A Madrugada

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Beatriz

Rodar na cama era mais exaustivo que não dormir, minha mente rebobinando a cena da piscina em um looping infinito enquanto meu estômago esfriava e esquentava. Eu me sentia como uma adolescente de novo, apesar de todo o conflito de valores éticos e morais, eu não conseguia parar de sorrir.
Em algum ponto da madrugada eu levantei e alcancei um livro na minha cabeceira, descalça andei em silêncio pela casa escura até a cozinha e após alcançar um pote de sorvete, eu me sentei no balcão com o livro em meu colo.
Eu estava tão absorta na história e no gelado doce que não notei quando Alexei se aproximou, ele vestia uma calça de moletom caída na cintura e pela altura dela eu poderia saber que ele não usava cueca, ou blusa, ou sapatos, ou qualquer outra coisa além da calça.
- Eu estava te observando e pensei que eu poderia fazer isso por horas, querida - sua voz baixa me fez saltar de onde eu estava, olhei diretamente para o grande V de seu abdômen e subi o olhar lentamente, passando pelos gomos e parando no peito dele.
Era ainda melhor que minha imaginação.
- Voltamos a encarar? - ele parecia infinitamente melhor, seu rosto não estava com a carranca e pela primeira vez em semanas ele parecia descansado, revigorado - o que você está lendo?
- O inferno de Dante - falei olhando em seus olhos, se ele se aproximasse mais poderia ver minha calcinha pelas minhas pernas cruzadas, me tornei muito consciente de quão transparente minha camisola branca era.
- É um livro muito bom - ele parou a minha frente e tomou o livro da minha mão - "Considere sua origem. Não foste formada para viver como os brutos, mas para seguir a virtude e o conhecimento."
- Você conhece? - me impressionei, ele recitou sem o olhar.
- Sua vez - ele fechou o livro e o empurrou para longe no balcão, o livro parando no limiar, sem cair e fazer barulho.
- "A razão vos é dada para discernir o bem do mal" - olhei em seus olhos, orgulho brilhou ao fundo quando ele apoiou suas mãos no balcão, se inclinando para perto.
- "A vontade, se não quer, não cede, é como a chama ardente, que se eleva com mais força quanto mais se tenta abafá-la" - seu olhar correu pelo meu rosto antes de com um dedo ele traçar uma linha em minha bochecha - dá para brincar de ligar pontos com o tanto de sarda que você tem, parece o céu da meia noite.
Eu sorri, de uma forma que eu não sorria a muito tempo, talvez como eu nunca sorri. Naquele momento notei que ninguém nunca tinha elogiado algo tão natural em mim quanto as minhas sardas, enquanto ele poderia facilmente olhar para meu corpo, seus olhos permaneciam nas minhas feições, memorizando meu sorriso enquanto seu próprio sorriso surgia.
O fôlego sumiu de mim, o sorriso de Alexei era a coisa mais crua e vital que eu poderia presenciar, poucas coisas atingiriam a perfeição que seu sorriso atingiu. Tudo nesse homem era impecável.
- Minha linguagem do amor são livros, eu poderia sumir entre páginas por dias - falei me apoiando para trás em minhas mãos e criando um pequeno espaço entre nós - não imaginei que você fosse um leitor.
- Eu vi em sua bolsa quando você chegou da livraria no mês passado - ele deu de ombros como se seu pequeno ato perseguidor não fosse algo a ser notado - então decidi ler, queria saber o que te atraia.
- Dante não me atrai - ri baixinho.
- Ótimo, porque é perturbador em algumas partes - seus olhos caíram para meu pescoço e seguiu descendo parando em meus mamilos apontando no fino tecido da camisola - principalmente quando ele diz: "Entregou-se tanto ao vício da luxúria que em sua lei tornou lícito aquilo que desse prazer, para cancelar a censura que merecia."
- Talvez sejamos como Dante - uma de suas mãos foi delicadamente a minha alça, tirando com calma um de meus seios para o ar frio da cozinha - talvez eu seja seu inferno pessoal, assim como você é o meu.
- Não, você não é - ele se aproximou depositando um beijo abaixo do meu ombro, seus olhos famintos em mim - por mais que não exista punição mais miserável do que desejar alguém que você não pode ter, eu vou te dizer que você é como uma brisa fria em um dia muito quente, é revigorante te ter.
Sem pudor ele tomou meu seio em sua boca e eu soltei um gemido silencioso quando o senti sugar, eu estava encharcada a esse ponto, me transformando em uma poça abaixo dele. Ele transferiu sua mão para minhas costas e me firmou quando usou a outra para soltar o outro seio, dessa vez com mais pressa, substituindo o tecido pela sua boca no segundo que o seio estava liberto, descruzei as pernas com cuidado para não o afastar e enrosquei em sua cintura quando passei minhas mãos pelos seus ombros e suas costas, ele era tudo que eu poderia pensar nesse momento.
Sua boca veio a minha e eu me entreguei, seu beijo sendo ainda melhor que antes enquanto uma de suas mãos caia para minha calcinha, com um puxão para a lateral seu dedo encontrou o prêmio.
- Deus - ele gemeu na minha boca se afastando para me olhar - você está encharcada.
Levantei apenas o suficiente para que ele arrancasse minha calcinha enquanto se ajoelhava a minha frente, com seus olhos em mim ele guardou a calcinha em seu bolso, cobri minha boca para não gemer alto quando, sem nunca parar de me olhar, ele me chupou, lambeu, raspou e me levou a um orgasmo que não me fez ver apenas estrelas, era toda uma galáxia quando meu corpo se retesou em um grito silencioso e o orgasmo me partiu ao meio. Antes que eu pudesse descer do meu pedestal seu pau estava em mim, me alargando e me invadindo em uma estocada profunda, ele gemeu no meu pescoço enquanto buscava sua própria libertação, agarrei suas laterais e levei tudo que ele me dava como uma campeã, seu ritmo ficando mais frenético conforme ele chegava mais perto, quando ele atacou minha boca sua comporta se rompeu e ele rosnou enquanto mordia meu lábio e gozava dentro de mim.
Nossas respirações pesadas enquanto nos situávamos do ambiente, ele puxou um pano ao seu lado e o usou para sair de mim sem nos sujar, delicadamente ele me limpou em um silêncio confortável e após se limpar ele jogou o pano no lixo, um sorriso lento cruzou meu rosto quando ele pegou o pote de sorvete e me ofereceu uma colherada.
Aceitei de bom grado e enquanto engolia a mistura quase totalmente derretida percebi como ele se aconchegou entre minhas pernas, arrumei minha camisola e ele puxou novamente o livro para o meu lado.
- Obrigado - ele beijou minha testa.
- É meu prazer - sorri tomando mais uma colherada antes que ele fosse guardar o fim do sorvete.
Ele me ofereceu uma mão para me ajudar a descer do balcão e de mãos dadas ele nos guiou escada acima no silêncio, chegamos a minha porta e ele se inclinou em meu ouvido sussurrando:
- Essa sua calcinha é minha, da próxima vez que decidir madrugar pela minha casa, é sem calcinha, você entendeu? - o sorriso safado que cruzou o seu rosto me deixou completamente pronta para outra rodada.
- Sim, Senhor Petrov - sussurrei ao beijar seu maxilar - bons sonhos comigo.
Entrei em meu quarto e fechei a porta sem o olhar. Eu dormi toda aquela noite em paz, mas meus sentidos sentiram seu perfume em meio aos meus sonhos quentes com olhos azuis impactantes.

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