4. Soulmates

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Convencer Hoseok a fazer uma viagem entre amigos não foi tarefa fácil. Seus modos reclusos e seu forte desejo de se manter afastado dos humanos estavam profundamente enraizados em seus quase quatro séculos de existência, tornando-se obstáculos difíceis de transpor. No entanto, apesar de seu desinteresse evidente por esse tipo de entretenimento, o vampiro possuía um ponto fraco, ou melhor dizendo, dois. Bastava Taehyung criar um pouco de drama ou Yoongi adotar uma postura marrenta e negar carinho para que o Jung cedesse aos desejos de seus amados.

Namjoon há tempos os convidava para realizar uma viagem em grupo, buscando proporcionar momentos de diversão a seu melhor amigo. Embora soubesse que Hoseok já desfrutava de uma vida plena e feliz com seus companheiros, desejava que ele explorasse mais do que o mundo poderia oferecer. Por essa razão, pediu a ajuda de Tae e Yoongi para convencê-lo.

— Por que estás perdendo tempo com isso? – Enquanto Yoongi arrumava as malas, Taehyung lhe perturbava, julgando este hábito desmesuradamente humano para o mais recente vampiro daquela casa. – Quando chegarmos ao destino, poderás escolher qualquer roupa que desejares.

Tanto ele quanto Hobi não levariam nada para a viagem, posto que era muito simples usar seus poderes de hipnose para obter roupas, sapatos, jóias ou o que mais considerassem necessário. Além disso, tinham dinheiro mais que suficiente, caso quisessem comprar algo.

— Repete agora, como gente normal – Yoongi retrucou, sarcasticamente.

Se sua beleza já era estonteante enquanto humano, como vampiro, era ofuscante. Sua pele pálida e sem nenhuma imperfeição praticamente brilhava sob a luz tremeluzente do luar que entrava pela janela. Havia pouco mais de um ano que o Min havia nascido para aquela nova vida, portanto, ainda possuía hábitos humanos intrínsecos.

— Estou dentro de minha casa, não vejo necessidade de me comunicar como um selvagem acerebrado e aculturado do século vinte e um.

Há tempos Yoongi tentava persuadir seus companheiros a adotarem uma linguagem mais moderna. Isso era particularmente evidente quando saíam para lugares públicos. Não que ele se importasse com julgamentos alheios, mas se divertia ao vê-los tentando não parecerem dois vovôs, falando de modo tão formal.

— Ah Taetae, mas você sabe o quanto eu curto quando você fala com gírias.

— Ai, cala a boca, cara, vê se me erra, e para com essa bobeira de querer arrumar mala.

A tentativa era hilária para o outro, que gargalhava da expressão de nojo de Tae ao proferir palavras que o mesmo considerava horripilantes.

— Posso saber por que estão discutindo?

Ao contrário do dramático e mimado esposo, Hoseok já estava adequando melhor seu linguajar, praticando sempre que podia, para agradar o Min. Ele havia ido se alimentar, como preparativo para a viagem, e ao chegar, encontrou seus amados nesta discussão tola, mas algo ao qual já estava habituado.

— A sua querida alma gêmea não para de implicar com meus modos elegantes e sofisticados, milorde – Tae respondeu, fazendo uma pequena reverência de boas-vindas.

Poderia se passar o tempo que fosse, que a presença de Hobi nunca deixaria de dominar seu ser, deixá-lo aos seus pés e inebriar seus sentidos. O que não era diferente para Yoongi, por mais que ele fosse melhor em disfarçar.

— Meu querido, se você fosse mesmo elegante, saberia que o contexto influencia na forma como você deve se comportar ou falar. Você pode ter morrido no século dezoito, mas o mundo continuou girando – Yoongi continuou a provocar.

— Por mais que eu adore vê-los brigar, para depois fazer as pazes na cama, não estamos com tempo agora.

Era impressionante como o vampiro mais antigo conseguia ser sempre tão sensual, mesmo quando estava dando bronca em seus pertences. Os dois ficavam excitados só de pensar em resolver suas diferenças de maneira intensa, enquanto seu Senhor os observava e comandava.

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