「 ᴘʀɪɴᴄᴇ ᴏғ ᴛʜᴇ ᴜɴᴅᴇʀᴡᴏʀʟᴅ 」

Feição Hedionda

Com um pesar em minha cabeça, acordei depois de um longo tempo vendo só a escuridão que me rondava desde o primeiro dia em que pisei os pés debaixo dos lençóis da guerra, minha cabeça girava, um turbilhão de coisas passava pela mesma e a dor aguda fazia-me lembrar que ainda estava vivo. Não pude dizer com respostas concretas de onde eu estava, nem sequer havia aberto os olhos ainda, estava apenas ouvindo o arredor antes de finalmente encarar o castigo que teria devido a enfrentar de cabeça erguida a morte precoce de outras pessoas, não só a mim, mas como todos os outros que me conheceram passariam por este mesmo momento antes da provável morte.

Quando, depois de muito tempo com os olhos fechados, decidi por fim abri-los por falta de informação, deparei-me com o surpreendente. O que era para ser uma coisa parecida com uma sala ou um cômodo qualquer, estava cheio, com no total 5 pessoas de prontidão à espera do meu despertar. Aquele silêncio todo e suas calmas esperas diante ao inimigo só significava uma única coisa, eram soldados bem treinados.

Entre os tantos rostos daquela sala, pude vislumbrar a pessoa infiltrada em Eldia, o mágico persuasivo no qual não tinha dúvidas de que havia me abatido em campo, seu rosto mantinha uma sutil feição neutra mas em seus olhos se mergulhava em glória, um analista, não só tinha a persuasão em seu inventário como também analisava detalhe a detalhe de minhas expressões faciais mantendo sua própria neutra, era como um mentiroso hábil que lidava com farsas desde possivelmente seu nascimento. Se lidaria com um infiltrado, então fingiria cair em suas graças, como uma marionete sem sequer alma, entregue às mãos de seu dono maquiavélico.

Com o olhar vidrado em minhas reações, sem dizer palavra alguma, eu expressava nitidamente no olhar como estava sem interesse algum no que ele havia feito, questionando silenciosamente o motivo daquele fingimento todo, mesmo sabendo que eu já havia notado sua farsa, e até mesmo, o óbvio motivo da captura.

─ Ficamos felizes que você finalmente tenha acordado, Dr. - ante a troca de olhares, um dos soldados inimigos deu um passo à frente e começou a falar, sua voz grossa e autoritária soou em tom suave dentre todo o arredor daquela sala.

Emanando uma aura de superioridade, um loiro alto fumante dirigiu a palavra até mim e olhando em seus olhos azul-oceano, pude notar com facilidade que ele era o qual comandava a todos naquela sala, com mais agilidade e experiência.

─ Já deve imaginar o motivo de você estar aqui, então sem enrolações, o faça. Temos a planta em mãos, caso tente algo. - impaciente, referia-se ao meu projétil.

Novamente sem nenhuma palavra minha, em um instante dirigi minha atenção ao infiltrado de modo ríspido, no segundo seguinte revirei os olhos, questionando a mim mesmo como pude deixar que o farsante visse o novo projétil desenhado no pedaço de papel de rascunho, mesmo que fosse apenas uma cópia barata e feita às pressas, o mesmo também sabia da existência do protótipo original.

─ Um simples "não" também é resposta, Sr. Inimigo - sorri, dizendo calmamente em tom sarcástico a mais provável resposta vinda de um inimigo.

O loiro inalou a nicotina de seu maço de cigarro e silenciosamente olhou-me nos olhos, como se falasse coisas sem sequer ruído algum, dizendo que a brincadeira já estava ultrapassada. E como se lhe respondesse, devolvi o olhar.

─ Passará a tarde aqui, espaireça antes do anoitecer ou saberás o real significado desta guerra toda.

─ Faça como quiser. - assim que lhe respondi, um a um daquele cômodo passaram pela estreita porta que antes estava tapada por um dos inimigos, com o infiltrado sendo o último a passar por aquela porta.

─ Paradis é um lugar bom, se não fosse por Eldia.. - resmungou para mim antes de me dar um último olhar e também sair pela porta estreita, me deixando completamente sozinho no estranho cômodo vazio.