Aquele jovem ex-policial não tem ideia do que aconteceu com ele.
Ele foi sequestrado enquanto patrulhava o bunker subterrâneo, mas só percebeu que foi sequestrado muito mais tarde, quando se viu no escuro, incapaz de mover um músculo.
Ele está sentado. Num pedaço de concreto ao pé de uma pilha de escombros, como um prisioneiro. Ele acabou de acordar e não consegue entender em que condição se encontra. No entanto, mesmo antes de seu cérebro acordar, ele está claramente ciente de uma coisa. Dor.
Seu corpo está com dor. Uma dor forte e aguda percorre todo o seu corpo como um sinal desagradável, fazendo sua pele formigar. Mas ele não sabe dizer de onde vem a dor. Mais da metade de seu cérebro ainda está enterrado em coma lamacento.
Esta é uma seção abandonada nas profundezas do bunker subterrâneo.
Há cerca de dez anos, houve uma explosão de um cilindro de oxigênio usado para resgate de emergência aqui, e ele está meio destruído desde então.
Há lacunas rastejando como criaturas vivas nas paredes e no teto, e incontáveis detritos se acumulando. Os detritos vêm em tamanhos diferentes, desde o tamanho de um punho até o tamanho de um carro. E os fios de aço usados como material de fundação estão saindo das aberturas como plantas selvagens.
Ele está sentado no fim de um túnel mal iluminado, em uma passagem estreita bloqueada por escombros. Em cima dos escombros que tem apenas a altura de uma cadeira. Ou melhor, ele estava sentado lá.
Ele não pode se mover sozinho.
Porque suas mãos e pés foram consertados. Suas duas mãos estão imprensadas entre grandes pedaços de entulho. Dos cotovelos para cima, eles estão firmemente presos pelos detritos que parecem uma boca se fechando. Os destroços não são pesados o suficiente para esmagar seus braços agora, mas não são leves o suficiente para ele puxar os braços sozinho.
"Isso é…"
Sua voz está falhando em desespero.
Porque ele viu seus pés.
Duas grandes estacas estão cravadas no peito dos pés dele, no chão.
São estacas de madeira de construção antiga. Eles têm a espessura de um polegar, são velhos e enferrujados. Eles estão perfurando seus sapatos de couro, sua pele, sua carne, suas solas e finalmente no chão. Sangue fresco ainda está lá, espalhando-se em círculos pelo chão.
Alguém costurou os pés dele no chão com aquelas estacas. Para que?
“Você está sentindo a dor.”
Uma voz embargada vem da escuridão.
O jovem policial se volta para a voz com uma cara assustada.
“A dor é boa. A dor é a prova de que você está vivo. Existem coisas ainda melhores. À medida que a dor fica mais forte, ela pode nos controlar, mudar a maneira como pensamos e, às vezes, até destruir a nossa personalidade. Você sabe por que isso é bom, Toda Akihiko-kun?”
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O dia em que peguei Dazai
Mystère / ThrillerNOTA: Essa é uma tradução feita por fãs com o intuito de trazer uma parte da light novel "The Day I Picked Up Dazai" para o português, sem fins lucrativos. Todos os direitos e créditos reservados ao autor Kafka Asagiri.