𝗖𝗛𝗔𝗣𝗧𝗘𝗥 𝗩𝗜𝗜

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Exatamente dois dias atrás, prometi a Sunghoon que o levaria para a praia, e eu estava focado em cumprir essa promessa.

Acabamos não conversando no outro dia em que ele estava na minha casa, já que ainda não tinha o celular consigo, entretanto, recebi diversas mensagens assim que seus pais chegaram de viagem. Sunghoon me mandou foto dos presentes que recebeu, — pessoas ricas realmente recebem presentes sem ser em datas comemorativas? — da mesa bonita de café da manhã e das roupas de banho que comprou. Fiz questão de responder cada mensagenzinha, também enviando algumas fotos do meu dia.

Eu ficava constantemente chocado com a nossa diferença de realidade, Sunghoon me disse que eu estava sendo "explorado" porque meu trabalho começava as oito da manhã. Tentei explicar que haviam muitos outros serviços que começavam até mais cedo que isso, mas não vou mentir, ele pareceu não entender.

Sunghoon pareceu ainda mais confuso quando expliquei que, mesmo sendo contratado exclusivamente pela confeitaria, eu ainda não tinha um salário fixo, e que eu poderia ganhar muito bem ou muito mal. Ficamos conversando por um longo tempo, respondi tantas perguntas que perdi as contas. — Sinceramente, achei fofo o quanto Sunghoon estava se esforçando para entender minha realidade.

Dias se passaram, e mesmo assim meus pensamentos se resumiam em Park Sunghoon, não conseguia focar em nada que não fosse ele. Me distraí tanto que só lembrei que estava conversando com Beomgyu quando ouvi um pigarro para chamar minha atenção.

— Ah, sim. Pode falar.

— O Yeonjun terminou com o Soobin.

— De novo?! — Virei o pescoço tão rápido que o ouvi estralar.

— Pois é, ele ainda queria que eu fosse cuidar dele. — Beomgyu me entregava diversas embalagens enquanto falava, eram tantas ao mesmo tempo que eu quase as deixei cair — Só essa semana eles terminaram três vezes... E meia.

— Como se termina três vezes e meia?

— Eles estavam terminando mas no meio da discussão o Soobin foi pra cima do Yeonjun e eles transaram, acabaram voltando na mesma hora.

— E o Yeonjun estava consciente dessa vez?

— Sim, estava. Mas se não estivesse tanto faz, não ligo mas 'pra ele ou para as merdas que ele se mete.

Beomgyu terminou de encaixotar os doces assim que também acabou de falar. O ajudei a levar as caixas até o balcão, onde elas geralmente ficavam quando tínhamos algum pedido de retirada.

— Sabe o que eu não entendo, Beomgyu?

— O quê?

— Você sempre fala que vai se afastar do Yeonjun, mas sempre está junto dele.

— Em primeiro lugar porque eu sou um idiota que se derrete com qualquer mísera migalha de atenção que ele me dá, e sempre acabo cedendo em ficar perto do Yeonjun. Em segundo lugar, porque eu e minha mãe continuamos trabalhando na casa deles, não tem jeito, o salário é muito bom.

— Entendo, se não precisasse tanto desse dinheiro eu sairia daqui. Ainda quero fazer faculdade, mas não tenho tempo com o trabalho.

— E me deixaria trabalhando sozinho nesse inferno? — Ele riu sarcástico.

— Aquele papo de se demitir juntos ainda está válido? — Beomgyu assentiu com a cabeça e xingou a foto da nossa chefe que estava pendurada na parede, torci muito para que ela não decidisse olhar as câmeras justamente hoje.

— Você 'tá livre amanhã? — Beomgyu disse enquanto sentava no chão, cansado do turno.

— Amanhã eu vou com o Sunghoon na praia, esqueceu? — Me sentei ao lado dele.

My Real Problem, Jake.Onde histórias criam vida. Descubra agora