04. Counting the seconds 'till I can feel your bones

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No sonho de Beomgyu, Soobin o prensava na parede e o explorava com a língua.

Beom ofegava, se derretendo com a mão pesada em suas coxas e aquela boca macia deixando marcas em seu pescoço. Ficava louco de tesão quando Soobin agia daquela forma: animalesco e irracional.

— Beomgyu — ele dizia contra sua pele — Esperei tanto por isso…

E o loiro apenas conseguia choramingar em resposta, entregue demais as sensações nebulosas que aquele homem o levava.

Soobin ergueu o rosto, o olhou diretamente nos olhos, nublados por uma força quase instintiva. Se aproximou com cuidado, esfregou seus narizes. Beomgyu estava pronto para sentir o gosto daqueles lábios. Ele se aproximou cada vez mais, e mais, até que…

Seu despertador tocou.

Beomgyu quis morrer alí mesmo.

Acordou atordoado pelo sonho tão vívido, e indignado por ser despertado daquele momento em que finalmente sentiria o gosto daqueles lábios. Bufou alto antes de levantar.

Só notou quando afastou o edredom que seu sonho havia lhe rendido um pequeno problema.

Olhou para o lado. A cama de Soobin estava vazia e perfeitamente arrumada.

Achou bom, pelo menos não teria que encará-lo daquela forma.

Levantou-se, pegou a toalha e foi direto para o banho. O jeito era resolver seu probleminha no chuveiro.

~

Andava pelos corredores da faculdade como se estivesse fugindo de um perseguidor. Só a ideia de topar com Soobin, depois daquela última conversa, fazia o cabelo de sua nuca ouriçar.

O caderno em sua bolsa parecia pesar o dobro, era como se pudesse pegar fogo a qualquer momento e queimar Beomgyu até a morte.

Enquanto se vestia de manhã, pensou muito na ideia de devolvê-lo sutilmente, deixá-lo nas coisas de Soobin de forma que o mais velho sequer imaginasse que tocou no diário.

Mas aquele caderno era tão tentador. Já o considerava seu precioso, e Beomgyu sabia muito bem que depois das coisas que leu, não conseguiria seguir em frente sem descobrir o que havia nas próximas páginas.

Beomgyu entrou na sua segunda aula do dia: Fundamentos da música clássica. Uma chatice. Mas se tudo ocorresse como planejava, aquele seria seu momento. A professora era uma senhora baixinha que enxergava muito mal e passava quase a aula toda falando. E nenhum de seus amigos estava naquela matéria.

Se dirigiu ao fundo da sala e sentou-se no seu canto, como de costume. Geralmente ficava fazendo os trabalhos de alguma outra matéria, ou gastando tempo. Mas sua intenção hoje era ler o máximo que podia naquelas 1 hora e 40 de aula.

Tirou o caderno da bolsa. Pensou que deveria arrumar alguma capa ou coisa assim.

Folheou um pouco e abriu em uma data não tão recente, mas também não tão distante.

Começou a ler, se desligando do mundo lá fora.

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25 de novembro, 2022

Eu poderia matar qualquer um hoje. Eu só precisava de uma pistola na mão.

Não, de verdade, qual o problema de aceitar que eu não quero trabalhar com a porra da minha família!?

Eu sinceramente quero distância desse povo de merda.

E principalmente daquela clínica.

READ YOUR DIARY (Soogyu)Onde histórias criam vida. Descubra agora