PRELÚDIOS

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Arturo descansou o queixo sobre os punhos fechados que apoiavam sua cabeça exausta, enquanto observava as seis cartas dispostas sobre a mesa de madeira. Seu coração palpitou quando ouviu as primeiras palavras que saíram da boca de seu avô:

Três de Espadas Invertido: Uma fase difícil tá chegando na sua vida, mas você vai ter apoio pra aguentar.

" Dois de Copas: Depois desse problema que tá vindo, alguém especial vai entrar na sua vida e vai te oferecer apoio, fazendo você esquecer um pouco dos seus problemas.

" Oito de Copas: Você vai sentir vontade de se afastar do que não te serve. Vai buscar um significado para sua vida inútil e iniciar uma jornada interior.

Arturo riu silenciosamente com a provocação do avô.

" O Mago: Suas habilidades internas serão expostas, e com isso, você vai poder seguir um caminho na busca para curar suas feridas.

" A Roda da Fortuna: Sua vida vai mudar bastante. Após essa tristeza que tá vindo, novas oportunidades vão aparecer.

Aodh, rapidamente, pôs um tecido que estava em sua bolsa na boca e tossiu uma, duas, cinco vezes antes de retomar o fôlego. Ele observou o pano por um segundo, o embrulhou e o recolocou dentro da bolsa. "Está tudo bem, vô?" ouviu de seu neto preocupado. Mas logo o tranquilizou, afirmando ser um resfriado, e retomou a leitura:

" A Estrela: Mesmo com lágrimas, a esperança é a última que morre. Alguém que lhe causou dor no passado será também quem lhe dará consolo no futuro."

— Agora eu já te mostrei os seus possíveis caminhos — disse Aodh, recolhendo as cartas e preparando a bolsa. — Como você sabe, as cartas indicam direções, mas a escolha final está em suas mãos. Só não vai fazer merda, garoto. Agora eu vou sair e ficarei o dia fora atendendo meus clientes.

— O senhor já havia falado isso. — Respondeu Arturo com uma expressão concentrada, fixando o olhar no vazio. As palavras de seu avô faziam muito sentido. Mas, ao mesmo tempo, lhe fugiam ao entendimento.

Aodh saiu de casa e fechou a porta, enquanto seu neto continuava tentando entender a leitura, como sempre fazia depois que seu avô lia sua sorte. Aquilo se referia a Ivy? Ela o deixaria triste? Desistiria do casamento? Ou aquilo estava se referindo a outra pessoa? Ele não tinha nenhuma resposta, e também não tinha cabeça para pensar, seus pensamentos estavam pesados.

Artturo dirigiu-se até seu quarto. Abriu a porta e deparou-se com a cama bagunçada que ele não arrumou no dia anterior antes de ir trabalhar. Pendurou sua farda no cabideiro de parede e perdeu a batalha contra o cansaço. Caiu na cama como se seu corpo pesasse uma tonelada, e seus olhos fecharam-se pesadamente, como portões de ferro maciço.

Artturo abriu os olhos pesadamente. Estava deitado sobre uma grama estranhamente macia. Observou os arredores, seus olhos arregalaram-se diante de um céu com uma tonalidade suave e aconchegante de vermelho, onde três sóis, espalhados em pontos diferentes, pareciam estar se pondo, sem jamais desaparecer completamente. A luz emitida não era suficiente para clarear totalmente a paisagem, criando um ambiente tranquilamente misterioso.

Um pouco à frente, um homem de costas trajando uma túnica longa, calças e cinto branco chamou sua atenção. Seu cabelo negro e comprido caía sobre os ombros, e seus braços estavam cruzados para trás. Uma sensação de apreensão envolveu Artturo quando o homem virou a cabeça para observá-lo, revelando olhos que fumegavam em tons azulados. Os caninos avantajados do homem revelaram-se quando ele disse:

— Finalmente, Artturo. Está na hora. O sangue irá despertar nossa união.

 O sangue irá despertar nossa união

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