Para a Estação

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Encaro aquele papel curiosamente enquanto me lembro do homem do parque estou um pouco assustado por estar com meu nome escrito no papel, o descolo da parede do elevador e o olho mais um pouco, percebo que o elevador chegou ao térreo a porta abre e coloco o papel no meu bolso caminho pela recepção em direção a porta de saída me despeço do porteiro e saio, olho para o lugar escuro da praça só para ter certeza que não estava enlouquecendo, nada, completamente deserto assim como deveria ser, dou um suspiro e me estico um pouco.

__e então observador, podemos ir__ disse uma voz a minha direita ao olhar vi que era Clarice

Clarice sempre foi uma pessoa bem brincalhona então pensei que ela teria colocado aquele papel só para me dar um susto.

__sim nós podemos__ respondi para ela

Clarice morava um pouco longe do trabalho porem perto o suficiente para que possa ir a pé para sua casa diferente de mim que moro no outro lado da cidade e preciso pegar um metrô para poder ir para casa, já que a estação e no caminho para casa de Clarice eu a acompanho até lá.

__e então como foi o seu dia? __ Pergunta Clarice

__a mesma monotonia de sempre, é sempre a mesma coisa__

__todo dia a mesma resposta, você realmente vive em um loop diário__

__sim, esse tédio todos os dias a mesma rotina, os mesmos lugares e as mesmas tarefas__

Realmente penso isso, a vida não é tão eletrizante como eu pensei que fosse quando criança eu esperava crescer e viver como um adulto ter um trabalho e ganhar muito dinheiro, infelizmente esquecia de adicionar o fator realidade em meus pensamentos, hoje vivo o completo oposto de tudo aquilo que sonhava o tédio e vontade de vivenciar algo diferente é o que desejo hoje em dia.

__pobre Mike e seu tédio existencial, quem poderá o ajudar__ falou Clarice com sua clássica voz de sarcasmo.

Mudamos de assunto e continuamos a caminhar, quando estávamos chegando perto de sua casa decidi pegar o trajeto para a estação de metrô, porém algo mexe em minha mente e sinto a necessidade de perguntar.

__qual era a piada que iria fazer com o papel? __ Perguntei

__que papel? __

Paro de caminhar repetidamente e sinto meu coração acelerar um pouco, como não foi ela que colou o papel no elevador, penso enquanto sinto o meu coração acelerar mais um pouco.

__você está bem? __

Respiro fundo e recupero parcialmente a calma, talvez tenha sido Miguel para tentar me assustar pelo jeito que falei com ele, foi o que pensei para me acalmar.

__sim, estou bem, apenas pensei ter esquecido algo porém não foi nada__ respondi prontamente

__tem certeza, você falou de um papel, eu não entendi__

__não é nada apenas besteira, preciso ir para estação se não irei perder o metrô.

__ok então boa noite__ disse Clarice com olhar de duvida

__boa noite__

Continuo em direção a estação olho para o meu relógio de pulso, 20:30 preciso me apresar um pouco para chegar até as 9 é o último metrô para meu ponto apresso um pouco o passo e boto as mãos no meu bolso e sinto o papel o tiro e olho mais um pouco para a frase, boa noite Mike, quem será que escreveu isso penso e continuo a olhar para a imagem do coelho os dois dentes e suas orelhas pontudas.
__quem fez isso é péssimo com desenhos__ falo e riu para tentar me distrair

Nesse momento passo por abaixo de um poste e a luz clareia completamente o papel dando um tom de transparência a ele e vejo uma fraca gravura no papel parecia que estava escrito no verso, viro o papel e vejo uma outra frase, não se atrase, ao olhar a frase sinto uma repentina brisa de vento, estremeço um pouco e olho ao redor da rua, estava deserta, tirando as arvores e postes colocados de forma que iluminassem todo o caminho sobraria apenas um corredor escuro que eu precisaria cruzar, penso na frase e olho para o relógio 20:50.

__Como diabos, eu acabei de olhar esse relógio__

Tinha apenas dez minutos para chegar à estação amasso o papel e o jogo, não tinha tempo para isso, mudo meus passos para uma pequena corrida e sigo o caminho para a estação as ruas parecem se repetir enquanto passo por elas e sinto que estou andando em círculos, a falta de vida também era notável sem latidos ou canto de grilos. Olho para frente e vejo uma placa, estação de metrô leste, estava perto olho mais uma vez o relógio 20:55 apresso um pouco mais o passo, depois de correr mais um pouco vejo a estação ao chegar na escadaria para descer sinto novamente aquela brisa fria só que dessa vez ela veio com outra coisa, uma estranha sensação algo que talvez pela pressa eu não tinha notado, eu estava sendo observado, sigo o extinto mais primário do meu cérebro e olho para trás apenas para confirmar que não era só uma sensação, o que vejo me assusta, um banco colocado ao lado de um poste de luz que iluminava uma pequena área ao seu redor e nesse banco a estranha figura, a luz e menor distancia desta vez me permitiu ter maiores detalhas de sua aparência, uma roupa social sapatos de couro bem limpos, uma calça e um belo ternos preto, e sua cabeça de coelho que parecia bem mais macabra de perto, e algo que já sabia que acontecia, ele estava olhando e acenado para mim.

Fico momentaneamente paralisado encarando o homem até escutar o som que vinha da estação '' metrô das nove para estação oeste está saindo '', volto do meu transe e corro em direção as portas desço as escadarias freneticamente e atravesso a área de espera passando pelas portas no último momento, não ouso olhar pra trás em nenhum momento do meu trajeto e finalmente posso respirar, o coração está acelerado pala situação, tiro um pouco de suor da testa e vou em direção ao assento mais próximo e me sento fecho os olhos e sinto o metrô aumentar gradativamente a velocidade, fico com os olhos fechados por um momento até que um estranho pensamento chega a minha cabeça algo que não tinha percebido antes, algo que eu deveria ter percebido antes.

Próxima Parada, DesconhecidoOnde histórias criam vida. Descubra agora