The choice - Selenya (Crossroads saga).

☤Prologue☤

  O cheiro de álcool sobressaía ao aroma de perfume caro. A música encobria o som das vozes. Os gritos em desafio faziam o chiar das ondas do mar parecerem mudas, com o tibum espirrando gotas geladas para todo lado e molhando a lateral do iate caro perolado, escrito num tom de vermelho vivo Marina dos Anjos.

  Casais se agarravam nos diversos corredores, embaixo das escadas e nos almoxarifados, sempre buscando uma porta que não estivesse trancada.

  Jovens de todos os lugares do mundo se acotovelavam na pista de dança, se empurrando divertidamente ao som das músicas pop e eletrônicas mais tocadas do momento.

  Era a noite do ano que todos esperavam. O décimo sexto aniversário de Jean Lorrain, a garota mais popular - e milionária - de todo o colégio, por tanto, ninguém que fora convidado se atreveu a perder a festa.

  De cabelos trançados, pele ébano, lábios grossos e grandes olhos negros, a moça desfilava com seu vestido dourado e justo amarrado no pescoço, destacando todas as suas curvas.

  Ela sorria, feliz pela liberdade da sua primeira festa sem adultos, sem os convidados dos pais, somente os dela. Era a mais radiante, a mais feliz, a mais amada. Tinha certeza que nunca desejaria estar em outro lugar senão ali.

  Então, entrando pelo bar, viu Edgar Hun, fazendo seu coração saltitar. Tinha coragem de muitas coisas, mas se declarar para ele definitivamente não. Aquele amor platônico já a golpeava a quase de seis anos... seis anos que ela dedicou todos os seus pensamentos mais românticos ao coreano de cabelos negros. Seis anos que ela pensava nele quando assistia um romance clichê, quando ia a um casamento ou quando nem era apropriado. Ela pensava nele mais do que gostaria.

  Ao vê-la o sorriso largo que ele abriu a fez quase derreter, mas se conteve, tentando não parecer patética pois, se ficasse emocionada demais, estava certa que iria desmaiar, e queria saber o que aconteceria durante a noite.

  - Jean, você está linda! - Ele abriu os braços, a puxando para um abraço.

  Nunca tinha abraçado ele, nunca nem sequer tinha trocado mais do que cumprimentos vergonhosos ou conversas coletivas. Por um instante, parecia ser somente os dois ali.

  Ele tinha o mesmo cheiro desde sempre, o aroma amadeirado que dominava todos os seus sentidos, que impregnava em sua pele mesmo sem contato, a fazendo senti-lo durante dias a fio.

  Era alta o suficiente para ter a bochecha colada a dele, tendo plena consciência dos poucos centímetros de distância de seus lábios.

  Por fim, ele a segurou pelos ombros e a distanciou, a rodando pela mão e a parando novamente.

  - É, você não tá linda - por um instante, ela paralisou, o sorriso se desfazendo dos lábios carnudos. - Está perfeita.

  - E-eu? - Tentou sorrir mais. - Olha pra você! - Ela apontou para sua roupa, mas tinha certeza, por experiência própria, que aquele rapaz ficava lindo mesmo com camisa de time e shorts.

  A música mudou, obtendo um aspecto romântico e, ao olhar por cima do ombro do coreano, Jean viu suas duas melhores amigas subornando o DJ com dois selinhos. Teve certeza que empalideceu, mas se Edgar reparou, não disse nada.

  - Vamos dançar? - Ele convidou, apertando de leve a mão dela.

  - E você ainda tem dúvida? - Tentou soar confiante, mesmo que não fosse.

  Sob as luzes coloridas, se posicionaram no centro da pista de dança. Os saltos dourados brilhando, o gloss convidativo aos olhos do rapaz. Ele a envolveu pela cintura com cuidado, segurando sua outra mão e começando passos no ritmo da música.