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Eu nunca entendi direito o porquê  da dor ser tão ruim, se quando ela veio até mim, foi através de um sorriso tão bonito.

Acho que foi isso que fez a dor parecer tão inestimável quando ela me atingiu como a realidade do mundo sobre meus braços.

Eu estava constantemente fingindo.

Eu fingia quando você mandava mensagem.

Eu fingia quando eu dormia no seu quarto.

Eu fingia quando jogavamos o jogo da água e do fogo.

Eu fingia quando a gente comia pipoca.

Eu fingia quando você falava de um garoto que você gostava.

Eu fingia quando eu chorava nas madrugadas escuras.

Eu fingia quando estava indo para escola.

Eu fingia quando falava de você para as pessoas.

Eu fingia quando você chamava meu pai de sogro.

Eu fingia quando eu beijava tua bochecha.

Eu fingia quando você ia na minha casa.

Eu mentia quando eu dormia no seu colo.

Eu mentia quando eu acordava você por medo da sua cachorra.

Eu fingia quando a gente ia ao supermercado.

Eu fingia quando eu disse que estava gostando de outra pessoa.

Eu fingia quando você vinha para tentar me beijar.

A única verdade atrás de cada um desses fingimentos era que a dor era sempre presente nas pequenas coisas que nos envolviam, mas eu nunca senti ela até que eu tivesse você tomada das minhas mãos.

Hoje, eu não sei se estava em uma ilusão ou se era realmente aquilo que chamamos de amor.

Mas eu só penso que era amor quando eu estou chorando e pensando o quanto eu queria que estivessemos nos falando.

Eu tinha apenas 13 anos e estava tentando distinguir tudo, apenas realmente querendo sentir aquele turbilhão de emoções que eu ainda não conhecia.

Você não era a garota mais bonita que eu conhecia, você realmente não era, mas mesmo assim, eu sinto que eu te amei quando você me fez rir, e sua unica covinha e olhos tão lindos me faziam querer viver.

Hoje em dia, eu tenho medo de que eu gostei(ame) outra amiga hétero, porque eu simplesmente ainda sinto a dor que a sua partida do meu mundo deixa.

Sabia que a linha do delianos natural é composta pela queimadura das lágrimas? Bem, por sua causa(ou talvez pela minha) essa linha vem se tornando mais vermelha.

As vezes, quando tudo está silencioso, eu costumo imaginar cenários que nunca aconteceriam nessa realidade atual, como por exemplo os dias que imagino que você morreu e eu descubro na escola e sofro na mesa do refeitório. Ou até talvez, quando eu imaginei você aparecendo do meu lado e eu te apresentando para meus amigos atuais.

Sabe, esses cenários me ajudam a lidar com a realidade. É como dizem, tapar um buraco com outro buraco.

Mas eu preciso parar. Eu só preciso. Se eu deixar que minha cabeça continue produzindo cenários e cenários a mais, eu sei que meu estado psicólogo vai piorar, e os dias de coração pesado iram voltar.

Sei que ninguém que começou ler esse diário aberto conseguiu chegar aqui, por isso me sinto tão segura de falar em uma carta aberta que....
                                   Estou com sono.

Escritora de papelOnde histórias criam vida. Descubra agora