Kate...
Eu paro na calçada escura e cruzo os braços no peito, mordendo a parte de dentro do
lábio inferior, irritada.
Stelle, ao perceber que não estou mais andando ao lado dela, volta correndo.
- Tá bom, tá bom! Olha, não quero que você estrague sua vida, só isso. Só tô
pedindo que se alguém que não for torto de tão feio te paquerar, não dispense o cara
imediatamente. Não tem problema nenhum conversar e se conhecer um pouco. Não tô
pedindo pra você levar ninguém pra casa.
Eu já estou com ódio dela por isso. Ela prometeu!
Rafael chega por trás dela e passa as mãos em sua cintura, colando a boca no seu
pescoço enquanto ela se retorce.
- Você tem que deixar ela fazer o que quiser, amor. Para de ser tão mandona.
- Obrigada, Rafael - agradeço com um rápido aceno.
Ele pisca para mim.
Stelle faz bico e diz:
- Tem razão - e levanta as mãos -, não vou falar mais nada. Juro.
Sei, já ouvi isso antes...
- Ótimo - concluo, e continuamos andando. As botas já estão me matando.
O ogro na porta do galpão nos examina na entrada, com seus braços enormes
cruzados sobre o peito.
Ele estende a mão.
O rosto de Stelle vira uma careta ofendida.
- Quê? Rob tá cobrando entrada, agora?
Rafael enfia a mão no bolso de trás, tira a carteira e mexe nas notas.
- Vinte paus por cabeça - grunhe o ogro.
- Vinte? Tá de sacanagem, porra?! - Stelle grita.
Damon a afasta delicadamente e põe três notas de vinte dólares na mão do ogro. Ele
enfia o dinheiro no bolso e nos dá passagem. Eu vou primeiro e Rafael põe a mão nas
costas de Stelle, levando-a à sua frente.
Ela faz uma careta para o ogro ao passar por ele.
- Acho que ele vai embolsar essa grana - acusa. - Vou perguntar pro Rob que
negócio é esse.
- Vem - Rafael insiste, e nós cruzamos a porta e andamos por um corredor longo e
medonho, com uma única lâmpada fluorescente de luz trêmula, até chegarmos ao
elevador industrial no fim.
O metal range quando a porta da gaiola se fecha, e descemos no elevador barulhento
para o subsolo, alguns metros abaixo. É só um andar, mas o elevador chocalha tanto que
sinto que ele vai se partir a qualquer momento e matar a gente na queda. A batida alta e
explosiva da música e os gritos de bêbados universitários - e provavelmente de muitos
ex-universitários - reverberam pelo piso do porão até o elevador de ferro, ficando mais