Unholy Trinity

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Ainda estava escuro lá fora. Dezembro havia chegado e estava ficando mais frio a cada dia. Santana ouviu o vento batendo na janela de seu quarto e se aproximou um pouco mais de Brittany, que estava dormindo ao lado dela na cama.

As luzes vermelhas do rádio-despertador iluminavam o quarto apenas o suficiente para distinguir a silhueta da namorada adormecida.

Sim. Namorada. Santana imaginou que poderia chamá-la assim novamente.

Brittany estava se mexendo um pouco no colchão e às vezes Santana se perguntava se Brittany conseguia sentir os olhos dela nela. Era como se ela estivesse inconscientemente tentando acordar sempre que Santana olhava para ela por mais algum tempo, como se seus sentidos estivessem em alerta total e seu corpo tentando acordar para estar lá para sua amiga.

Quando os olhos de Brittany se abriram, Santana beijou sua testa.

"Durma um pouco mais. É cedo."

Brittany se aproximou e encostou a cabeça no peito de Santana, passando um braço em volta de seu corpo magro.

"Mas você também está acordado" ela sussurrou, as pontas dos dedos acariciando lentamente o braço nu de Santana.

Santana suspirou, o queixo apoiado na cabeça de Brittany, o cabelo loiro fazendo cócegas nela. Ela gostava de estar perto dela, gostava muito porque parecia tão certo deitar ao lado dela... mas algo dentro dela a impedia.

A viagem deles no ônibus não tão roubado foi maravilhosa e os beijos a deixaram mais feliz do que nunca. E houve mais beijos depois. Eles se beijaram todos os dias.

Ainda assim, Santana estava com medo de levar o relacionamento deles adiante e ela não conseguia nem explicar o porquê. Não que Brittany tivesse tentado forçar alguma coisa. Eles se abraçaram, se acariciaram suavemente antes de adormecerem juntos... mas Santana fez questão de manter suas roupas.

Ela queria Brittany. Ela queria senti-la. Mas ela queria que as coisas fossem como costumavam ser. Ela queria ser a pessoa que foi antes, não a mulher que era agora.

Seus olhos estavam fixos na cadeira do quarto, suas roupas e sua peruca jogadas descuidadamente no assento, enquanto Brittany começava a beijar as pontas dos dedos de Santana.

"Eu gosto do som do vento..." Brittany disse a ela entre beijos. "Isso me faz querer ficar abraçado na cama com você o dia todo..."

"Mmhh..." Santana murmurou, seu coração batendo mais rápido.

O que significaria dormir com ela novamente? Isso os aproximaria muito mais. Isso tornaria as coisas muito mais difíceis. Torne muito mais difícil deixar ir.

Santana podia sentir Brittany respirar contra seu pescoço, podia senti-la se pressionar ainda mais contra seu corpo.

O som do vento ficou mais alto, assim como o som das batidas de seu coração em seus ouvidos. Era como se Brittany a estivesse cercando completamente, suas mãos vagando lentamente por seu corpo enquanto ela dava beijos suaves ao longo do queixo de Santana.

Santana fechou os olhos, tentando focar no sentimento.

Estava bem. Fantástico mesmo. Mas ainda assim ela sentiu seus olhos ficarem marejados.

Ela queria dizer a ela para parar. Queria dizer a ela para esperar. Que foi um erro.

A verdade é que Santana se sentia deprimida.

Alguns dias estavam bem, alguns dias não estavam tão bem, alguns dias ela só queria desaparecer. É claro que tudo melhorou desde que Brittany voltou à sua vida, é claro que ela lhe dava muita força todos os dias... mas por mais que ela tentasse lutar contra o sentimento, a tristeza e o ódio por si mesma muitas vezes tomavam conta dela e ali. não havia nada que ela pudesse fazer sobre isso.

Absence of fearOnde histórias criam vida. Descubra agora