III

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"Você não estava na aula hoje", Avani ouviu Tom dizer.

Era uma noite iluminada pela lua e ela estava fumando um cigarro na torre de astronomia, um modo de esvaziar a cabeça. Mas, claro, Tom encontrou ela lá, perturbando a paz dela com sua presença insuportável.

Avani não queria olhar para o rosto dele, ela queria esquecer o inverno em Paris, deixar para trás as memórias de quando ela foi trouxa e inocente.

Ela odiava pessoas idiotas, e agora ela estava entre essas pessoas.

Ela odiava isso.

Ela deu uma tragada curta no cigarro, mantendo a fumaça em sua boca, sem deixar descer pela garganta. Ela acreditava que, dessa maneira, o cigarro não ia fazer tão mal.

"Eu te fiz uma pergunta", Tom disse. Avani revirou os olhos. Sempre tão exigente.

"Não estava afim de ir", Avani respondeu. Ela estava agindo como uma pirralha? Sim. Ela ligava? Não. Não quando se tratava de Tom, pelo menos.

Avani sentiu Tom ficar de pé atrás dela, os braços do homem tocando os dela e ela se afastou dele.

"Se eu me lembro bem", Tom começou, "você estava ansiosa para minha aula"

"Eu estava ansiosa para matar sua aula".

"Típico", Tom sussurrou, rindo.

Avani sentiu rubor subir por suas bochechas com o som da risada dele, uma dor florescendo no coração dela. Era uma sensação estranha. Avani nunca se sentiu assim por ninguém além de Tom. Nunca teve outra pessoa além dele. Ninguém que tirasse o sono dela a noite, sonhando acordada com cenários docemente sujos enquanto ela sentia o gosto do nome dele em seus lábios, de novo e de novo, até sentir a boca seca. Talvez esse fosse o motivo de ser tão difícil ficar na presença dele. As primeiras vezes deveriam ser sempre as mais memoráveis. Avani desejava desesperadamente que não fossem.

Ela arriscou uma olhada para ele e imediatamente se arrependeu. Tom era lindo.

O vento frio de janeiro brincava com seus cachos tenebrosos, beliscando suas maçãs do rosto, as tornando levemente rosa. Ele era alto, ainda mais agora que ela olhava para Tom sem o salto alto. E dessa distância dele, ela podia sentir a essência fraca dele. Ele não usava nenhum perfume. Seu cheiro era resultado das atividades do dia a dia. Ele cheirava a café preto, do qual tomava cinco vezes por dia, pergaminho fresco no qual escrevia por horas e horas, cigarros que ele fumava para tornar a alma ainda mais escura e um pouco de sabonete terroso. Era divino.

Eles ficaram em silêncio por um longo momento enquanto Tom assistia as estrelas no céu e Avani terminava o cigarro. E logo que ela terminou um, acendeu outro. O cheiro do isqueiro chegou às narinas dela. Houve um brilho rápido na escuridão seguido pela chama laranja. Ela costumava usar mágica para acender os cigarros, mas depois de ver Tom usando isqueiro de propósito, dizendo que era mais rústico desse jeito, ela começo a carregar um com ela. Além de que ela gostava muito do som que eles faziam. Era estranhamente calmante.

"Você não pode continuar agindo assim", Tom disse.

"Assim como?"

"Jogando uma taça de suco de abóbora em mim, ou cabulando minha aula. Não importa que nós já nos conhecíamos antes. Aqui em Hogwarts você é minha aluna. Aja como uma."

"Que profissional da sua parte, Tom. Onde estava esse espírito nobre quando você me deixou naquela ponte no ano novo?"

Tom não disse nada enquanto batia os dedos contra o antebraço oposto, estralando a língua na bochecha. Avani terminou o segundo cigarro e quando foi acender o terceiro, Tom tomou o maço dela, guardando no bolso do casaco.

Avani cravou os pés no chão, soltando uma risada sarcástica.

"Me devolve"

"É proibido fumar nos terrenos da escola, Srta. Chaudhry. Como seu professor, estou confiscando seus cigarros"

"Senhori- há! 'Tá falando sério, Tom?"

"É Professor Riddle. É melhor começar a usar meu título, nós não estamos mais em Paris"

Avani chacoalhou a cabeça em descrença. "Ou o que, Tom? O que vai fazer? Me dar uma detenção?"

Tom cruzou as mãos atrás das costas. "Se for necessário, sim. E se ainda assim você não o fizer, vou ter que comunicar seus pais e o diretor."

Avani semicerrou os olhos para ele. "Você é um fodido"

"Olha a língua"

"Você é a porra de um fodido"

Tom fez uma careta, franzindo o nariz. "O que eu preciso fazer pra você parar de agir assim?"

"Bem, vamos ver. Ficar de joelhos e implorar pelo meu perdão seria um ótimo começo"

Tom riu, quase bufando. Mas aí percebeu que ela estava falando sério. "Você não tá brincando?"

"Não". Por que ela estaria? Pela primeira vez na vida romântica dela ela se sentia machucada, e ela não tinha ideia de como lidar com isso além de agir assim.

"Acho que você não percebeu que você está errada também, Avani. Você mentiu, lembra? Me fez acreditar que tinha vinte e dois quando é só uma garotinha de dezoito. Por que esse não é o problema aqui?"

Avani deu de ombros. "Porque eu não quero que seja."

Tom soltou o ar em zombaria. "É, isso faz total sentido."

"Na verdade faz sim"

"Você está se ouvindo? Porque você parece absolutamente louca."

Avani jogou as mãos pro ar. "Bom, eu não ligo se eu sou louca ou não, caralho!"

"Você deveria, Merlin."

"Mas eu não ligo."

Tom chacoalhou a cabeça, encarando ela em descrença. "Faz o que você quiser, então. Mas não reclama quando eu fizer a minha parte. Se eu vir você quebrando outra regra, Srta. Chaudhry, eu vou tomar algumas atitudes. E você não vai ficar feliz com elas."

Avani deu de ombros, cruzando os braços para parecer indiferente. "Okay."

"Você é imatura"

Essa frase atingiu um nervo em Avani e de repente ela jogou o isqueiro na cara dele. O primeiro instinto dela sempre que algo dá errado.

Tom pegou o objeto no ar antes que atingisse ele e o guardou no mesmo bolso que o maço de cigarro. Ele se virou para sair da torre de astronomia.

"É, foge de novo, Tom. Você é tão bom nisso."

Tom não olhou para Avani, ignorando a respiração fumegante dela atrás dele enquanto descia as escadas da torre.

Avani riu, alto e claro. O som fazendo ela parecer louca. Oh, ela iria fazer ele se arrepender de suas escolhas.

Moonlit (t.r)- Traduzido Onde histórias criam vida. Descubra agora