➴ 𝐃rama ¹

23 5 15
                                    


  "Dança é o meu sobrenome, alma e pelo o que eu vivo. Pelo menos era, antes dessa competição que criei em minha cabeça."

   Minha professora corrige meus passos, diz que tremi a perna e não estou estável na barra. Palavras que marcam minha cabeça e me deixam acordada noite inteira pensando se sou capaz de continuar minha trajetória e dar minha vida pelo balé.

   Mas não desisto até hoje, lembrando da minha própria boca emitir que era meu maior sonho ser uma bailarina linda e famosa. Agora, apenas famosa, qualquer elogio é demais para mim.

A profissional chama todas para uma boa notícia, e começa a divulgar:

— Já aviso adiante, O Lago dos Cisnes é uma peça que exige muita prática - Ela dizia de uma forma que ecoava pela sala inteira - e pode ser ser difícil para algumas alunas chegarem a entrar nessa peça.

    Ela olha para mim como uma forma de indireta direta. Nos olhos dela, sou horrível, e em meus olhos, eu também sou horrorosa.

— No final do ano, irei escolher as sortudas que irão apresentar a peça. A que melhor dançar, fará algum papel, e a que for a melhor entre as melhores, terá o papel principal. - Passeava pela sala durante sua fala, enquanto eu e minhas colegas apenas a seguia.

— E a pior, professora? - Uma de minhas colegas levantou a mão e questionou, suas amigas tentavam disfarçar o riso.

   Sua única resposta foi apontar para para quadro de avisos, onde morava o pesadelo de todas as bailarinas da escola de balé: A pior aluna do mês. Título em que ela havia proposto para nos incentivar a melhorar, mas seu objetivo não se encaixou em algumas dançarinas da nossa escola.

   Muitas deixaram seu sonho para trás, depois de ver seu belo rosto panfletado no quadro de avisos acompanhado pela escrita de pior aluna do mês. Comigo, foi diferente. Com apenas 13 anos, vi meu rosto a mostra, e o que senti foi sede de vingança.

   Mas a vingança nunca veio, sempre fui muito medrosa e nossa educadora é rígida e apenas pensa em si mesma. Vinganças vindo de mim não iria atingir ela de forma alguma.

   Eu seguia e continuava a ouvir ela falar, mas as palavras se embaralhavam em minha cabeça e eu não entendia absolutamente nada do que ela havia dito. Até que, ela se vira a mim e diz:

— Giselle, presta mais atenção, por favor! — As meninas não disfarçam o riso — Anos de balé e você continua viajando na maionese, você é realmente horrível em todos os quesitos.

   Eu não conseguia me defender de forma alguma. Um nó havia se formado em minha garganta e eu continuava de alguma forma arrumar uma bela desculpa para me livrar dessa vergonha. Pensei em várias possibilidades, mas, todas são extremamente bestas e eu deixaria o cenário vergonhoso pior ainda, melhor deixar esse assunto mofando em uma caixa.

   As aulas acabaram e fomos liberadas para irmos aos nossos dormitórios. Abri a porta, e já dentro do cômodo, a tranquei. Me sentei na cama, e olhei para fora da janela. Um pôr do sol, grande coisa, não vejo importância nisso.

   Eu tinha toda a certeza que eu teria que treinar minhas habilidades de dança. E como eu não queria demonstrar fraqueza, não pedi a ajuda de ninguém.

   Comecei a treinar os passos que eu não conseguia realizar e pesquisar mais sobre a peça, e percebi que eu não poderia fazer isso sozinha. Decido ir buscar ajuda e saio do meu dormitório, bato à porta do aposento número 15.
Esperei por alguns minutos, bato denovo. Mas, sem resposta. Assim, bati em todas as portas em busca de ajuda, mas não obtive nenhuma atenção.
Depois de ter desistido, começei a caminhar diante daquele corredor extenso até meu dormitório, até que ouço uma das portas abrir:

Prazer, Perfeccionismo. • ᵉᵐ ᵖʳᵒᵍʳᵉˢˢᵒOnde histórias criam vida. Descubra agora