Parecia que um ônibus havia passado por cima de mim e dado ré, eu estava exausta, a reunião durou quase 3 horas e após o término dela eu ajudei na organização do evento, agora estou há 20 minutos na banheira e sinto meus pés latejarem, eu amo usar salto, mas hoje foi um castigo continuar com eles e infelizmente eu não teria descanso, precisava me arrumar. Minha mãe fez questão de comprar um vestido e ele era lindo, o modelo era inspirado no vestido utilizado por Kate Hudson em "Como perder um homem em 10 dias", o amarelo-claro fazia contraste com os meus cabelos castanhos, que eu planejava prender num coque baixo e os tão temidos scarpins voltariam aos meus pés, eles são da cor preta para não ter erro e ficar algo exagerado.
Assim que finalizo minha maquiagem fico orgulhosa do resultado, nem parece que dormi menos de 4 horas eu estava linda. Meu celular notifica uma mensagem de Dimitri, ele não poderia ir à festa devido à ressaca o que me entristece já que ele é o meu amigo mais próximo e seria ótimo ter ele por perto, tiro uma foto minha e envio para ele perguntando se ele achou bom o meu visual, reparo no horário e noto que faltam 15 minutos para iniciar, resumindo preciso sair agora. Faço um chamego em Brownie e confiro se está tudo certo para ele ficar confortável, pego a minha bolsa, a chave do carro e saio de casa.
No caminho até o elevador, vejo que as caixas de mais cedo haviam desaparecido, então provavelmente o novo vizinho já estava morando aqui. Chamo o elevador e aguardo ele chegar no andar, adentro nele e no momento que a porta estava fechando, uma mão segura ela e lá entra um homem lindo, alto e com os olhos mais lindo que já havia visto, parecia ter saído de algum filme de comédia romântica. Ele me olha, deseja boa noite e eu respondo com um sorriso. Quero conversar com ele, mas não sei como puxar assunto.
— Você mora aqui há muito tempo? Cheguei hoje, não conheço ninguém do prédio.
— Ah, eu moro aqui já faz dois anos, mas não conheço quase ninguém daqui. Muito prazer, meu nome é Hadria — disse lhe estendendo a mão.
— Daemon, é um prazer te conhecer — ele disse isso com um sorriso de canto.
— Você disse que se mudou hoje? Acho que somos vizinhos, hoje de manhã vi algumas caixas no apartamento da frente — o elevador apita, indicando havermos chegado na garagem — Bom, eu acho que é aqui que descemos. Estou um pouquinho atrasada, tenho um evento essa noite, mas foi bom te conhecer, espero te ver novamente para a gente conversar mais.
— Até mais Hadria, nós nos veremos logo. Boa noite, aproveita a festa — e ele saiu.
Meu sorriso ia de orelha a orelha, era inegável o quão feliz eu estava, ter um vizinho bonito para ver e conversar, pode parecer bobo, mas eu não ligo. Cheguei ao meu carro e nem conectei a playlist, precisava acelerar se quisesse chegar a tempo.
Assim que cheguei no Copa, era possível entender por que a minha mãe se empenhou tanto, nunca havia visto tanto carros de luxo agrupados num só lugar, esse é o problema de ser uma "nova rica", fico facilmente impressionada com coisas sofisticadas. Entreguei minhas chaves ao chofer e entrei no estabelecimento.
Estava lotado, os homens de terno e as mulheres com vestidos elegantes, de longe consigo avistar meus pais que estão conversando com outro casal. Um garçom passa ao meu lado e eu pego uma taça de champanhe, vou caminhando para ver se encontro algum conhecido ou qualquer pessoa que tenha menos de 35 anos, paro em frente ao bar e uma vozinha interior fala para eu ficar lá e eu não ignorarei ela. Finalizo o champanhe, deixo o copo em cima de uma mesa qualquer e vou até o bar, me aconchego no balcão e peço ao barista um Moscow Mule, não queria vir, mas já que estou aqui é necessário aproveitar.
Após o quinto drink, eu comecei a me sentir enjoada e estava com medo de levantar e cair no chão, olhei ao meu redor e tomei coragem para ficar de pé. Infelizmente minha teoria sobre a queda iria se concretizar, se não fosse por uma parede que estava atrás de mim, que tinha mãos e impediu meu tombo.
— Avisei que nós nos veríamos logo, né?
Olho para trás e novamente vejo aqueles olhos âmbar.
— Daemon! Eu não esperava te encontrar aqui — disse tentando ficar ereta.
Ele sorri timidamente e me ajuda a equilibrar, deixando-me apoiar em seu braço.
— O que você faz perdido por aqui?
— Bom, hoje o meu primo chegou de viagem e minha família resolveu comemorar isso — ele disse tranquilamente — e você? O que faz aqui?
— Espera aí. Sua família que é dona da festa? Então você é um Vassiliev? Isso é surpreendente. E eu estou aqui porque a minha família é dona desse recinto.
— Minha família é surpreendente? Interessante. Conheci seu pai hoje, é um homem decente. Você quer ajuda para ir a algum lugar Hadria?
— Sim, por favor. Me ajude a chegar até lá fora, eu preciso ir embora, meu carro está no estacionamento — digo meio embolado — bebi um pouquinho demais e não estou muito a fim de passar vergonha. Desculpa por te atrapalhar.
— Não é incomodo algum te ajudar, fica tranquila. Mas eu não posso em sã consciência deixar você conduzir um carro nesse estado — Daemon fez uma expressão de preocupação — me dá a chave, eu vou dirigindo até o prédio e eu não aceito não como resposta.
— Não quero te incomodar, essa festa é da sua família. Ficarei bem.
— Sem discussão, você nem está se aguentando em pé, quem dirá dirigindo, vamos. Eu já estava indo embora, estava quase chamando o motorista para ele me levar.
Olhei para ele tentando identificar se isso era mentira, mas eu apenas encontrei um olhar confiante e então eu aceitei.
Fomos até o estacionamento, o chofer trouxe meu carro. Daemon, como um cavalheiro, foi até a porta do passageiro e abriu-a para mim.
— Pode entrar senhorita — ele disse com um sorriso galanteador.
— Obrigada, gentil cavalheiro.
Entrei no carro e me aconcheguei no banco, conseguia me sentir lenta e sonolenta, foi um sacrifício me manter acordada.
— Pode descansar Hadria — Daemon havia percebido minha luta interna a resistir o sono — vou cuidar de você.
Eu reproduzi um som de consentimento e me rendi ao sono.
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SONHO SOMBRIO
Romance❌ESSA OBRA É UM DARK ROMANCE❌ Anos após um encontro inesperado, Hadria não conseguia se sentir sozinha e em paz. Todas as vezes que ela fechava seus olhos logo se lembrava daquela horrenda criatura e a promessa feita, sua cabeça borbulhava com tanta...