posso permitir que a Ludmilla volte a me magoar.

A campainha tocou, o Ben veio feliz ao escutar o toque da campainha, sabia que sua mãe havia chegado. Eu abri a porta e Ludmilla vinha sentada numa cadeira de rodas, empurrada por seu pai.

- Oi! - ela disse com um sorriso tímido no rosto.

- Oi, Ludmilla! - retribui o sorriso. - Olá senhor e senhora Oliveira. - cumprimentei meus sogros e dei-lhes passagem para entrar.

Eles entraram e me deram um beijo. Continuaram empurrando a cadeira da Ludmilla e pararam próximo ao Ben, que estava tímido ao ver sua mãe ali diante de si.

A Ludmilla esticou os braços pedindo um abraço e ele assim o fez.

- Oi, Ben! - disse ela ao nosso filho.

- Oi, mãe! Eu estava com muita saudade!!!

Ludmilla o beijou demoradamente e depois sorriu para ele.

Fiquei de longe observado a interação dos dois e percebi que, mesmo tento sua memória apagada, a Ludmilla não esqueceu o amor pelo filho. Mesmo não lembrando de como o Ben entrou para nossa vida, ela sabia que o amava.

Depois de alguns minutos, tive que interromper o momento dos dois.

- Ludmilla, você deve estar com fome. Eu preparei um almoço para você, quer dizer, para todos nós. Vamos almoçar, pessoal?

- Vamos!!! - o Ben falou animado.

- Ah, minha querida, nós agradecemos, mas não vamos poder ficar para almoçar com vocês, temos que estar em casa antes das 15h, pois vamos buscar a Luane no aeroporto. Ela está vindo passar as férias de verão em casa, ainda mais depois que soube do acidente da Lud. - Silvana me informou.

- Que pena! Mas eu entendo, vão com Deus. - dei um abraço nos meus sogros e eles se despediram do Ben e da Ludmilla e foram embora.

- Então... vamos almoçar?

- Vamos sim. - a Ludmilla respondeu tímida.

Empurrei sua cadeira até a sala de jantar, posicionando-a à margem da mesa. O Ben sentou ao lado da mãe e eu na outra margem.

- Então, o que temos para o almoço? - Ludmilla perguntou.

- Lasanhaaaa. - Ben gritou animado.

Lasanha é o prato preferido do meu filho e da minha ex esposa. Ela deu um lindo sorriso quando o Ben lhe disse que comeríamos lasanha e olhou para mim com um olhar agradecido.

- Bom, vamos comer. - servi um pedaço para meu filho e outro para a Ludmilla. Depois me servir de um pedaço e comemos durante uma conversa animada.

A Ludmilla fez muitas perguntas ao Ben, perguntou sobre a escola, o que ele gosta de fazer, o que eles costumam fazer quando ficam juntos...

O almoço foi muito divertido. Depois que todos comemos, retirei a mesa, lavei a louça e então me deitei no meu quarto para descansar um pouco.

O Ben e a Ludmilla foram para a sala jogar videogame.

Esses dias foram muito exaustivos, ficar em hospital sem dormir direito é muito cansativo.

Em poucos minutos eu adormeci.

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