Olivia.
- Aqui as chaves meu anjo. - Dona Daisy me entregou as chaves da casa assim que eu fiz o pix de dois meses adiantados do aluguel para ela.
- Muito obrigada, eu não sei nem como agradecer a senhor. - Dei um abraço nela devagar e guardei a chave em seguida. - Agora vou comprar alguns moveis, por que ficou tudo para trás e não quero ter que voltar para pegar.
- Mas se quiser podemos dar um jeito, posso conseguir alguns meninos para te acompanhar. - Ela é tão gentil, nem parece que aquele grosso é filho dela.
- Agradeço, mas eu não quero ter que envolver o filho da senhora e nem os meninos dele. -Falei gentilmente com ela e olhei para o Breno na rua correndo com as outras crianças.
Já estava tarde de mais, uma lua no céu tão linda, as estrelas brilhando e tudo bem quieto a não ser pelas crianças gritando e rindo, volte a me sentar no banco da pracinha e peguei meu celular que começou a tocar, olhei para a tela e la está a foto dele e no contato ainda "Amor", e eu preciso me lembrar de tirar isso.
Tentei ignorar, Dona Daisy foi embora, segundo ela estava a caminho da igreja, ela me chamou, mas depois de perder meus pais eu parei de acreditar em Deus, ele tirou tudo de mim, me deixou na solidão, se ele é o Deus do amor, por que me tirou tudo, por que fez com que eu sofresse sozinha por tanto tempo.
Meu celular voltou a tocar e então dessa vez eu atendi, mas fiquei em silencio enquanto ouvia a respiração dele do outro lado da linha, uma respiração ofegante e forte, tentei manter a calma e então ele começou a falar, estava com a voz fria, mas ao mesmo tempo parecia triste, um pouco difícil de descrever na ligação.
* Ligação on *
- Amor, volta para casa, eu errei, eu sei. - Ele ficou em silencio. - Me desculpa, ela era só um momento, só uma qualquer, você sabe que eu jamais jogaria nosso casamento assim fora, preciso de você Olivia, do nosso filho, da sua boca, do seu corpo, nenhuma é como você.
- Você jogou tudo fora, para de me ligar, me da espaço. - Falei baixo.
- Eu posso arrumar tudo, posso ser diferente, você sabe que eu posso mudar. - Ele começou a ficar um pouco mais nervoso do outro lado. - Olivia, seu lugar é aqui e não nessa favela, no meio desses nóias e traficantes, bandidos pobres, você não é mulher para isso.
- Para Marcos, para de ofender as pessoas e de ser preconceituoso. - Olhei para frente e vi uma loira passando, olhei bem para ela que me olhou de volta e ficamos alguns segundos nos encarando. - Qual o nome da menina que você me traiu?
- Vamos esquecer ela Olivia. - Ele falou e ficou em silencio em seguida e eu insisti.
- Qual o nome dela Marcos? - A loira saiu andando um pouco mais rápido e eu a segui com os olhos esperando ele me responder mas eu apenas recebi o silencio. - Você nunca vai mudar, para de perder tempo me ligando e aproveita para ligar pra sua amante, ela está agora mesmo saindo aqui do morro, vai curtir sua putinha.
Ele tentou falar algo mas encerrei a ligação e me levantei indo na direção da menina que estava com passos mais rápidos, comecei a segui-la, mas alguém se colocou a minha frente me impedindo de passar, olhei para cima e Pedro ficou me olhando, e a voz de Breno me gritando chamou minha atenção.
- Ta indo aonde priminha? - Ele sorriu e passou o braço em volta do meu pescoço. - Bora comer algo?
- Eu só queria falar com aquela loira. - Ele me olhou e franziu a sobrancelha.
- Aquela é a mina do Moraes, melhor nem puxar papo, ele fica todo nervoso se a gente fala com ela, sem contar que é toda fresquinha. - Pedro pegou o Breno no colo e fomo caminhando para uma lanchonete perto da praça. - Que papo tu queria ter com ela?
- Se eu te contar, promete que fica entre a gente? - Ele balançou a cabeça concordando. - Eu acho que aquela loira é com quem o Marcos me traí, eu tenho quase certeza.
- Tu ta de brincadeira. - Ele disse colocando o Breno em uma das cairas e se sentando, fiz o mesmo e uma moça veio nos atender. - Eae Anna.
- Como estão? Essa é a sua prima P3? - Ela perguntou bem educada e sorriu. - Espero que se sinta em casa aqui, se precisar de algo pode me chamar.
- Muito obrigada. - Falei sorrindo para ela e olhei para meu primo que estava todo bobo.
- O que vocês vão querer? - Ela foi anotando.
Pedi batata e lanche para o Breno e o mesmo para mim, um suco de laranja e meu primo pediu uma cerveja que bebemos juntos. Ficamos algum tempo conversando e contei a ele tudo com mais detalhes, desde a primeira vez que fui traida até agora.
Depois que terminamos ele me levou em casa e disse que eu poderia dormir la essa noite e que amanhã iríamos atrás das coisas, tomei banho e dei banho no Breno que não demorou muito para dormir.
Fiquei deitada no sofá olhando o Breno dormir ao meu lado, pensando em tudo o que passamos, tudo o que ele precisou ver, e me culpando por não poder dar o melhor a ele.
- Desculpa por não ser a melhor, por te fazer passar por isso, sendo tão pequeno. - Senti a lagrima rolar em meu rosto. - Prometo que agora eu vou fazer de tudo por você, por nós, seremos eu e você até o fim meu amor.
Beijei a mãezinha dele e o cobri com o lençol, fechei os olhos tentando dormir até que aqueles barulhos começaram, fiquei em silêncio e puxei Breno para mais perto de mim o cobrindo com meu corpo e me joguei com ele para o chão.
Eu so conseguia ouvir gritos e barulho de tiro, é assustador, pedi para o Breno ficar em silêncio e fui até a porta a trancando, voltei para onde ele estava e o segurei no colo ficando abaixada com ele.
- Mamãe o que é isso? - olhei para ele.
- Os amigos do Pedro estão brincando la fora meu amor, jaja eles param, pode voltar a dormir no colo da mamãe. - Falei tentando manter a calma na voz e ele se ajeitou fechando os olhos.
- Canta pra mim mamãe? - Ele me pediu e eu sorri começando a cantar.
Todo esse tempo eu tentei imaginar
Lindo que seria ver você nascer
Imaginação em vão
Não pude calcular
Que não caberia em mim
...
Tanta felicidade
Que explode tão logo te vejo
Sorrindo querendo brincar
Me quebro feito uma taça de cristal
Fino que dine....
Amores, mais um, se eu conseguir vou postar mais essa semana.
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Rainha da Penha (DEGUSTAÇÃO)
FanfictionDegustação, disponível na Dreame. Eudamonia (s.f.) É como se chama a sensação de ser tomado por um sentimento bom sem explicação. É aquela vontade de viver que surge quando menos se espera e mais se precisa. É o universo nos dando um abraço de espe...