94 - Na Mira

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2 meses antes...

A disputa estava acirrada. Dois cabeças-quente que não aceitavam perder faziam de tudo para derrubar um ao outro. Jack subia com a maior velocidade, enquanto Dimitri era esperto e fazia de tudo para atrasá-la. Uma rasteira. Ahá! A timoneira rangeu os dentes, enquanto voltava a se equilibrar.

— Ainda tentando provar que é um homem do mar?

Dimitri virou-se, provocante.

— Não tenho que provar nada para ninguém.

— Ah, princesa... você mente melhor do que isso.

O novato levantou uma sobrancelha e sorriu.

— Vou provar ganhando de você.

— Se acha que vai ser tão fácil assim...

Ganhar de você, pensou Dimi. Fácil demais, retrucou Jack. A timoneira fechou os punhos e pulou, por pouco não acertando seu pé no rosto de Dimitri, que aproveitou a deixa para puxar a perna da timoneira para baixo.

Que dèjá vu, parece até que eu já escrevi isso antes.

Jack escorregou alguns centímetros, até prender a lâmina de uma de suas facas na madeira do mastro. Equilibrando-se, usou-a como degrau e assim foi subindo, até pisar em falso.

— AHH!

Ela estava caindo.

...ah, sim. Entendi. Isso já aconteceu antes. Escrevi essa cena meses atrás. Só que dessa vez, há algo diferente.

Jack sentiu os pés cortando o ar. A gravidade puxava seu corpo para baixo, a sensação abismal de sentir o nada ao seu redor era assustadora. Mas ela já não corria mais perigo, pois seu pulso tinha sido detido. Dimitri abriu um sorriso, segurando-a com força.

— Não vou te deixar cair.

Jack sorriu de volta. Era tão bom saber que havia alguém ali por ela, alguém para segurar sua mão quando mais precisasse. Mesmo que fosse tudo uma farsa. Fez uma careta e jogou seu cachecol, enrolando-o em Dimitri e se impulsionando para o alto.

— EI! — O garoto foi jogado para baixo.

— Foi mais fácil do que eu imaginei! — Riu e bateu continência. — Te vejo lá em cima.

Essa garota, Dimitri bufou, recompondo-se. Ele não ia entregar a vitória assim tão fácil, afinal, quando dois cabeças-quente resolvem competir, as coisas tendem a ferver. E a corrida até o topo continuou nas alturas, enquanto aqueles que preferiam o refrescante nível do mar ocupavam-se no convés.

Caspar mordia a língua, cerrando um dos olhos para se concentrar ao máximo. Poeta encontrava-se ao seu lado, com o nariz enfiado nas doces folhas de seu caderninho.

— Rota Oeste... — Riscava algo com sua pena. — Podemos parar aqui... — Riscava outro algo. — Aqui ou aqui.

— ISSO! — gritou Caspar, seguido por uma dancinha da vitória. Ele tinha acabado de acertar um de seus dardos quase no centro do alvo, pendurado do lado extremo do deque. — Cara, você viu?

— Flint é um bom ponto para reabastecer, mas está há algumas semanas de viagem. E se...

Fechou a expressão.

— Você não viu, não é?!

Poeta levantou os olhos, desinteressado.

— Você com seus brinquedinhos? Vi sim, ignorar foi uma escolha.

— Brinquedo não. — Caspar levantou a voz. — Armas. Algum de nós dois tem que aprender a lutar.

— E esse seria você por acaso?

Nadia Keane 3: A Corrida das Ilhas Gêmeas (DEGUSTAÇÃO)Onde histórias criam vida. Descubra agora