2. mis palomitas.

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Pós jogo sempre era um caos no Maracanã

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Pós jogo sempre era um caos no Maracanã. Pós Fla X Flu era sempre mil vezes mais caótico. Driblava as pessoas pelos corredores do camarote Oeste afim de encontram John naquela bagunça que era os jogadores de ambos os times, integrantes das comissões e afins.
Havia sido um agonizante empate. Sabia que era provável que seu amigo estivesse chateado, ou muito mais provável que estivesse bastante puto. Por isso o procurava, para dar o apoio necessário.
Já quase cansada, e com fome, desiste de procurá-lo, e segue até um local arejado para esperar a bagunça amenizar, e poder encontrá-lo com calma. À caminho da área escolhida para você abrir novamente sua pipoca, e esperar por John, tromba com um rapaz alto demais, fazendo toda sua humilde pipoquinha se espatifar no chão. Talvez sua cara de choro tivesse sido o suficiente para amolecer o coração do rapaz que possuía um boné virado para trás em sua cabeça, e uma mochila nas costas.
- Carajo! Lo siento, derramé todas tus palomitas. - diz se abaixando para pegar o saco do chão, vendo que não sobrou nenhuma. Era um gringo.
- Não, de boa, eu compro outra. - você sorri fraco, pegando o saco vazio das mãos dele e jogando no lixo. Sente ele reparando curioso sua camisa tricolor com o nome de John, mas nada diz.
- Puedo comprarte otro? Por favor. O no lo sé, algodón de azúcar. Algodón doce, não é? - você dá uma risadinha, quase um flerte com a delicadeza dele. Nega novamente com a cabeça, e ele sorri tímido de volta, indo até o rapaz que vende ambos.
Ele volta com um saco de pipoca, e outro de algodão doce nas mãos, e te entrega.
- Que isso, cara, não precisava não. - você diz. Ah, precisava! Tanto que abre o saco com uma rapidez descomunal, e coloca algumas pipocas na boca. - Quer? - oferece à ele.
- No, no. - ele sorri negando. - Soy Erick. Es un placer.
- Eu sou a Bebel, prazer. Você não é daqui, né, é óbvio. Você é de onde? - se encosta no parapeito da descida para o térreo, e continua a comer sua pipoca.
- Soy chileno. Jugador de tu rival. - ele diz com um sorriso envergonhado, aguarda ansioso por sua resposta.
- Oi? Você é jogador do Flamengo? - diz desacreditada, colocando mais uma porção de pipoca na boca. - Ah, caô.
- Camisa 5. Pulgar. - ele diz com um sotaque agradável de se ouvir, e você ri sem graça. É claro! As tatuagens. Era ele, Erick Pulgar. Se John te pegasse alí falando com ele iria surtar. - Ahora que sabes que soy un rival, me vas a tacar tus pipocas?
- Não, bobo, vou te tacar pipoca não. - você ri da maneira que ele fala. - Eu nem ligo muito 'pra futebol, eu venho mais pelo meu amigo que joga.
- Ahn... Kennedy? - aponta para sua blusa, você assente.
- Ele mesmo. Conhece ele?
- En la medida de lo posible. - ele dá de ombros, e se encosta ao seu lado cruzando os braços. - Lo esperaré contigo entonces. No vou te deixar sozinha, alguien pode esbarrar em usted.
Você entende como um quase flerte quando ele sorri olhando para você. Você sempre foi de se apaixonar fácil, mas aquilo era ridículo. Você já havia visto algumas fotos do jogador, mas nunca havia o visto pessoalmente. Ele era absurdamente bonito.
- Seu sotaque é uma gracinha. - você diz, e o percebe meio desconcertado, com rubor em suas bochechas. Repara a barba por fazer, que o deixa com um charme especial.
- Gracias. Ahora estoy sem graça y pareço un idiota. - ele tapa o rosto com a mão, e você ri colocando mais um montando de pipoca na boca.
- Não precisa ficar com vergonha não, bobo.
- Seria escroto pedir tu número? - pergunta como quem não quer nada.
- Êh, chileno, aonde aprendeu a falar escroto? - você brinca.
- Matheusinho. - ele dá de ombros.
- Mas não seria não. Anota aí, a gente pode se falar, combinar alguma coisa pra fazermos. - você diz, e imediatamente ele saca o celular e anota seu número salvando seu nome inteiro.
- Maria Isabel. - ele pronuncia com o sotaque arrastado. - Nome bonito.
Você não consegue responder, porque em seguida John aparece rindo ao lado de Alexsander e Isaac. O sorriso sai do rosto do tricolor no exato momento em que ele te vê ao lado de Pulgar.
Os dois. Em um canto. Sorrindo. Os dois.
John larga os dois amigos no exato momento, e chega em sua frente em um misto de estresse e confusão. Olha para você, em seguida olha para Pulgar que parece tão confuso quanto.
- Quê isso? - John pergunta com a voz quase fina.
- Eu 'tava te esperando. - você responde estranhando a reação dele.
- Com ele? - quase sussurra, parece contrariado, poderia ter um troço a qualquer momento.
- Aham, ele 'tava me fazendo companhia até você chegar. É o Erick.
- Placer. - Erick diz tão contrariado quanto. Já havia percebido o quão enciumado John Kennedy estava.
- Placer, placer. - é visível o deboche de John ao sotaque do chileno.
Você, ao perceber o possível escândalo que seu melhor amigo faria, tratou de se despedir de Erick.
- 'Brigada por ficar aqui comigo, viu? - sorri para ele.
- De nada, linda. Después nos hablamos, te enviaré una mensaje. - ele sorri de volta, comprimentando John, e seus amigos que chegaram depois, apenas com um aceno de cabeça.
Você observa o mais alto se juntar aos demais jogadores do Flamengo, enquanto John te olha com chamas nas íris. As mãos na cintura, a jogada de quadril, tudo indica que ele está furioso.
- 'Tu 'tá de sacanagem, né? Compactuando com os inimigos! - é o que ele diz.
- Deixa de ser dramático. Ele sem querer derrubou minha pipoca, e me comprou mais. Daí ficamos conversando um pouco, até voce chegar. Ih, eu hein, chatão.
- O velho truque da pipoca, né.
- Mané truque de pipoca, garoto, me erra. A gente vai pra casa, ou você vai ficar aqui dando chilique?
- Vamos 'pra casa, antes que algum mulambo derrube outra coisa sua, e queira ficar de conversa fiada.
A realidade é que você estava encantada com o chileno. Pra felicidade dele, e pro terror de John.


espero que tenham gostado, obrigada! 🩷

𝙗𝙚𝙩𝙬𝙚𝙚𝙣 𝙡𝙤𝙫𝙚 𝙖𝙣𝙙 𝙝𝙖𝙩𝙚 - e. pulgar; j. kennedyOnde histórias criam vida. Descubra agora