"Onde?", perguntou Bauer, querendo saber para onde a ressonância de Artturo havia apontado.
— O cemitério da cidade. — Artturo respondeu ainda muito reflexivo. Queria entender o porquê da visão ter mostrado o cemitério pela noite. E, por dentro, algo lhe dizia que não era necessário ir para lá agora, mas sim, durante sua patrulha noturna. Entretanto, teve que abandonar seus pensamentos a tempo de parar Bauer, puxando-o pelo rabo antes que ele disparasse correndo para o cemitério, tentando ajudá-lo a resolver o possível problema.
— Calma, Bauer! — Gritou Artturo, apertando os dentes e usando sua força para impedir seu amigo. Este parou de correr e retirou seu rabo da mão do colega.
— Já falamos sobre isso, Artturo. Não se toca na cauda dos outros assim — falou Bauer irritado.
— Era a única forma de parar você, desculpa.
— Você não vai atrás do problema? A ressonância não apontou para o cemitério?
— Dessa vez é diferente. — Respondeu Artturo. — Eu sinto que a visão é de algo distante ainda. Vai acontecer durante a noite de hoje.
— Você virou vidente agora, Artturo? — Perguntou Bauer sem perceber que estava gritando. Estava completamente impressionado com a afirmação do amigo.
— Fala isso baixo. — Repreendeu Artturo. — Daqui a pouco, podem até pensar que sou filho de um dos membros dos Olhos Insones.
Os dois não contiveram a risada.
— Mas voltando... Eu não sei o que está acontecendo comigo ultimamente. — Continuou Artturo, olhando para as mãos. — Tenho tido sonhos estranhos; minha ressonância está agindo de forma esquisita. Tanto essa quanto a de mais cedo me deram visões do que ainda iria acontecer. Além disso, nunca aconteceu dela se manifestar duas vezes no mesmo dia; Estou tendo explosões de raiva repentina e consegui controlar minha habilidade descontrolada pela primeira vez...
— Lá no restaurante Ostanach. — Interrompeu Bauer, ainda anestesiado com a fala de Artturo. — Inclusive, falamos disso ontem quando você e os clientes saíram. Você tem agido estranho ultimamente. E o que você fez lá, mesmo que merecido, e ser incrível ver você lançar um cara daquele tamanho com um soco, não é de sua pessoa.
— Naquela hora, uma voz falou em meu ouvido... Não, dentro da minha cabeça. — Artturo começou a tentar lembrar o que ela disse, mas falhou. — Não consigo lembrar o que ela disse. Era uma voz estranhamente familiar, e com as instruções dela, consegui usar a habilidade.
— Caramba... — disse Bauer, alisando o queixo e sem saber o que responder. — E o que você vai fazer?
— Vou treinar novamente com o Gorm em breve. Ele saberá o que fazer. Talvez, terei que falar com o Dr. Victor de novo. Mas, o que houve aqui não é para falar para ninguém. Não quero a divisão de adeptos pegando no meu pé achando que sou vidente.
Artturo terminou de tomar sua bebida, levantou-se e preparou-se para partir.
— Nos veremos amanhã, certo? — Perguntou ele.
— Claro! Vou chegar depois de você e a Breac, mas estarei lá. — Respondeu Bauer, terminando também de tomar sua bebida.
Os dois tomaram seus rumos. Artturo foi para casa preparar-se para mais um dia de trabalho como patrulheiro. A imagem do cemitério não saía da sua cabeça.
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Arcano's - Paz Armada
FantasiO ano de 1572 traz consigo um presságio sinistro, que romperá a "aterrorizante paz" que paira sobre o povo da cidade de Ardum-Nerus. Os habitantes dela estavam acostumados com os conflitos contra os necromantes, os maiores dos adversários dos adepto...