Meus ouvidos zumbem, os sons dos projéteis cortando o ar rodeiam minha cabeça, me deixando enjoada como se tivesse dado diversas voltas apressadas em um carrossel. Meu almoço e janta se reviram em meu estômago, querendo desesperadamente voltar. A mão de Winter alcança a minha e a aperta com força o suficiente para machucar minhas juntas. A pele dela está gélida, suada e isso é o suficiente para me arrancar do breve torpor. Dirijo meu olhar a ela, seus olhos claros marejados e aterrorizados. Os sons aguçam e a lentidão deixa meu corpo.
Aiden ainda está do nosso lado, agachado sob o balcão, tentando incansavelmente se comunicar com alguém lá fora. É inútil, todos lá devem estar ocupados demais tanto quanto nós devemos estar aqui dentro. Respiro fundo antes de empurrar o ombro de minha irmã para baixo, em um pedido silencioso para que ela continue ali. Ela me olha confusa e me chama quando me levanto, correndo até às portas da ala médica. Vejo Aiden me seguir por visão periférica.
– Me ajuda! – exclamo puxando uma das portas corrediças metálicas que ficam a sombra das de vidro, especialmente para situações como essa. Aiden puxa a outra com mais facilidade que eu até que elas se unam. Fecho a trava entre elas com rapidez, a medida que os barulhos se aproximam. – Temos que sair daqui! Isso não vai segurar ele por muito tempo...
– Quem são eles? – Winter pergunta ainda encolhida no chão, a voz trêmula.
Aiden corre até o final do pequeno corredor, checando a janela próxima ao elevador com cautela. Visando não levar um tiro com a exposição.
– Devem ter ligação com o quartel russo. É por causa da porra da 141.
Os murmúrios entre meus colegas se alastram com indagações e suspeitas distintas. Isso não importa agora.
– Cadê o Pray?
– Ele estava com o Capitão Price, não sei se em alguma reunião ou algo assim. – respondo rapidamente – Precisamos nos mover agora.
Pego meu próprio rádio em minha cintura e sintonizo com a linha única da Medicina.
– Aqui é Delta 0-3 para todos os integrantes da estação. Estamos sob ataque e precisamos nos mover! – falo alto o suficiente para que os presentes também prestem atenção – Vamos nos organizar em grupos para pegar tudo o que for importante aqui em cima e nos esconder no almoxarifado. Administradores e assistentes, recolham todos os documentos, registros e fichas de pacientes e levem com vocês. Zeladores, vão até o armário de armas e distribuam. Cirurgiões e fisioterapia, espalham mesas e cadeiras pelos corredores e tranquem as salas antes de ir, deixem esse lugar difícil pra vagar. Enfermeiros e doutores, vamos escoltar todos os pacientes daqui ate lá embaixo!
Demora alguns instantes até que o dispositivo em minha mão trema com a resposta.
– Copiado 0-3! Todos os grupos se movendo agora!
Imediatamente, todos ao nosso redor começam a ir atrás de suas respectivas tarefas. Guardo o radio na cintura novamente e vou até Winter.
– Winter! Preciso de você, sei que é assustador, mas temos que agir! – balanço seu ombro levemente a vendo engolir seco e acenar em compreensão, com dificuldade – Ajude a escoltar os pacientes. A recruta Ellie está no consultório 5, busca ela e leve para o almoxarifado.
Não dou tempo para que ela me responda, mas sei que não demora a andar para seguir minhas instruções. Avanço entre os corredores, driblando meus colegas que agem com maestria. Me esforço com todo meu vigor para não tropeçar nos obstáculos que pedi para colocarem, dobrando o labirinto de paredes brancas até chegar ao meu destino.
Abro a porta do quarto de Gaz quase caindo, movendo-me com pressa para libertar ele de todos os aparelhos de monitoramento. O bipe do cardiograma é brutalmente interrompido quando puxo os fios que estão conectados ao seu peito. Me abaixo para destravar as rodinhas da cama quando um barulho agudo me faz parar. Cacos de vidro voam sobre o chão, instintivamente me cubro com os braços para proteger. Meu coração acelera até não conseguir acompanhar o próprio ritmo de batidas quando vejo um homem trajado de equipamento tático e roupas azul escuras entrando pela janela. Ele desconecta o fio que usou para o rapel de si antes de pular para dentro do cômodo. Me levanto desajeitada enquanto ele toca no botão do rádio acoplada ao seu ombro, murmurando palavras em russo com uma risada que espalham arrepios por minha espinha. O ar me falta. Sem pensar duas vezes, jogo meu corpo contra o dele com toda a força que possuo.
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ESTANDARTE
Fanfiction"Vai continuar salvando vidas, ainda que custe a sua?" Tudo o que uma jovem médica deseja é manter a ela e seus familiares bem, mesmo em meio a uma base militar que manda soldados para a guerra. Ninguém espera que a volta de uma renomada Força Tar...