Capítulo 3 - Maldição do amor

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        Esse capítulo pode retratar alguns assuntos sensíveis para um boa parte do público. A seguir você poderá ver cenas que retratam alguns tipos de traumas e conteúdo sexual explícito. Siga por sua conta e risco.

[...]

Estava tudo quieto quando Nuelle me deixou pronta no quarto. Ela saiu dizendo que tinha que ajudar Toji com outras coisas e quando eu estivesse pronta, era só descer as escadas em direção a parte de trás da mansão.

Eu dei uma última olhada em mim pelo grande espelho do quarto em que divido com o moreno e percebi que estava espetacular naquelas vestes; parecia uma princesa de verdade, ainda mais porque ele realçava cada curva minha e combinava perfeitamente com a cor de meu cabelo.

Me permiti dar um sorriso ao me apreciar e pensei por alguns segundos que provavelmente Toji iria me provocar, mas logo me veio a cabeça que ele estava bravo — e com razão.

Suspirando, decidi finalmente ir para meu destino. Sai daquele quarto por entre os corredores indo em direção das escadas e enquanto isso, me perdi em meus pensamentos dolorosos. Queria pedir desculpas a Toji, porque afinal, eu entendo porque ele reagiu daquela maneira — eu mexia com o passado dele invadindo aquele quarto e quando li aquela carta, acabei por compreender totalmente as razões pelas quais ele não queria que eu soubesse, no entanto, algo ainda me deixava pensativa. Por que Orabela me contou sobre isso? E que maldição ronda a mansão dourada?

Fui tirada de minhas dúvidas assim que saí finalmente para fora. O sol estava se pondo e agora os tons alaranjados tomavam conta de toda a neve branca ao redor da mansão. Meu salto dificultava minha caminhada até o que parecia ser um caminho para a cerimônia, já que por entre as árvores, tinham diversas flores de cores avermelhadas sinalizando uma espécie de caminho; dessa vez não sangue, mas flores, porém, a cor vermelha permanecia.

A calda do vestido arrastava na neve enquanto eu andava pela estrada e várias criaturinhas que tinha visto no dia anterior voavam ao meu redor, indo na mesma direção que eu. Pude jurar que vi algumas acenando para mim.

— Ai está você. — A voz de Nuelle ecoou ao meu lado, quando ela subitamente apareceu. — Você tem que se apressar. Ele está cheio de raiva e eu creio que isso não vai ser bom para mais tarde.

Eu engoli em seco entendendo rapidamente sobre o que ela quis dizer. Senti bile subir pela minha garganta ao imaginar no que ele poderia fazer comigo caso estivesse ainda mais irritado e eu não poderia fugir mais; ele mesmo havia dito que só esperaria até o casamento.

Vendo como estava agitada, Nuelle enroscou seu braço ao meu, como se quisesse me encorajar e deu um sorriso meio sem graça.

— Ele não vai te machucar. — Ela comentou, mas sem olhar para mim. — Toji tem esse jeito bruto por ter perdido tudo ao seu redor, mas desde que você chegou ele tem sorrido mais.

Eu apenas assenti com a cabeça e afinal, não poderia falar mais nada quando finalmente chegamos ao final da trilha, onde dei de cara com uma enorme ponte que levava a uma daquelas estruturas gregas antigas.

O deslumbre pousou em meus orbes quando vi tudo aquilo preparado. Por toda a extensão da ponte, havia rosas vermelhas e uma espécie de magia fazia pequenos pontos de luz brilharem em cores douradas, fazendo uma perfeita harmonia com os flocos espessos de neve. Mas o que mais me chamou atenção foi o altar; nele, não tinha nada de enfeites ou magias, apenas uma faca de cor de sangue, uma caixa preta que estava fechada e o principal: Toji.

O caminho vermelho - Toji Fushiguro Onde histórias criam vida. Descubra agora