Olivia.
- E foi isso que aconteceu Pedro. - A moça que se apresentou como Stella me entregou um copo de água. - Só preciso de um lugar para ficar, tenho um dinheiro, posso alugar uma casinha.
- Caralho Olivia, sempre te falei desse milico de merda - Ele se levantou e olhou para fora pela janela. - Vou falar com o Moraes, conversar com ele e tentar te arrumar algo, por enquanto ficar com o Breno aqui.
- Não quero incomodar, sério, qualquer lugar. - Ouvi porta se abrindo e alguns meninos entrando, me levantei assustada e um dele, um moreno alto, com um pircem na sobrancelha e todo tatuado, a cara fechada me olhou me deixando com medo.
- Eae P3, qual foi do barulho? - Ficamos nos olhando por alguns segundos até que ele se virou para meu primo. - Que papo é esse que chegou até mim, Milico no meu morro?
- Eu já estava indo te dar esse papo chefe. - Ele colocou a mão na arma em sua cintura e se aproximou mais do Pedro, e minha reação foi apenas uma.
- Ele não tem culpa, eu quem vim aqui pedindo ajuda. - O Moreno me encarou e se aproximou de mim. - E... Eu que...
- Não te dei permissão pra falar. - Ficamos nos olhando e meu coração se acelerou mais. - Vem na Zona Sul achando que morro é bagunça, ninguém aqui tem que resolver problema de ninguém não.
- Não pedi para você resolver nada. - Rebati sem pensar e então ele me encostou na parede e encostou o lábio no meu, senti seu hálito quente e o cheiro de mente misturado com álcool e outra coisa que não consegui identificar.
- Aqui não é seu lugar patricinha, e eu não quero problemas com milico nenhum por causa de mulher. - Ficamos nos olhando, ele me olhou de cima a baixo e todos a nossa volta em silencio.
- Mamãe. - Ouvi a voz do Breno que logo estava empurrando o Moreno na minha frente. - Solta ela, deixa minha mamãe.
Ele tirou a mão de mim e me abaixei pegando o Breno no colo, ele me abraçou e o moreno que estava a centímetros de distancia agora estava na porta olhando para a gente, me sentei no sofá e o peso do meu corpo cedeu, senti as lagrimas rolarem e Breno as secava com seu paninho.
- Desce P3, a gente vai conversar. - Ele disse e deu as costas, olhei para meu primo que balançou a cabeça concordando.
- Fica aqui, eu vou lá resolver isso. - Ele disse dando um beijo na minha testa e outro em Breno.
- Pedro, me desculpa, eu não quero causar problemas. - Ele sorriu e me pediu calma, olhei para a Stella que ficou quieta o tempo todo olhando. - Melhor a gente ir filho, vamos.
...
Moraes.
- Eu não quero saber desses problemas aqui P3. - Falei já com tanta raiva, que se eu pudesse tirava ela de dentro desse morro arrastada, mas a criança não precisa passar por isso.
- Chefe, eu sei, mas ela é a única família que eu tenho, de sangue. - Ele falou e ficou me olhando. - Deixa ela ficar, ela quer alugar um barraco, ficar de boa, eu mesmo dou um jeito de afastar o ex dela daqui.
Me sentei olhando para ele, essa porra vai dar uma merda do caralho, já tenho tantos problemas, agora mais esse, eu preciso ir pra casa, to a dois dias sem dormir e só problema chegando pra me deixar boladão.
- Eu vou pensar. - Me levantei e peguei minha arma a colocando na cintura e meu celular. - To indo em casa, quero uma lista de tudo o que foi roubado do nosso galpão em Niterói, depois manda o papo pro KG la da Maré, fala que eu preciso da ajuda dele.
Falei com o P3 e o LP e os dois sairam da sala e eu fiz o mesmo em seguida, dei o toque cm os vapores que estão na contenção e subi na moto indo para casa, passei na frente da casa do P3 e a Morena estava la com o filho, ele brincando na rua com as outras crianças e ela conversando com a minha mãe.
Calma, a não dona Daisy, já vai ficar com dó da menina e ficar enchendo minha cabeça, fica vendo, agora além de aguentar choro de menor do morro, ainda tem minha mãe. Passei por elas e fui pra casa, deixei a moto no portão e entrei, estava tudo muito quieto, olhei para a cozinha e vazia, subi para o quarto e a Loirinha estava lá.
- Amor. - Ela disse se assustando com a minha chegada e guardando o celular.
Clara ta a dias fazendo isso, sempre que eu apareço ela esconde esse celular, ou desliga ele, além de ter colocado senha, mas ta mec, eu só espero o momento certo, enquanto ela ta indo eu ja fui e voltei cinco vezes, se ela ta achando que me engana.
- Amor o caralho. - Falei ja empurrando ela que veio me dar um beijo. - Mete o pé, quero dormir em paz.
- Nossa Yuri, você quando quer ser um escroto. - Ela pegou as coisas dela que estavam na cama e o celular. - To cansada já disso.
- Não enche, mete o pé logo porra. - Fui tirando a arma e o celular colocando em cima da mesinha ao lado da cama. - E outra coisa, fica esperta, por que se eu souber que você ta me fazendo de otário, eu tiro fio por fio dessa sua cabeça.
- Olha quem quer cobrar postura. - Ela falou saindo e me virei indo na direção dela e a puxando de volta, segurei ela pelos cabelo. - Para Yuri, ta me machucando.
- To cobrando mesmo, quer ser mulher de bandido, então tu anda na linha. - Apertei o pescoço dela que começou a ficar vermelha. - Eu não fui na pista de procurar não patricinha, quem subiu meu morro foi você, quem veio sentar no meu colo igual uma piranha foi você.
- Chega Yuri - Minha mãe entrou me chamando a atenção, soltei a Clara que saiu andando. - Já falei para você parar de fazer isso.
- Ela que tenha postura então. - Dei as costas e voltei para a cama me deitando.
- Falando em postura, eu estava falando com a moça nova aqui do morro, a prima do Pedro. - Revirei os olhos e respirei fundo. - Vou alugar para ela uma das minhas casas, você sabia que ela é confeiteira, tomei a liberdade de deixar ela vender seus doces aqui no morro.
- Já falei para a senhora que quem toma as decisões aqui sou eu. - Tentei manter a calma, até por que é minha mãe e se eu fizer com ela o que faço aos outros, eu apanho.
- Mas quem toma a decisão de alugar os meus barracos sou eu, e como serva de Deus, eu vou fazer por que a moça precisa de ajuda. - Ela disse e logo foi encostando a porta. - Estou indo para a igreja, dorme com Deus.
...
Eu particularmente sou apaixonada na tia Daisy, espero que vocês também fiquem.
Amores no próximo mês eu estarei de férias, então vou poder postar muito mais para vocês, com mais frequência.
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Rainha da Penha (DEGUSTAÇÃO)
FanfictionDegustação, disponível na Dreame. Eudamonia (s.f.) É como se chama a sensação de ser tomado por um sentimento bom sem explicação. É aquela vontade de viver que surge quando menos se espera e mais se precisa. É o universo nos dando um abraço de espe...