Capítulo 21

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Na pequena nuance entre a ligação agressiva e a escuridão alaranjada da noite, Sana sentiu o verdadeiro sentimento da solidão, enquanto separava suas roupas rapidamente e posicionava dentro de sua mala, sua mente divagava sobre locais que não queria exatamente recordar, não conseguia contar nos dedos as milhares de vezes em que a música ou o trabalho serviram de desculpa para não pensar demais, para não sentir saudades de quem não devia, mas lá estava ela percebendo todo o vazio presente em sua rotina, vazio este que não tinha se dado conta mesmo com ele sendo presente a tanto tempo ao seu lado.

Fez se necessário que sua rotina sofresse uma ruptura para que conseguisse enxergar, talvez ela não quisesse ver, porque se tornara doloroso assumir que ela mesma se escondeu atrás de seu trabalho, que ela mesma se isolou sem perceber, ignorando as ligações de seu irmão, que em algum momento desistiu de entrar em contato, não reencontrando velhos amigos pela memória desagradável envolta em seus corpos e fugindo de seus próprios pais por não conseguir ser madura o suficiente para dizer que está machucada com o que fizeram, ignorar sempre foi mais fácil mas assumir não, isso sempre foi um problema em sua vida.

Enquanto avisava os inquilinos acordados sobre sua viagem e se dirigia para sair do local, a sua mente girava como um carrossel dessa vez, a permitindo ter uma reflexão sobre si mesma, após a fuga de Jihyo talvez suas condutas tenham se tornado mais claras, passar o tempo consigo mesma a fez olhar para o próprio reflexo.

Algumas perguntas internas pareciam se responder, e outras dúvidas pareciam tomar conta de seu coração, finalmente pode compreender o que a fez se perder tantas vezes em seus sentimentos sem nunca fazer nada sobre isso, o fato de saber sobre seus sentimentos por Jihyo, que se mostraram puros e verdadeiros, mas se sentir presa atrás de uma barreira de inseguranças infundadas que nunca tentou questionar, se enganando, fingindo estar bem mesmo sem fazer o que desejava, sem expressar suas verdades, sentindo o medo de que seu mundo se tornasse falho, de que a sua verdadeira forma causasse espanto, como causou em seus pais, não queria isso e seu peito internalizou seu passado em suas veias, tapando seus olhos e a impossibilitando de enxergar que estava fugindo de si mesma e de seus sentimentos.

Muito provável que por isso seu coração tenha doído ainda mais quando Jihyo sumiu, se viu perdida entre o desejo de impulsividade e a impossibilidade dele, a vontade de dizer a ela tudo que sentia, de expor todos os afetos que guardou por tanto tempo em seu coração, porque, de certa forma, sua ida sem uma despedida a fez se sentir como se aquele fosse o fim de algo que nem nunca se iniciou, por consequência de si mesma.

Não poderia responder se Jihyo iria se identificar com seus sentimentos, reciprocidade pode ser algo complexo e sua prioridade nunca foi essa, a segurança da mulher sempre a importou mais do que qualquer coisa e naquele momento só queria poder entendê-la, a pegar em seus braços e ouvir suas palavras, mas não poderia mais ignorar sua sensibilidade quanto aquele sentimento profundo, que rasgou a venda de seus olhos, Sana não quer mais fugir, porque não quer mais estar sozinha, demorou a perceber, mas agora que seu coração exclamou tinha de ser coerente, tinha de ser responsável por si mesma.

A brisa do fim de tarde tocou-lhe suavemente as pernas descobertas e ela respirou o ar limpo daquele bonito e aconchegante local, era tão solitário mas tão livre, fazia muito tempo desde que a sensação de tranquilidade ultrapassou seus pensamentos conturbados, o pôr do Sol realmente era tão lindo quanto as fotos, com certeza era melhor na verdade, mais vivo, naquele momento agradecia por ter olhos e por não precisar escondê-los com óculos escuros, suas roupas despojadas a permitiam se sentir confortável enquanto permanecia sentada na grama próxima ao corpo d'água que se mantinha calmo, o reflexo tornava o céu e a água o mesmo e poderiam fazer quem quer que  fosse se perder em suas cores.

