Taylor

62 6 2
                                    

TW: abandono paterno. 

As coisas nunca foram fáceis para mim. Bem, uma parte eu admito que sim, mas no instante que eu descobri que engravidei de gêmeas do meu namorado da faculdade, as coisas saíram do controle. Meus pais achavam que seria fácil me deserdar e fingir que eu não existo, meu namorado simplesmente lavou as mãos, meus amigos se afastaram e a minha vida mudou completamente. As únicas pessoas que ficaram, por alguma ironia do destino, foram meus ex-sogros que me deram todo o suporte que eu precisei durante a gestação.

Quinze anos depois eu sou a dona de uma das maiores agências de advocacia do país, com duas filhas extremamente felizes e uma conta bancária confortável. Precisei abdicar de muitas coisas para fazer o meu nome e ao mesmo tempo ter a competência de criar duas crianças. Eu consegui. Fiz o minha carreira com muito esforço e tudo que me importa agora é ter uma vida tranquila e digna de todo o esforço que fiz. 

Consequentemente recebi alguns apelidos com o passar dos anos: me chamaram de aproveitadora na época que engravidei; de ambiciosa, quando me formei e comecei a fazer o me dedicar a carreira; me chamaram de adultera por ser boa em meu trabalho e conseguir me estabelecer; e ultimamente andam me chamando de controladora por ser incrivelmente bem sucedida. Eu não me importava com nada disso, a verdade é que se eu fosse um homem fazendo metade e da maneira menos correta, eu seria o melhor. Nunca duvidariam do meu trabalho e nem de onde meu sucesso vinha. Não criticariam a maneira que escolhi criar minhas filhas e até teriam me dado mais crédito se eu fosse um pai solteiro. Ninguém liga para mulheres bem sucedidas, os homens querem apenas arrumar uma desculpa para desmerecer qualquer uma que seja melhor do que eles em alguma coisa. Tenho uma grande reputação, uma reputação que não tenho medo de usar. Se um homem medíocre pode fazer isso, por quê eu não poderia? Não é a toa que ganho mais casos do que perco. Eu não tenho medo de usar tudo que posso, de me permitir ser uma advogada e uma pessoa melhor. Se meu trabalho é sempre bem feito, eu não preciso ter medo de quem não chega perto do meu sucesso. 

Eu sabia que tinha tudo que sempre quis e tudo que eu precisava, mas ainda tinha algo em meu peito que era inquieto. Como eu tinha tudo e ainda sentia que faltava algo? O que faltava? Essas perguntas me deixavam acordada em algumas noites, ficava tentando interpretar meus sentimentos, procurar respostas para perguntas que eu nem sabia se estavam completas. Talvez eu precisasse me colocar no mundo do relacionamento novamente. Quem iria querer uma mãe solteira de gêmeas? Não é como se eu não tivesse namorado depois disso, eu tentei por muito tempo. Tive alguns rolos aqui e ali, todavia tudo era demais quando eu citava as garotas. Alguns caras sequer respondiam. Eu estava cansada desse jogo tedioso de relacionamentos. Eu gostaria de ter uma pessoa que me apoiasse, que não se preocupe com o fato de que eu tenho duas filhas que estão crescendo rápido demais, alguém que visse a minha carreira como algo normal e não uma disputa de poder. Eu só gostaria de ser amada como eu imaginei que seria quando chegasse aos trinta e poucos anos. Já tinha me apaixonado uma vez, na época da faculdade, mas não havia chances que me fariam ficar com ele já que estava noivo de outra mulher, então fiz o que qualquer pessoa faria: eu desisti.

As pessoa vem e vão muito facilmente na minha vida, a maioria dos meus amigos de anos, se tornaram conhecidos e na minha perspectiva conseguiram me transformam em uma vilã. Eu digo a todo que nunca realmente me importei com isso, mas a verdade é que no fundo eu me importava com algumas opiniões. Era ridículo, ainda sim eu sou apenas um ser humano. 

Entretanto, Anne e Grace são as minhas prioridades desde o dia em que descobri que estava grávida. Me lembro exatamente do instante em que meu mundo virou de ponta cabeça. O frio na barriga, as palmas das mãos geladas e o coração acelerado. Me olhando agora, eu vejo que não faria absolutamente nada diferente. Assumi o papel de ser mãe solo, e sinceramente, eu fiz um trabalho muito melhor do que os meus pais fizeram com quatro filhos.

The Archer (A.H)Onde histórias criam vida. Descubra agora