[1] - Lapsos de memória

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25 de Dezembro de 2012 - Londres, Inglaterra

- Presenteeeeeeeees - eu desço as escadas correndo e pulo os últimos degraus para chegar mais rápido a árvore.

- Angelina! Cuidado pelo amor de Deus - minha mãe exclama em algum lugar atrás de mim.

- Deixe a menina, ela quer abrir os presentes - minha vó me entrega uma caneca de chocolate fumegante.

- Claro mãe, quando ela cair é você quem vai passar o natal com ela no hospital.

- Quem vai passar o natal no hospital? - meu pai entra na sala.

- Ninguém! Agora a gente pode abrir os presentes? - com um bigode de chocolate eu faço minha melhor cara de pidona - por favor?

- Vá em frente docinho - vovó se senta no sofá.

Eu prontamente sento no pé da árvore antes de procurar os presentes com meu nome, eu ainda estou aprendendo a ler mas sei como meu nome se parece no papel. Rasgo a primeira embalagem vermelha cintilante que revela uma pistola d'água cor de rosa.

- Ah não mãe, ela vai fazer uma bagunça com isso!

- Mas esse não é o meu - vovó se defende e meu pai ri.

-Amor! - ela estala um tapa no braço dele.

- Ei o que foi? Ela queria uma dessas - ele diz enquanto esfrega o braço.

- Obrigada papai.

Eu puxo outro embrulho, este é maior, rasgando o papel uma maleta de couro verde com detalhes prata aparece, eu faço cara de confusão antes de soltar o fecho da maleta e abri-la, a parte de dentro está recheada de canetas coloridas, tintas e pincéis de vários tipo, meus olhos brilham.

- Você disse que gostava de desenhar, gostou? - minha mãe pergunta sorrindo.

Eu me levanto para abraça-la.

- Eu amei mamãe

- E eu não ganho um abraço? - meu pai se finge de triste.

Eu rio e abraço ele também, vovó se levanta rindo e dizendo que vai buscar seu presente pra mim.

- O que sua mãe está aprontando? - meu pai questiona

Minha mãe balança a cabeça como quem diz 'não sei'.

Quando vovó volta eu pulo do sofá.

- É sério? - um sorriso rasga meu rosto quando ela faz que que sim e coloca o gatinho no meu colo.

Ele é tão pequeno e bonito, tem os pelos cinza e o focinho marrom.

- É uma gatinha - vovó explica ao se sentar.

Meu pai faz careta, ele é alérgico a gatos e minha mãe ri em descrença.

Eu levanto a gatinha para que meus pais a vejam, mas meu pai se afasta um pouco.

- Esta é a Nelli.
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9 de Outubro de 2021- Los Angeles, Estados Unidos.

O lápis riscando o papel é o único barulho que ressoa no quarto, isso antes de Nelli começar a arranhar a porta do lado de fora.

Eu arrasto a cadeira para me levantar mas a porta se abre antes e meu pai sai de trás dela olhando Nelli entrar no quarto e se esparramar no tapete.

- Te interrompi? - meu pai entra no quarto.

- Não, já estava acabando - largo o lápis e deixo o caderno de lado, já havia perdido a concentração de qualquer forma.

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