Eu deixei para que o tempo me curasse com a leveza que eu contatei que ele tivesse. Mas o tempo foi girando, os anos se passando, e nenhuma ferida parou de doer. Todas elas se fecharam, mas a dor continua ali.Achei que o tempo seria capaz de suprir toda a necessidade que eu tinha de gritar como eu estava. Mais uma vez eu errei. O tempo só fez com que eu me sentisse mais sozinha. Dias a pois dia. Até que eu não aceitasse mais que as pessoas tentassem parar a dor.
Em um momento desse tempo bagunçado, eu conheci uma pessoa que considerei como um presente dos céus para mim. Essa pessoa veio e não me deixou mais sozinha fisicamente no lugar que mais me sentia sufocada. E eu me apeguei a essa pessoa desesperadamente nesses poucos meses que compartilhamos, com a esperança de que a solidão poderia ser uma coisa que eu superei. Não o tempo, mas eu.
Agora eu vejo que me mantive enganada sobre tudo isso. O tempo não curou porcaria nenhuma, então por que logo eu consiguiria?
Ao invés disso eu fui tola o bastante para me permitir me apegar. Eu fui idiota o suficiente para me deixar achar que eu consiguiria sair daqui viva.
Que eu poderia querer existir. Não viver. Não sobreviver. Mas sim, existir.
Acho que não importa quanto tempo se passe, a dor é sempre a mesma.
Mas mesmo assim ela ainda doe como nova.