➴ 𝐏apeís Rigorosos ²

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    Pois bem, estive em meu quarto sentada em minha cama pensando como eu poderia melhorar e suavizar meus passos. Aliás, a velha da professora sempre reclamou que eu faço barulho demais em todas as danças que executo. Não julgo, eu seria exatamente assim, perfeccionista ao extremo!

   Mas já julgando, ela nem dança tão bem assim e quer falar mal dos outros. Me sinto honrada em ser melhor do que aquela velha, em poucos anos ela irá se aposentar e ficar dura.

   Voltando ao assunto de crise existencial, por qual motivo nós nascemos? Temos um propósito de vida? Em minha visão, minha missão é ser a melhor em tudo! Dança, beleza, corpo. Pode ser exagero meu, mas aposto que quando eu alcançar todos esses quesitos vou bater com o rabo na cerca dias depois.

   Pensando bem, acho que nossa missão é viver e se ferrar. Dizem que a gente aprende com os erros, mas acho que isso só serve pra quem é de bem com a vida! Para mim, os erros é uma voz em sua cabeça que vive gritando: "Que incompetente, errou mais uma vez!" Basicamente uma tortura para te lembrar que você não é bom naquilo e precisa melhorar.

    Acho legal vocês que são da filosofia dizer que a vida é da boa, da paz, da alegria e saúde mental. Queria ser esse tipo de pessoa.

   Melhor deixar esses pensamentos de lado, quem sabe eu não vou ser assim um dia.

   Minha cabeça se silenciou, e ouvi três batidas violentas na porta. Me levanto e abro, ninguém. Provavelmente as meninas estão brincando de bater na porta dos outros e sair correndo, denovo.

   Dou as costas para a porta, e ouço denovo. Abro a porta furiosa e grito:

— Para com isso, vocês são bestas.

Ouvi alguém retornar a mim:

— A gente não tem culpa se você não é feliz, garota! — Não sabia de quem era a voz e nem a conhecia, mas que era irritante e chata, com certeza era.

   Uma das funcionárias passa por mim e me entrega papéis:

  — Pode entregar esses documentos pra mim, mocinha? — disse ela — O destinatário está no papelzinho pregado junto com cada papel que deve ser entregue.

— Mas eu...

— Obrigada, até depois — ela se despede e vai embora.

  
    Quem ela pensa que é? Não sou um jumento de para carregar as coisas dela nas costas. Mas para não levar uma bronca, vou entregar os papéis.

    Enquanto entregava os documentos para as meninas de cada quarto, as garotas que batiam na porta dos outros atoa me acompanhavam sem perceber.

  
   (Batidas na porta)

   Ela abre.

 
   — Oi, esses documentos são pra você. — Ela pega os papéis, agradece e fecha a porta.

  Sinto uma presença atrás de mim, viro minha cabeça lentamente e lá está a surpresa.

— O que você estava fazendo mocinha? Não adianta disfarçar suas brincadeiras com papéis em branco — era a nossa professora.

— Não foi isso, uma mulher me deu esses documentos e disse pra eu...

— Mentiras não vão apagar seu nome sujo da minha lista, você já sabe para onde ir.

    Ela aponta para a sala da diretoria, enquanto me olha com um olhar sem emoção e mortal.
 
    Óbvio que aquela rabugenta sempre tampa os olhos para as "perfeitinhas" da classe, o motivo é bem claro: Por serem queridinhas, tem razão em tudo que fazem. E por eu não fazer parte desse grupo, tudo que eu faço de melhor é anulado e meus piores momentos são motivo de desespero, escândalo e ódio.

  Como eu não tinha escolha alguma, começei a caminhar até a sala do diretor.

  Concentrei meu olhar à frente novamente e em passos nervosos parei em frente à porta do lugar assombrado. Rangia a porta que eu abria, e também fechava.

  Com vergonha, me sentei em uma cadeira nada confortável, enquanto o olhar de julgamento do diretor me encarava. Ele me olhou por um tempo, até que quebrei o silêncio:

 
— Oi... — com a voz trêmula, tive coragem de adicionar mais algo — O que eu fiz?

   Ele coloca a mão na cabeça como se eu tivesse dito algo muito idiota — e eu disse algo muito idiota.

— Você ainda pergunta? — questionou ele — Suas brincadeiras bobas de bater na porta dos outros sem que tenha nenhum motivo para estar fazendo isso! Você é abiscoitada.

— Mas eu nem dei a ideia, apenas quis participar! E abiscoitada?

— Depois você pesquisa o significado disso, menina. — e ele diz normalmente — Não importa, se você estava colaborando com elas, é tudo farinha do mesmo saco.

— Vocês nunca aprenderam a olhar as câmeras dos corredores?

— E quem é você para questionar o que devemos fazer, Giselle?

— Sou uma pessoa que parece ter mais QI do que vocês — ele parece indignado.

— Uma semana sem aulas de Balé. — Bateu na mesa — Suma da minha frente.

 
   Revirei os olhos e saí da sala, fechei a porta e sussurrei:

  — Graças a Deus. — Por dentro, entrei em desespero.

   Fui ao meu dormitório e comecei a andar em círculos pensando em como eu poderia participar da aula sem ser barrada.

  O horário das aulas haviam começado, e logo uma ideia surge em minha cabeça. Pego minhas coisas e vou para o lado de fora do prédio.

  Em passos cuidadosos, paro em frente da janela da nossa sala de Ballet, e começo a observar a aula e imitar os passos ordenados pela professora.

   ” Rond de jambe, Tendu... ”

  Coloco em execução enquanto ouço atentamente as coordenadas.

  Ouço passos atrás de mim e olho para trás. Não havia ninguém, então continuei a prestar atenção na aula.

  “ Ei, Psiu! ”

  Me viro para trás novamente, ninguém. E, droga! Perdi a sequência...

“ Aqui, aqui! ”

  Continuo escutando vozes, maa acho que é coisa da minha cabeça.

  “ Ei, ei, ei! ”

  Decidi acabar com essa palhaçada agora.

   Fui até onde os sussurros vinham, e confesso que fiquei surpresa com quem estava matando aula.

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⏰ Última atualização: Mar 09, 2024 ⏰

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Prazer, Perfeccionismo. • ᵉᵐ ᵖʳᵒᵍʳᵉˢˢᵒOnde histórias criam vida. Descubra agora