02

4 2 1
                                    

            *backing to the past*

Eu estava na cozinha do apartamento dele, e tínhamos idades opostas. Eu, na minha juventude plena, com quatorze, e ele, quase em sua maioridade, com dezessete. Eu acho que estava fazendo um bolo na bancada da cozinha, colocando farinha dentro de uma vasilha, quando ele chegou usando um moletom branco, short preto e com o cabelo molhado.

Ele estava lindo, era o garoto mais lindo do mundo. Era gentil, educado, e combinava super bem com branco. Era atencioso, prestativo e tinha os cabelos de ébano mais lindos que eu já tinha visto. Seu rosto era marcado por algumas acnes avermelhadas, mas não deixava de ser lindo. Era lindo e meu.

-Emy?

Não consegui falar, pois minha boca estava cheia de massa. Precisava provar o sabor do bolo, pra ver se ele estava em equilíbrio.

-O que você tá fazendo, Amor? -Ele perguntou

Ele foi entrando na ilha da cozinha e parou atrás de mim, colocando suas mãos em minha cintura.

-Isso é bolo? -Ele perguntou.

-É sim! -Eu ri e levei um pouco de massa ao nariz dele, sujando-o um pouquinho.

-Você precisa parar de ser boba! -Ele me apertou com força, deslizando as mãos pra minha barriga.

-Aí, Chase, eu preciso terminar o bolo. Dá um tempo, dá?

-Nem uns amassos?

Eu virei meu rosto incrédula e revirei os olhos.

-Isso é um sim, senhorita Emily? -Ele desceu a boca até meus ouvidos -Você é uma safada, uma safada muito gostosa.

E mordiscou minha orelha. Eu dei um leve gemido e ele se aproveitou do meu momento de fraqueza pra me levantar e colocar na bancada. Com isso, um beijo gostoso aconteceu, e uma de suas mãos foi parar no meio das minhas coxas, enquanto a outra repousava no meu pescoço.

Eu não podia deixar.
Era tão bom.
Eu precisava ter honra.
Mas e se eu não tivesse outra oportunidade?
Era preciso viver a vida.

Eu parei o beijo e comecei a beijar seu pescoço desesperadamente, enquanto ele me apertava com força. Que tesão da porra.

Ele deslizou a mão pros meus peitos e apertou com força. Eu gemi baixo e guiei a mão dele até a parte de dentro do meu short.

-Amor, você é tão gostosa.

Ele enfiou dois dedos dentro de mim,   tirando e colocando sem parar. Quando comecei a gemer desesperadamente, ele parou e se afastou.

-Qu-e-e? Amor?

-Emy? Você acha mesmo que eu vou deixar você ter seu primeiro orgasmo com a minha mão? Eu quero estar dentro de você quando isso acontecer.

Eu olhei pra ele incrédula. Porra, quer me foder, me beija, caralho.

-Porra, você não consegue parar de ser egoísta nem por um segundo? Vai se foder.

Eu desci do balcão puta. Porra, mas que merda. Eu tinha 14 anos. Perder a virgindade com 14 anos é totalmente obsceno. E ele sabia que eu achava isso. E mesmo assim ele insistia.

-Emily, você não acha que tá na hora?

Ele ia começar de novo com aquele papo?

-De eu parar de falar com você? Com certeza.

Eu tentei ir até a sala, mas ele pegou a minha mão e me colocou contra a parede.

-Ei, amor. -Ele começou a se esfregar em mim- Eu sei que você quer tanto quanto eu...

Ele passou a mão pelo meu pescoço, me seduzindo... e era gostoso.

-N-nao... não... não! Eu não quero! -Consegui ser rápida e saí dos braços dele.

Meu rosto tava inchado. Queria tanto chorar. Eu confiava nele, mesmo todo mundo dizendo coisas horríveis sobre aquele garoto. Eu confiava nele, mesmo sendo a amante dele. Mesmo ele sendo a pior pessoa do mundo, e eu sabia.

-FICA LONGE DE MIM! -Gritei, entrando em desespero.

-Ah, Emily, para de fazer drama. Eu nem quero te comer tanto assim. Relaxa. É melhor você ir embora, sabia?

Eu fui até o sofá da sala e vesti meu moletom azul marinho. Peguei meu celular e sai daquela casa amaldiçoada, sem dar nenhuma satisfação. Do lado de fora, atravessei a rua do condomínio e sentei na calçada.

Quando percebi, meus olhos estavam cheios de água. Porque a gente ama quem só maltrata a gente?  Abri meu celular e liguei pro Pietro, que atendeu imediatamente.

-Vem me buscar?

-Oi, linda. Onde você tá?

-Eu... tô no condomínio do...

-Lia? Você tá bem? Sua voz tá... Você tá chorando?

-Pi, vem me buscar, por favor. Não quero conversar.

-Você tá na casa daquele traste?

-Pi... tô sim. Posso dormir na sua casa?

-Claro, Lia. Tô indo te buscar. Fica na porta do condomínio. Daqui a cinco minutos chego aí.

E ele chegou em quatro minutos, numa ferrari preta. Quando me viu , ele se assustou.

-Emily, meu Deus. O que houve?

Eu ignorei totalmente e entrei no carro. O que você acha que aconteceu, seu otário?

-Você tá horrível, puta merda. Mas ainda continua linda, é claro.

-Ah... -Limpei o rímel com as costas da minha mão. - Obrigada, eu...

-Você quer ir pra um hotel ou pra minha casa? Porque meus pais vão querer saber o que houve e você não vai querer isso, não é?

O que ele tá insinuando?

-O que você tá querendo dizer?

Ele suspirou.

-Você não é mais criança, Lia. Sabe muito bem o que isso significa, e sabe muito bem porque aquele animal te quer.

Todo mundo achava que eu era o brinquedo sexual do Chase. Todo mundo, incluindo meu melhor amigo. O meu melhor amigo.

-Eu não transei com o Chase.

Ele me olhou com uma cara de surpresa.

-Não?

-Óbvio que não.

-Nunca?

-Nunca.

-Duvido.

-É, todo mundo duvida. E eu não dou a mínima.

Limpei o borrado da minha maquiagem no moletom azul. Foda-se. Eu podia comprar outro. Eu ia comprar outro. Eu era Emily Schneider. Eu podia fazer qualquer coisa.

FAME!Onde histórias criam vida. Descubra agora