Seu sorriso era inevitável, sentia seu corpo tão leve e seus sentidos supridos pelo belo ambiente em que se encontrava, tudo aquilo fez seus sonhos anteriores terem valido a pena, fez o desejo que foi cultivado em seu coração por tanto tempo fazer algum sentido, se sentia em êxtase, nem se lembrava mais do que a atormentou por tanto tempo, seu peito só conseguia computar os sentimentos intensos do prazer da tranquilidade e da individualidade, seu "eu" artístico se sentia tão bem quanto seu verdadeiro "eu", porque finalmente não foi mais sufocado por uma rotina desrespeitosa e repressora, podendo existir em paz, ali não tinha de fingir ser alguém que nunca foi e que nunca seria, poderia só ser verdadeira sem medo, ser todo seu coração e cérebro sem julgamentos ou incertezas, poderia ser Park Jihyo.

Observou os poucos turistas e os moradores do local andando calmamente pelos arredores, enquanto conversavam, presos em seus próprios mundos, não se sabia se o ambiente era tranquilo demais, ou se as pessoas residentes do local que transmitiam tranquilidade e acabavam por passar esse sentimento aos visitantes, era cômico a maneira como sua forma de falar devagar e até o andar mais suave se relacionava com as cores bonitas do local, tanto pelas ações antrópicas quanto pela natureza em si. 

O local era um clássico ponto turístico, construções belas mas sutis, alguns dos moinhos coloridos já tinham sido visitados por Jihyo, que foi guiada por uma senhora para conhecer a pequena produção de pigmentos e tintas, tinha passado pela oficina de tamancos, sendo um dos pontos mais famosos do local e acabou por comprar um tamanco de madeira prenchido por um tom de amarelo mostarda muito bonito. A partir de determinado ponto de sua aventura decidiu apenas parar em locais e apreciar a vista ou os acontecimentos do ambiente, andou com passos cautelosos até encontrar um ponto confortável na grama e por fim se deitou, buscando apreciar o belo céu azul que estampava a imensidão sobre si, não soube dizer por quanto tempo permaneceu ali, mas quando se deu conta o Sol já se preparava para descansar, e a necessidade de observar o belo pôr do Sol a deu forças para se apoiar em seus braços e observar os tons mais diversos de cores que estampavam o céu.

De repente se lembrou de como desejava estar ali, de como sonhava com algo tão simples como apenas parar e observar o céu, como queria sentir na pele a sensação de se estar dentro de uma bela fotografia, uma fotografia sincera, não como as fotos com cenários inventados que muitas vezes teve que posar, mas sim com uma verdadeira sensação de memória sendo criada entre seus sentimentos. Tudo isso a fazia se lembrar de alguém, de momentos simples que se tornavam grandes o suficiente para prencher seu coração de ponta a ponta com o afeto confortável, se pudesse teria a levado consigo, teria lhe dito toda a verdade claramente, mas o que isso lhe traria? Apenas uma grande confusão, que não poderia ser justificada pela maneira como a líder se sentia. No fim, tudo que restou foram alegorias e peças que Jihyo esperava que fizessem sentido para seu bem um dia.  

Por fim, criou um acordo com sua própria mente de que quando chegasse a hora iria encarar quaisquer que fossem as consequências de seus atos, afinal ela sempre fez isso, ser líder é tomar as responsabilidades e as consequências da falta delas, a mulher sabe que foi irresponsável, mas Jihyo também sabe que é humana como qualquer um, dessa forma, naquele momento tão precioso não se permitiu pensar na empresa, em suas parceiras de trabalho e nem mais em sua querida que deixou sem respostas.

Oii pessoal, tudo bem? Faz muito tempo desde que eu apareci, inclusive me dá até um pouco de vergonha em voltar depois de tanto tempo com um capítulo pequeno desse, eu verdadeiramente queria ter escrito mais, acrescentado mais coisas, mas infelizmente tô com um bloqueio literário ferrado, além de que com os vestibulares não tive muito tempo pra pensar na fanfic ;-;

Quero dizer que mesmo que não poste com frequência, eu ainda penso muito sobre a história e se tudo der certo eu planejo terminar ela sim ;) Inclusive, a fanfic completou 1 ano em setembro e tudo isso me deixa muito alegre, tanto por ter vocês acompanhando, quanto por me ver conseguindo ter um avanço em relação a criar histórias, ver o número de estrelinhas, comentários e visualizações também sempre me dão forças para seguir escrevendo e eu só tenho a agradecer pelo apoio.

Enfim, gostaram do pequeno ponto de vista que tivemos da nossa querida fugitiva? Até logo!

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