Palavras na boca do estômago

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"Foi uma má ideia te ligar
Foi uma péssima ideia, estou totalmente fodida
Foi uma má ideia pensar que eu poderia parar
Foi uma péssima ideia, não consigo me cansar"
Bad Idea - girl in red


Khaotung sente o gosto de bile se alastrando por sua boca conforme o garoto a sua frente o encara seriamente. Ele sempre se considerou alguém esperto, mas foi ingênuo o bastante para achar que Namo o mantinha por perto por sua companhia em si, e não pela ajuda estudantil que ele oferecia de bom grado. Thanawat se deixou levar pelo sorriso fácil dele, o toque constante de suas mãos quando se sentavam próximos, os olhares que trocavam quando estavam no mesmo cômodo e ainda sim tão longe. Agora, olhando aquelas orbes vazias, ele percebia o quão inocente foi por achar que alguém popular como ele o levaria ao baile de formatura por algo tão banal como retribuir seus sentimentos. Uma parte sua não queria acreditar que Namo era tão frio ao ponto de fingir todos os momentos que passaram juntos, ele se negava a acreditar que era tudo mentira, mas estavam frente a frente e ele simplesmente sentia na pele, como nunca antes, que pela primeira vez em todos esses meses, o garoto a sua frente estava sendo ele mesmo, estava sendo honesto.

— Você tá falando sério, Khao?  — O olhar que lhe era dirigido beirava a nojo, como se Namo estivesse realmente o vendo pela primeira vez e isso o enojasse.

— Desculpa, mas parece errado eu continuar fazendo a sua lição de casa, e os professores estão começando a suspeitar, não posso arcar com uma suspensão logo perto do fim do ano.

— E que merda eu devo fazer agora então? Como é que eu vou manter as minhas notas? Você parou para pensar nisso? O egoísta e pobre coitado Khaotung consegue pensar em alguém além de si mesmo?

Khaotung não é pequeno, 1,74 é uma altura boa, e ainda sim, diante de alguém meros centímetros maior que si, ele se sente minúsculo, quase invisível, mesmo quando o refeitório todo os encara, porque Namo é incapaz de fazer qualquer coisa sem transformar tudo em uma grande atração pública.

— Namo por favor, você sabe que eu não faria isso caso não fosse necessário.

— Cara eu juro por deus, se você fizer essa merda comigo pode dizer adeus para o seu par para o baile.

— O que? Mas…mas você disse que iríamos juntos, que você queria ir comigo.

— Quem em sã consciência iria querer isso se não recebesse nada em troca?

— Muitas pessoas! — O mais baixo diz indignado, o que esse cara que ele imaginou ser seu amigo, não, seu quase algo, estava sequer insinuando? Que ele não era interessante o suficiente para ser chamado para o baile?

— Qual é Khaotung… — Ele dá alguns passos a frente e volta a usar aquela máscara que Thanawat costumava amar, costumava acreditar ser verdade, aquele olhar carinhoso e desejoso. — Passamos meses nessa brincadeira estúpida de flertar e tudo o que eu consegui foi uma abraço, se você sequer tivesse me dado algo a mais, talvez isso pudesse funcionar. — Seus olhos se fixam um ao outro — Talvez ainda possa, se você…

A mão dele desliza por seus braços, o corpo dele emana calor e se aproxima, e talvez se fosse ontem, ou até mesmo hoje pela manhã, Khaotung teria entregado seu primeiro beijo a ele, porque tudo que sempre precisou, que desejou, foi que ele se aproximasse, e então ele faria qualquer coisa, aceitaria qualquer coisa que lhe fosse oferecido. Mas agora seu corpo rejeita o toque, sua cabeça gira e ele inconscientemente se afasta e se vê dizendo:

— Não…

— Você é tão entediante — Namo se afasta deixando a feição apática retornar a seu rosto — Apenas continue fazendo os meus trabalhos então.

Until the prom night Onde histórias criam vida. Descubra agora