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Olívia.

Acordei sentindo os pulinhos em cima de mim, olhei para o lado e a luz do sol entrando pela janela já forte fez meus olhos arderem, olhei para o Breno em cima de mim.

- Mamãe, mamãe. - Sorri para ele. - Olha o titio me deu um brinquedo.

- Calma filho, deixe a mamãe acordar. - Me levantei devagar tirando ele de cima de mim.

Olhei para o chão e estava cheio de carrinhos e bonecos, aprendi o cabelo em um coque e olhei para o corredor, a porta do quarto do Pedro está fechada, será que ele levantou cedo pra isso.

Breno sentou no chão e começou a brincar, levantei indo para o banheiro fazer minha higiene e em seguida para a cozinha preparar o café da manhã do Breno.

Fiz tudo o que precisava fazer pela manhã, organizei a casa, minhas coisas, liguei para a escola do Breno e pedi a transferência dele para o colégio mais próximo aqui do morro, comprei alguns móveis para a casa e chamei o Breno para irmos lá dar uma olhada.

Caminhei com ele pelo morro e as pessoas iam me cumprimentando e eu retribuindo por educação, parecia que me conheciam de anos, muito educados e receptivos.

Subi mais um pouco o morro e na rua tinham casas até que bonitas, bem arrumadas, com fachadas e carros caroa na frente, falando em carro preciso pegar o meu.

Encontrei a casa e é bonita por fora, tem um portão bem fechado com grades e muros altos, entrei destrancando o portão e de primeira vi um prqueno quintal e uma area de lavanderia, o primeiro cômodo da casa é a sala, grande, depois a cozinha que vai ser perfeita para poder trabalhar, e dois quartos e um banheiro entre eles.

Estava tudo muito bem limpo, então so preciso passar uma vassoura e um pano pra deixar cheiroso, jaja começam a chegar alguns moveis, camas e eletrodomésticos da cozinha.

...

Meu dia foi todo arrumando a casa, so parei para comer algo com Breno e voltei a arrumar até por tudo o que ja tinha na casa no lugar, dei banho no Breno, ja se passavam das dez da noite d o coloquei para dormir.

Fiz um pouco de café e fui para fora para tomar um pouco de ar, me sentei na beira da calçada e algumas criancas estav correndo por ali, suas mães os gritando e eles rindo.

É uma coisa que eu particularmente acho incrível, mesmo com tudo o que eles vivem aqui, são tão felizes, alegres, não vejo ninguém se lamentando, nem se diminuindo, só faz eu lembrar de quando era pequena.

Sim, pequen, eu não nasci na Zona Sul, cresci em uma comunidade como essa, mas na época não era tomada pelo tráfico, então as coisas eram bem diferentes, mas a essência, essa continua a mesma.

Terminei de tomar o café e fiquei sentindo a brisa do vento, o ar frio, aliviando o calor, fechei os olhos e a imagem, parecia um filme se repetindo, ele gritando, me ameaçando.

Só Deus sabe todas as vezes que eu precisei me esconder, me guardar e fingir que estava tudo bem, eram ameaças disfarçadas de amor, e eu só consegui perceber o quão abusivo estava sendo quando recebi o primeiro tapa.

Continuei com os olhos fechados tentando imaginar uma vida melhor, perfeita, com o homem da minha vida, que eu sei, jamais vai me fazer sofrer e fazer com que meu negócio volte a funcionar.

- Ta dormindo sentada? - Me assustei com aquela voz inesperada. - Qual foi, ta muito assustada.

- Oi Japa, tava só pensando na vida. - Ele se sentou do meu lado. - Não tá trabalhando hoje?

- Jaja eu vou, vim comer alguma coisa. - Ele ficou me olhando. - Ta aqui agora?

- Sim, aluguei pra ficar mais confortável com o Breno. - Ele balançou a cabeça concordando.

- Ai Olívia, vai rolar um Baile esse final de semana, quer ir? - Sorri e neguei com a cabeça. - Não posso deixar o Breno sozinho.

- O baile é aqui do lado. - Ele apontou para o campo de futebol a duas quadras dali. - E tem a Dona Daisy, ela sempre olha algumas crianças.

- Não quero incomodar ninguém. - Falei e em seguida senti uma mão em meu ombro.

- Não é incômodo, seu menino é um doce. - Ela falou e eu sorri. - Vai curtir um pouco, você ainda é jovem.

- Vou pensar sobre, mas eu não garanto nada. - Falei para os dois que se olharam. - Bom ta na hora de entrar, ta tarde.

- Espera. - O Japa falou se levantando e me ajudando a levantar. - Quer ir tomar um Açaí? É na esquina aqui.

Olhei para Dona Daisy que ainda estava parada ao meu lado e ela sorriu me incentivando a ir, voltei a olhar para o Japa.

- Está bem, mas a gente volta e toma aqui. - Ele concordou com a cabeça e assim fizemos.

Fechei o portão e fui com ele até a lanchonete na esquina, ficamos conversando, contei um pouco sobre minha vida e o que me fez ir para o morro, e ele me contou dele, enquanto voltamos para a frente de casa.

- Eu perdi meu país, foi em uma operação da Militar aqui no morro, eu tinha 16 anos, sabia pouco da vida, o Moraes e a Dona Daisy quem me ajudou. - Ele disse e se sentou na calçada. - Eu não tive muita escolha, menino do morro, quem vai dar oportunidade, ai to nessa vida.

- Você já pensou em sair? Japa você é bonito, tem mil oportunidades lá fora. - Falei olhando para ele. - As vezes nos fechamos para coisas novas, mas, eu olho para você e não consigo imaginar que você faz essas coisas.

- Papo reto mesmo, mas eu não tive escolha. - Ele terminou colocando o copo do lado. - Nem todos podem escolher, ou era isso, ou passar fome.

- Mas agora você pode. - Terminei o meu açaí e coloquei o copo de lado. - Já imaginou fazer uma faculdade e poder sair por ai sem medo.

- Tu sonha muito, a gente não tem mais oportunidade de sonhar não, quem entra nessa vida não sai mais dela. - Ele passou a mão no meu rosto e ficamos nos olhando, nossos lábios a centímetros um do outro.

Fechei os olhos sentindo a respiração dele cada vez mais próxima, o lábio dele tocando o meu fez meu corpo se arrepiar e suspirei, o toque dos dedos dele na minha nuca me arrepiou e então começamos a nos beijar, e era bom, o gosto dele, o toque, o beijo calmo e delicado.

...

O Japinha não esperou nem o contato, ele mesmo procurou. kkkkkkk

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Rainha da Penha (DEGUSTAÇÃO)Onde histórias criam vida. Descubra agora