Uma Mentira

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Wangji andava apressado pelos corredores da área arborizada do campus, tinha os cabelos úmidos ainda, pois acabará de sair de um treino do time. Por longas semanas seriam só treinos, os jogos da próxima competição se iniciariam no próximo semestre, por agora era só diversão.

Aquele treino demorou mais do que o esperado, havia tomado um banho rápido. Mas só saiu do ginásio depois de ter certeza de que os outros jogadores estavam limpando e polindo a quadra.

As pernas longas o ajudaram a chegar o mais rápido possível à sua moto. Arrumou a bolça nas costas, colocou o capacete e prendeu o outro, com um elástico, no final do acento da motocicleta.

Havia combinado com o ômega, de ir busca lo no final de seu treino, Wuxian estava no studio de dança, e com certeza se irritaria pelo atraso do alfa.

Afinal, quem gosta de esperar?

Já era inicio de noite e estava frio, não para o lupos, mas certamente para Wei.

Wangji estacionou a moto em frente ao lugar e entrou. O lugar era muito iluminado e com o chão polido de tão limpo. Bem se via que não era um lugar para qualquer um.

Ainda na entrada foi abordado por um beta, aparentemente um professor.

- Onde esta indo, querido?

Wangji sorriu – Vim buscar o Wuxian, Wei Wuxian.

O beta arregalou os olhos e rapidamente respondeu – Ele esta no terceiro andar, na ultima sala do corredor.

Wangji se curvou agradecendo ao mais velho, para então continuar seu caminho.

Subiu as escadas em caracol, o que já era um bom aquecimento para as aulas de dança. Já no terceiro e ultimo andar o alfa se deparou com uma estante cheia de troféus e fotos de concursos de danças, conseguiu identificar o ômega em algumas fotos.

Caminhou lentamente pelo extenso corredor, praticamente todas as salas estavam ocupadas. Foi inevitável não chamar a atenção dos betas e ômegas ali, alguns até saíram das salas.

O cheiro de um lupos é forte e bem especifico, ao perceberem se tratar de um alfa as coisas se animaram ainda mais.

Wangji parou no final do corredor, haviam duas salas, uma estava vazia totalmente escura, já a outra iluminada e com a porta entre aberta. O alfa entrou tentando não fazer barulho.

Uma musica leve tocava em um tom alto, que preenchia bem o lugar. O ômega estava pendurado em um barra de ferro, de ponta cabeça e com as pernas se movendo, como se andasse no ar.

As coxas roliças e a barriga negativa ficavam em evidencia na roupa justa.

Wangji pigarreou, fazendo com que o outro se assustasse e pulasse ao chão, ficando em uma posição perfeitamente ereta.

- Que susto!

Wangji sorriu sacana – Você que não me viu entrar, todos aqui me perceberam menos você.

Wuxian – Desculpa, estava distraído. – se sentou no chão, vestindo seu tênis.

Wangji ouviu sussurros e olhou para a porta atrás de sí vendo algumas pessoas paradas olhando para dentro da sala, depois voltou sua atenção para frente, vendo o ômega parado em pé o encarando.

Wangji – Voce não tem blusa?

Wuxian piscou algumas vezes antes de responder – Você não esta vendo, eu estou de blusa.

Era um casaco fino, o que fez o alfa revirar os olhos enquanto tirava sua bolça das costas e a largava no chão, tirando sua jaqueta grossa, de capitão do time de hóquei, continha seu nome e número. Entregou ela ao ômega – Vista isso logo, esta frio lá fora.

Wuxian observou o alfa de cima a baixo – Mais e você?

Wangji sorriu – Não esta tão frio para mim. – arrumando a mochila em seus ombros novamente. – Vamos, vou te deixar em casa e depois ir pro posto...

Wuxian vestiu o casaco que ficou grande, chegando a suas coxas, e agarrou o braço do lupos, o caminho até para fora do studio foi em silencio, o ômega só se pronunciou quando chegou ao lado da moto – Que pessoas desagradáveis, nem para desviar o olhar...

Wangji lhe entregou o capacete, a essa altura Wuxian já conseguia colocar sozinho.

Wangji – Está tudo bem, já estou acostumado. Dá próxima te espero aqui em baixo. -Wuxian assentiu.

Wangji sentiu o ômega enrolar seus braços ao redor de seu corpo, sabendo que agora ele podia dar a partida e acelerar.

Ao descer da moto em frente ao apartamento, o ômega devolveu para o alfa o capacete e a jaqueta, pois o alfa não tinha outra blusa consigo e trabalharia até o inicio da madrugada.

Wuxian – Você me avisa quando chegar em casa?

O alfa assentiu já acelerando a moto.

Wuxian entrou correndinho no prédio, estava realmente frio. Tinha que aprender a carregar blusas pesadas, pois o inverno tinha chegado e logo começaria a nevar.

Por incrível que parecesse o alfa realmente o avisava quando chegava em casa, por mensagem. Wuxian gostava daquilo, pois assim ele se auto enganava de que era um namoro de verdade.

Na verdade era quase.

Eles se beijavam, se abraçavam, andavam de mãos dadas. Wangji vivia o entregando sua jaqueta do time, ele tinha o cheiro do alfa impregnado em sí, assim como o alfa dizia sentir seu cheiro a quilômetros. Eles só não tinham transado, e nem só de sexo vive uma relação.

Wangji estava sentado em uma das mesinhas do lado de fora da loja de conveniência do posto. Xi Liong e Ning estavam ali, jantando. O alfa diria que na verdade eles haviam ido ali para o perturbar, e talvez fosse isso mesmo.

Ning – Cara, você é um frouxo!

Wangji serrou os olhos enquanto encarava o beta lupos.

Ning – Só estou dizendo a verdade.

Xi – Ele tem razão Wangji. Esse falso namoro de vocês ta quase mais real que o meu com Alexie, a única coisa que difere é o sexo. Vocês já conversaram sobre isso?! Quando é o cio dele?

Wangji suspirou – O próximo cio dele vai ser um tempo depois que nosso namoro – fez aspas com os dedos – Acabar... não preciso me preocupar, palavras dele... – assentiu encarando o amigo.

Ning deu um gole na cerveja – É sério. Eu ainda acho que vocês dois estão dormindo no ponto.

Wangji – Ele é um riquinho, cara. Não tem como dar certo, nem se fosse uma relação de verdade iria durar. Somos de mundos muito diferentes.

Xi liong percebeu a irritação na voz do amigo e pôs algumas notas sobre a mesinha, o suficiente para pagar a conta – A gente vai indo, capitão. Vê se vai descansar quando chegar em casa. – se levantou, puxando Ning, que rateava por já estar bêbado.

Wangji se levantou dando um tapinha no ombro do amigo – Vê e deixa esse doido – se referindo ao primo – Em casa.

Xi bateu continência – Sim senhor!

Wangji ficou parado vendo o carro do amigo seguir viagem.

Não queria admitir, mas talvez, la no fundo, os dois farofeiros estivessem falando algo com sentido, meio louco, mas a vida é um caixinha de surpresa.

Obrigado por ler! :**