Taylor

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TW: câncer infantil.

A manhã de segunda feira era a pior de todas. As memórias do final de semana se tornaram fantasmas distantes com um sentimento excruciante de saudade. Me levantei lentamente, tentando convencer meu corpo de que já era hora de funcionar. O relógio marcava cinco e meia da manhã e Hamilton já estava me esperando para que eu o deixasse dar uma volta pela vizinhança. Acariciei sua cabeça rapidamente antes de vestir o meu casaco e o colocar na coleira, nem me importei o suficiente para vestir sapatos de verdade. Demos a nossa caminhada de quinze minutos e retornamos. O mês de outubro estava começando a ficar mais gelado que o normal e logo o frio insuportável da Virgínia nos pegaria pra valer.

Quando retornamos para casa deixei que o pobre cachorro se aconchegasse em um canto quente da casa para passar resto do dia. Em instantes estava preparando o meu primeiro café expresso da manhã - que em breve seria apenas mais um entre as dezenas. Com a minha xícara em mãos me direcionei ao quarto, deixando minha cama arrumada para o final do dia. Uma coisa sobre mim é que eu odeio bagunça de qualquer tipo e sei que Anne e Grace são da mesma forma. É sagrado para mim arrumar minha cama assim que acordo, são raros os dias em que não consigo fazer isso. Rapidamente separei uma roupa para que me mantivesse aquecida e formal para as reuniões do dia. Optei por uma meia calça grossa, um vestido de mangas longas e meus sapatos de salto confortáveis, era um clássico e ainda sim me mantinha profissional.

Era seis e vinte quando saí do quarto de banho tomado e arrumada para o dia, Anne estava saindo do chuveiro e Grace já estava na cozinha preparando seu café. Eu dei as duas independência o suficiente para preparar o que gostavam e apenas uma das gêmeas gostavam de preparar o café da manhã para nós três - Gracie. Ela levava seu tempo para preparar as panquecas e as frutas, o suco de laranja e o leite. Era a coisa dela e ainda bem que era.

'Bom dia, meu bem.'' Grace estava sentada na cadeira com a cabeça baixa, o que não era comum. ''Você está bem?'' Perguntei deixando um beijo em seu cabelo.

''Eu estou me sentindo enjoada e um pouco cansada com dores nos braços e nas pernas.'' Ela comentou fracamente e olhou para mim.

''Você tem certeza que quer ir a aula? Posso te levar ao médico agora.'' A garota negou e segurou meu braço.

''Está tudo bem, mamãe. Eu tomei um analgésico e vou melhor, você vai ver.'' Uma pequena luz acendeu em minha cabeça.

Me lembrei do comentário de Diana, dizendo que Grace estava um pouco estranha e ela não sabia exatamente o que era. Sempre que uma das garotas ficava doente, nós sabíamos que em poucos dias as duas estariam também, não era algo que me assustava. Íamos ao médico e em uma semana já estava tudo bem. Fiz uma nota mental para ficar de olho nela apenas por mais algumas horas, se ela não melhorasse até a noite, eu a levaria ao hospital.

''Bom dia, família.'' Anne murmurou, deixando um beijo em minha bochecha e outro na irmã.

Tomamos café em família, rindo e comentando sobre o que esperávamos do nosso dia. Gostava de ouvir quais eram os planos do dia, assim me sentia muito mais próxima e mesmo que longe, fazia parte de pelo menos um pedacinho do dia delas. Anne tinha um treino com um olheiro de uma faculdade da Califórnia e Grace tinha o ensaio do recital de inverno e uma prova de literatura de seu livro preferido. As sete e quinze deixei as duas na porta do colégio, me certificando que as duas estavam mesmo indo para a aula, fazendo as duas se envergonharem um pouco - o que elas odiavam, mas eu amava.

A caminho do escritório passei em minha cafeteria preferida para pegar o meu café matinal e segui ao prédio onde a Green's & Associates fazia parte. Tínhamos a cobertura para nossas instalações, meu escritório era no final do grande corredor, meus associados possuíam salas ao redor e os estagiários ficavam divididos em cada uma dessas salas, e nas salas de estudo, era como um rodízio. As salas de reuniões eram no andar de cima da cobertura, com uma vista privilegiada do centro da cidade. O ambiente era saudável e bem educativo para os estudantes, da mesma maneira que aprendi gostaria que eles tivessem a mesma experiência que eu. Ao abrir a porta do elevador, fui recebida pelas secretárias que estavam se preparando para começar o dia.

The Archer (A.H)Onde histórias criam vida. Descubra agora